Uma única pessoa pode mudar o curso da vida de uma pequena vila italiana? Vermiglio: A Noiva da Montanha, filme dirigido por Maura Delpero, apresenta uma história com essa perspectiva. 

Distribuído pela Synapse Distribution, o longa aborda a trama de uma família em uma aldeia remota nas montanhas da Itália e como a vida deles se transforma com a chegada de um desertor da guerra. É um drama que acerta ao retratar de forma nua e crua pessoas de uma aldeia rural italiana na década de 1940.

Da calmaria à tragédia

O filme inicia na calmaria, sem falas e com a paisagem das montanhas italianas. Não demora para o telespectador conhecer a família que vai ser o centro da história: pai, mãe e seus filhos. Naquela época o homem mais velho acabava sendo visto como chefe da família, mas neste caso ele também recebe o papel de professor da pequena vila rural onde se passa a história. Aos poucos, vamos conhecendo cada um dos integrantes de forma tranquila e sem muitas explicações floreadas. 

Do outro lado temos Pietro, um soldado desertor. O jovem abandonou a guerra e está naquele local enquanto espera o fim do confronto. Porém, ele acaba se apaixonando pela filha mais velha do professor e isso acaba se tornando o divisor de águas para os personagens que cercam o casal. 

Apesar de haver o romance, de certa forma proibido entre o jovem casal, o amor deles não é o foco da trama. A dinâmica familiar é que carrega a história, com seus conflitos e momentos de humor. E quando a tragédia finalmente chega até eles, acompanhamos como isso reflete em cada um dos personagens.

Pietro e Lucia em Vermiglio
Créditos: IMDb

Retratando como as pessoas agiam naquela época, podemos enxergar a mudança em cada personagem durante a evolução da história. Com cenas que capturam aquilo que a diretora quer que você veja, seja um detalhe das pernas do pai enquanto a filha o espiona, ou quando vemos os familiares paparicando o novo bebê enquanto o homem está do outro lado falando com o médico.  

Vale a pena assistir “Vermiglio: A Noiva da Montanha”? 

O roteiro é sutil com as palavras, sendo assim, a diretora fica encarregada de contar a história através das paisagens e das expressões dos atores. Este acaba sendo um filme que deve ser sentido, mais do que ouvido. Cada imagem, cada enquadramento em cena foi pensado para ajudar o telespectador embarcar na história. 

A forma como a produção consegue transmitir para a tela uma vila italiana nos anos de 1944, ajuda na compreensão do porquê o filme levou o Grande Prêmio do Júri do Festival de Veneza de 2024. A produção cinematográfica é uma verdadeira obra-prima estética, que consegue nos teletransportar para o período em que aconteceu a Segunda Guerra Mundial. A fotografia tem um destaque especial nesta produção.

Por fim, “Vermiglio: A Noiva da Montanha” chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 10 de julho