Wicked chega aos cinemas do Brasil esta semana carregado de expectativas e antecipação. Seja você um fã do musical ou não, nos últimos meses se tornou impossível escapar dos vídeos de Ariana Grande e Cynthia Erivo nas redes sociais promovendo o projeto.
O filme é baseado no musical da Broadway que, por sua vez, é uma adaptação do livro Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz (1995), de Gregory Maguire. A história é um prelúdio do clássico O Mágico de Oz, e gira em torno de Elphaba e Glinda, as bruxas que viriam a aparecer futuramente no caminho de Dorothy e seus companheiros pela estrada dos tijolos amarelos.
Na trama, uma série de eventos acaba colocando Elphaba, uma garota poderosa mas incompreendida por sua pele verde, e Galinda, uma jovem popular e ambiciosa, no mesmo dormitório. As duas inicialmente não se suportam, mas as circunstâncias acabam criando uma amizade improvável que chega a uma encruzilhada à medida que suas vidas começam a tomar caminhos diferentes.
Minha percepção foi de que Wicked é, acima de tudo, um filme pensado especialmente para os fãs do musical. Você se sente assistindo a uma peça Broadway elevada a potência máxima, com uma super produção e elenco de peso. Ou seja, se você não é realmente fã do gênero, não preciso dizer que esse filme não é pra você.
Porém, se você gosta de musicais mas ainda não é tão familiarizado com a peça original de Wicked, não se preocupe. O filme é bastante introdutório e não necessita de nenhum conhecimento prévio sobre a história. Se você conhece o clássico Mágico de Oz, inclusive, é bem interessante ir ligando os pontos conforme vai navegando pelo prelúdio. Dessa forma, Wicked não deixa de ser um filme que pode conquistar facilmente o público geral com uma história envolvente, divertida e emocionante.
Um fato curioso é que, durante a turnê de divulgação do filme, não foi muito reforçado que essa seria a Parte Um da história. Seja nos cartazes, trailers ou prévias, apesar de não ser algo escondido, também não foi amplamente reforçado. Dadas as devidas proporções, acredito que a escolha de dividir o longa em duas partes pode surtir um efeito similar a outras franquias – como Duna, por exemplo – onde o primeiro filme, para alguns, pode se tornar um pouco monótono ou arrastado em algumas partes, justamente por ser bastante introdutório.
A impressão que fica é de que a ação começa mesmo no ato final e os acontecimentos mais relevantes vão se desenrolar na Parte Dois, que deve ser mais movimentada e interessante. Mas, em geral, acredito que o filme cumpre um bom papel em introduzir o universo, os personagens e finalizar de uma forma que gera expectativas e antecipações para a sequência, que tem sua estreia prevista para o próximo ano.
Impossível não destacar também a performance do elenco, especialmente de Cynthia Erivo, que entregou as melhores cenas musicais do filme, além de uma química bem dinâmica com a Glinda de Ariana Grande que, por sua vez, é um pouco mais contida em sua interpretação, mas ainda assim faz um bom trabalho. A dupla protagonista entrega duetos harmônicos e consegue equilibrar bem as cenas cômicas com os trechos mais carregados emocionalmente da narrativa, fazendo com que a evolução do relacionamento entre as personagens flua de forma natural.
Menções honrosas também a Michelle Yeoh como Madame Morrible, sempre muito cirúrgica em suas interpretações, e a Jonathan Bailey, que entrega um Fiyero divertidíssimo e deixa o espectador ansioso para acompanhar o desenvolvimento do personagem na sequência.
Nos aspectos técnicos, confesso que senti um pouco de falta da estética technicolor característica desse universo. Apesar de bonito visualmente, o filme não se debruça tanto nessa característica visual marcante de Oz. A falta de uma paleta de cores mais rica na tela é ao menos parcialmente compensada pelos figurinos e caracterização dos personagens, mas ainda acho que o uso das cores nesse universo poderia ser melhor explorado em diversos aspectos.
Já a trilha sonora original de Wicked se tornou um clássico do teatro musical. No processo de adaptação para as telas, já era esperado que algumas particularidades mais teatrais se perdessem, como o exagero característico nas expressões e enunciações durante as performances da Broadway, por exemplo. Isso não é algo necessariamente negativo ou positivo, mas pode decepcionar um pouco os fãs do musical que não estiverem com as expectativas alinhadas ao novo formato.
O ato final ao som de Defiying Gravity é definitivamente o ponto mais alto de todo o filme. Não à toa, a narrativa é construída de forma a te levar para aquele momento crucial da história, que não desaponta, com um verdadeiro show de Cynthia Erivo, que é uma vocalista fenomenal e transmite toda a emoção em sua interpretação.
Em linhas gerais, Wicked é um musical divertido e emocionante com um elenco de peso e grandes performances. O filme entrega uma boa introdução ao universo e gera altas expectativas para a sequência, que promete desenvolver ainda mais seus personagens ao som de uma trilha sonora icônica e atemporal.
Wicked: Parte Um estreia dia 21 de novembro nos cinemas brasileiros.
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