Fomos convidados pela A2 Filmes a assistir o novo longa Unidade Ranger, um filme do gênero de Guerra, com a direção de Justin Lee e estrelando Aidan Bristow e Matthew James McCarthy. Com apenas 91min, Unidade Ranger (Alone We Fight, em inglês) foca em um episódio fictício da Segunda Guerra Mundial, em uma floresta densa conhecida como Máquina da Morte. Confira a sinopse:
Enfrentando perigos cada vez maiores, um pequeno, mas determinado grupo de soldados norte-americanos se aventura no perigoso território alemão-nazista.
Afim de ganhar tempo e impedir que uma unidade alemã avance contra a linha aliada, o pequeno grupo aceita a difícil missão: destruir uma estação de abastecimento alemã e voltar vivos.
Com baixo orçamento, o longa apresenta uma visão diferente de combate, aproveitando o cenário para então apresentar uma visão diferente de estratégia de guerra.
Mas será que toda a estratégia do filme deu certo? Afinal, Unidade Ranger é bom?
Poucos recursos para o combate
De forma modesta, Unidade Ranger se apresenta como um filme de baixo orçamento. No entanto, isso não significa que ele seja ruim. Aliás, muito pelo contrário: a direção sabe utilizar da falta de recursos do filme para como um elemento para o filme.
O contexto do próprio roteiro satisfaz essa falta. Ou melhor, o próprio enredo enfatiza a falta de suprimentos no acampamento, criando mais e mais uma sensação de urgência e busca pela sobrevivência. Fica claro aqui o perigoso contexto em que os protagonistas se encontram, ao mesmo tempo em que se apresenta o obstáculos para se sobreviver.
Além disso, partindo do ponto de vista técnico: é aqui que o longa se explica ao público, com sutileza e de maneira implicita, a razão do mesmo ser uma produção mais simples.
E por falar de sua simplicidade, a mesma é um acerto quanto este filme. Ou seja, a trama simples não se enrola, vai direto ao ponto. Se o começo aparenta ser perdido, ele logo se encontra e assume um caminho. Sua maneira simples e direta eleva a qualidade do longa.
Máquina da vitória
Vale ressaltar o maior acerto do filme: sua ambientação: a floresta densa alemã, conhecida com “Máquina da Morte”.
O cenário torna-se o maior obstáculo da história. Ao mesmo tempo, também é a melhor resposta quanto ao baixo orçamento, uma vez que, graças a ela, cenas de ação se desenrolam da devida maneira, apresuntando um teor diferente e mais estratégico.
De modo geral, a floresta é um agente neutro: oras facilita a missão, oras a dificulta. Chega até a ser uma “pseudo-protagonista” em algumas cenas, dando um tom ainda mais interessante a obra.
Por fim, é graças a todo esse ambiente de mata densa, que não vemos aquelas famosas cenas de combate, como em vários outros filmes, com vários tiros e explosões, ou com os soldados entrando e atirando, Não, aqui é a ideia é outra: há o avanço focando mais em jogadas estratégica, as quais se compartilham com público, deixando-o então a par do que está acontecendo ou daquilo que virá a acontecer.
As baixas na guerra
Nem todo movimento é um acerto. Se, diante as dificuldades do projeto, houve seus acertos, então infelizmente, houve também seus erros. Em especial, dois.
Dentre eles, alguns até podemos deixar de lado se for considerado o nível da produção. Seja pelos furos no roteiro ou então quanto a forma forçada em se garantir a vitória dos heróis. Ou então, da mesma forma em que a trama salva seus personagens, ela também eleva muito rápido o nível para se obter certos impactos nos personagens.
Mas isso não chega a incomodar. Aliás, até pode-se deixar de lado e só deixar acontecer, assim como tantos outros filmes que bebem da mesma fonte.
A atuação
Entretanto, há dois pontos que realmente ficam a desejar. O primeiro é a escalação dos atores: Unidade Ranger traz muitos novos poucos conhecidos para seu elenco. Isso não é o problema.
De fato, o problema está em suas atuações. Ou melhor dizendo, na tentativa delas: por vezes há uma performance mais exagerada ou então uma tão despretensiosa, que não seria diferente se fosse um robô lendo o roteiro. Dessa forma, pode-se dizer que há uma falta de sentimentos. medo, paixão, carisma. Falta vida aos personagens.
Parte se dá por um roteiro que, em partes teria boas falas, em outras, não abre possibilidade aos atores de se apresentarem. Contudo, quando há, a oportunidade se perde, uma vez que os mesmos atores se perdem no ritmo ou na entonação da forma como a cena pedia.
Ainda pelo roteiro, o mesmo ainda peca em algumas “boas falas” por ficar tentando, em repetidas vezes, criar frases de efeito. No entanto, tais diálogos perdem o poder pelo exagero e pela falta de vida dos personagens. Enfim, torna-se algo artificial.
Amadorismo
Mas se ainda há acertos – em partes – até aqui, há ainda um lado mais obscuro, que peca e não há muito salvação: a desorganização da produção e suas cenas má montadas ou mal editadas. Ou melhor dizendo, o amadorismo da produção
São coreografias exageradas e pulos sem sentidos, tiros dessincronizados com disparos, cenas mal arquitetadas. Enfim, numa outra ocasião, seriam detalhes. Porém, aqui, a quantidade de erros (ou amadorismo) é tanta, que torna-se até cômico. Assim, o filme perde todo o clima que construiu até o momento, o seu ar de tensão, a adreanliana da guerra, por causa de cenas mal finalizadas.
Em suma, várias vezes – e em especial, nas cenas de ação – o filme decai sua qualidade e torna-se amador. Mesmo sendo uma obra de baixo orçamento, isso não justifica a tantas “atrapalhadas” em sua produção.
Portanto, o longa tem sim seus furos de roteiro e suas saídas convenientes. Contudo, essas questões tornam-se míseras diante ao grande vilão do filme: atuações sem vidas e um amadorismo técnico.
Afinal, Unidade Ranger é bom?
Com acertos e erros, bem como um baixo orçamento, Unidade Ranger sabe contornar algumas de suas dificuldades, de modo sutil e natural. Assim, sua própria história justifica a escassez de alguns elementos, como personagens, e ainda se beneficia do próprio cenário. Aliás, por falar do cenário, a floresta torna-se um personagem presente da trama, além de também mover a mesma.
O roteiro segue uma linha simples e objetiva, sem se complicar. Ficam pontas soltas, sim, ao mesmo tempo em que a trama beneficia demais os personagens para a conclusão de sua tarefa. De modo geral, a trama visa entreter, sem complicações, apesar de acabar soando, por vezes, como artificial.
Entretanto, o artificial toma conta mesmo é nas atuações e na edição: enquanto o primeiro caminha sem carisma, sem emoção ou vida, ou então quando há uma performance muito exagerada; o segundo vai além da artificialidade, e apresenta o lado amador da produção. Isso é. são atuações, performances, edições, coreografias e planejamentos,… enfim, tantos fatores em falta ou frutos de uma má organização e planejamento, ao ponto de parecer mais com um filme de comédia do que da tensão que deveria ter.
Portanto, Unidade Ranger é um filme que entretém e aborda um lado diferente do estilo de guerra. Ele tem grandes falhas, mas também acertos, tornando-se assim um filme mediano.
Você já pode assistir Unidade Ranger tanto pelo Youtube, quanto pelo Apple+. Confira abaixo o trailer:
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