O que é ser uma família feliz? O que esse título exige dessa união de pessoas que fazem de tudo para construir a maior solidez possível dentro dos próprios lares? Qual o papel cada um pode desempenhar diante daquilo que é exigido socialmente de alguém, seja uma mãe, um pai e os filhos? O filme “Uma Família Feliz”, um thriller psicológico, chega para trazer questionamentos sobre até que ponto chegam as carências e dependências familiares, além de despertar no telespectador uma sensação angustiante, de muito mistério a cada cena. O longa brasileiro é dirigido por José Eduardo Belmonte, tem roteiro de Raphael Montes (autor do livro que inspirou o filme e tem o mesmo título) e produção da Barry Company.
Sobre a história de “Uma Família Feliz”
A história tem Eva como protagonista (vivida por Grazi Massafera), uma mulher com uma família aparentemente perfeita. Ela vive em uma linda casa, em uma localização perfeita, em um condomínio com o marido, o advogado Vicente (interpretado por Reynaldo Gianecchini) e as filhas gêmeas, ainda crianças, Angela e Sara.
Com uma vida organizada, Eva começa a história grávida, prestes a ganhar um bebê. Com grandes planos, a família aguarda o nascimento de Lucas para completar a felicidade do lar.
Porém, assim que o bebê nasce, Eva começa a esboçar um comportamento característico de uma depressão pós-parto, além de ter uma busca constante para entender os próprios sentimentos que envolvem a dificuldade que tem de amamentar o filho e de cuidar das tarefas que também lhe dão prazer. Eva trabalha fazendo bonecas reborn para famílias que perderam os filhos ainda quando bebês.
O grande salto da narrativa se inicia no momento em que Lucas surge com alguns hematomas e em sequência as filhas gêmeas também, o que começa a levantar as suspeitas e acusações que quem causou isso nas crianças, foi Eva.
Primeiras impressões
O título da obra é um elemento perfeito para a história que será contada. Tem todo peso em si, de uma narrativa regada por aparências.
O filme inicia com uma cena que diz muito sobre o que possivelmente é o final ou o caminho para finalização. Logo de cara, nos deparamos em como entender todos os fatos que podem ter levado até aquela situação. Uma imagem que atrai e traz até certo julgamento, revelando que o gênero suspense será o fio condutor da história em si.
O longa não entrega a história da família logo de cara. O telespectador é convidado a ir entendendo a narrativa sem pressa alguma. Entende-se sobre a vida dos personagens e os porquês das dúvidas, conforme os diálogos acontecem, além de criar muita tensão em vários momentos, explorando o máximo possível dos elementos de suspense.
Outro aspecto marcante vem das inúmeras cenas que marcam o terror. Apesar de não ser uma história do gênero em si, há muitas situações que buscam causar essa estranheza em quem assiste, até mesmo para mostrar característica da humanidade, o que tem uma reflexão sobre a parte mais “monstruosa” das pessoas.
Somos convidados a duvidar e defender nossos pontos de vista enquanto assistimos, mas, ao mesmo tempo, também entramos em dúvidas sobre o que são mentiras e verdade. É um quebra-cabeça que montamos, mas que sempre perdemos uma peça ou outra, fazendo retroceder e pensar um pouco mais.
A história carrega muitas críticas
Desde a exaustão presente em cada passo da protagonista até a perfeição passada sobre a família construída por aparências e beleza. Sem contar a falsa impressão que todas as pessoas insistem em mostrar, pelo que os outros não podem achar.
A história de Eva reflete exatamente o que muitas mulheres podem viver nas próprias casas, de não se sentir o suficiente, por mais que façam tudo e que chegam a ser até invalidadas inúmeras vezes. Isso se reflete na fala do marido, em uma das primeiras cenas: “alguém tem que trabalhar, enquanto sua mãe brinca de boneca”.
O filme retrata as falsas aparências do que é ser Uma Família Feliz.
Sensações que a história proporciona
Além de toda a narrativa que gera inquietação em quem assiste, durante o filme fazemos um jogo com nós mesmo para encontrar uma resposta. Nos tornamos os próprios detetives e nos colocamos em xeque sobre quem de fato diz a verdade, pois os elementos que deixam o filme com um tom mais sombrio, fazem questionar a sobriedade dos personagens, que têm atitudes questionáveis o tempo inteiro (ou será que somos apenas seres estranhos naturalmente mesmo?)
O final do filme causa uma sensação ainda mais intrigante e até mesmo traz um senso do “isso está mesmo certo?”, pois de fato surpreende. Poderia discorrer todas as sensações que chegaram, mas seria dar spoiler demais sobre o fim da história. Mas o resumo possível é que de fato, com alguma reflexão você sairá da sala de cinema.
A cultura do cancelamento em “Uma Família Feliz”
A obra não foi pensada para ser algo “bonitinho”. O intuito é realmente impactar, trazer reflexão. Isso fica ainda mais evidente diante de um elemento extremamente utilizado durante o filme: o aparelho celular. Muitas situações se desenrolam por conta do eletrônico, que inclusive gera motivos de ataques e cancelamentos entre as famílias da escola em que Angela e Sara estudam e as famílias que vivem no condomínio em que grande parte da trama se desenrola. Além disso, o elemento do “ver as situações através de câmeras” gera um incômodo necessário em quem está assistindo, afinal torna a narrativa ainda mais imersiva, pois além dos celulares, também há instalações de câmeras dentro de casa, que fazem o entendimento do olhar que precisa estar de atento em cada passo, ainda mais incisivo e até assustador
Quem pode gostar do longa?
Apesar de não ser um terror, o longa vai além e faz quem assistir questionar a própria sanidade e se perguntar se toda aquela situação não tem relação com fantasmas, pois em algum momento, tudo parece fugir do nível apenas mental e partir para algo mais sobrenatural. Quem gosta de desvendar enigmas e se surpreender, provavelmente vai gostar de acompanhar cada passo da história. Sem contar a atuação de Grazi Massafera, que entregou um trabalho intenso e verdadeiro, fazendo qualquer mulher se identificar com algum sentimento que a personagem enfrenta ou alguma fala vinda de alguém direcionada à ela.
Sinopse do livro
Eva tem a vida perfeita. Seu marido é um jovem advogado em ascensão. Suas filhas gêmeas são lindas, inteligentes e saudáveis. Seu trabalho, a arte reborn, é um sucesso na internet. À sua volta, tudo está à mão: o Blue Paradise, condomínio fechado de classe média-alta na Barra da Tijuca, oferece todo tipo de serviço para que ela não precise sair do conforto de seu lar. Eva tem a vida perfeita ― até descobrir que está grávida e seu mundo virar de cabeça para baixo.
Conhecido por seus suspenses de tirar o fôlego, com mais de 500 mil exemplares vendidos, Raphael Montes inova ao começar este thriller psicológico pelo último capítulo. Dessa forma, como uma bomba-relógio prestes a detonar, acompanhamos os caminhos surpreendentes e as tensões que levam essa família feliz a um final avassalador.
Uma Família Feliz nos cinemas
Assim, o filme está em cartaz exclusivamente nos cinemas a partir de 4 de abril
Ficha Técnica
Elenco principal: Grazi Massafera, Reynaldo Gianecchini, Luiza Antunes e Juliana Bim
Direção: José Eduardo Belmonte
Argumento, Roteiro e Diretor Assistente: Raphael Montes
Produção: Barry Company
Coprodução: Globo Filmes e Telecine
Distribuição: Pandora Filmes
Produtores: Juliana Funaro, Krysse Mello, René Sampaio
Produtor Associado: Jorge Furtado
Produção Executiva: Juliana Funaro, Ronald Kashima
Produtora Executiva Curitiba: Gianna Coelho
Produtora Delegada Curitiba: Diana Moro
Direção de Fotografia: Leslie Montero
Direção de Arte: Monica Palazzo, ABC
Técnico de Som Direto: Bruno Ito
Montador: Jota Santos
Produtores de Elenco: Agnaldo Baliza, Renata Dias
Supervisão de Edição de Som: Miriam Biderman, ABC
Desenho de Som e Mixagem: Ricardo Reis, ABC
Composição de Trilha Musical: Julia Teles
Figurinista: Isabella Brasileiro
Maquiadora Chefe: Carol Suss