O filme “Zé” aborda a resistência da militância durante a Ditadura Militar. O longa consegue captar momentos cruciais de muita opressão contra a minoria brasileira com um fotografia impecável e um enrredo cativante.

“Zé” conta a vida de José Carlos, militante e líder do Movimento Estudantil Brasileiro. Ele participa de um grupo de resistência contra a Ditadura Militar no Brasil. Para lutar pelos seus direitos em um década de opressão, José larga o conforto da vida burguesa e passa a ser um cladestino que trabalha com alfabetização e conscientização política no interior do nordeste.

Baseado em uma história real, o filme consegue extrair todas as angustias dessa epóca. Focando na luta de José e sua esposa, que também é militante, o longa é um ato de resistência da minoria brasileira.

Fotografia encaixa perfeitamente com a ambientação

A fotografia é impecável, tanto nos momentos de calmaria, quanto nos de luta, ela consegue captar ótimos ângulos e transmitir tudo que precisa ao longo do filme. Além disso, a ambientação do filme é impressionante. Trabalhar com produções de epóca costuma ser um desafio, pois é necessário adaptar o ambiente com a mensagem. No longa você consegue perceber a todo momento essa conversa entre o ambiente, personagem e fotografia.

Zé
Reprodução

Há algo muito interessante no filme que é o momento que José manda cartas para seus pais, nunca revelando seu paradeiro, mas revelando as barreiras que precisou enfrentar. Nisso, conseguimos perceber o teor de gravidade que José se encontrou no enquadramento do rosto do personagem. Sendo assim, na primeira carta, José acabou de sair da prisão, após ser capturado pelos militares, e o rosto do personagem passa a sensação de alívio mas que não irá desistir das suas lutas.

Já na próxima carta ele está com a cara machucada, dando a notar que apesar da carta ele não explicitar a violência, no enquandramento e interpretação podemos sentir isso e como lutar contra a opressão é uma caminho que deixa marcas. Abordar as cartas foi o ponto mais forte para mim no filme. Pois você consegue acompanhar mais intimimamente a dor do personagem e notar o quão díficil foi lutar contra a Ditadura Militar.

Além disso, outro fator interessante no longa que “brinca” muito com a fotografia é o momento que os personagens vão discurtir sobre os movimentos de liderança no país. Eles sempre estão sentados no chão, podemos associar isso a hierarquia existente na epóca, ao qual os militares estão por cima e a militância embaixo, sempre lutando para acabar com isso. Eles também têm o costume sempre em discutir com um tom mais baixo.

Personagens e direção

Obviamente que para a fotografia encaixar com a ambientação é necessário ter personagens bem desenvolvidos. Pois bem, o filme consegue trabalhar bem a história do José com um ínicio, meio e fim que marca como realmente foi a luta dos movimentos contra a Ditadura.

Todas as peças se encaixam na história de José, com um roteiro bem desenvolvido e até curioso, pois conhecemos um lado da história de um líder do movimento estudantil e que busca refugio no nordeste. Com o epicentro da opressão sendo no Rio de Janeiro ou São Paulo.

Zé
Reprodução

Portanto, para tudo isso dar certo foi necessário uma ótima jogada na direção e nesse quesito o filme brilhou. A direção de Rafael Conde é de tirar o fôlego. Principalmente nas últimas cenas do filme, com alguns ciclos se encerrando, trazendo toda uma tensão de uma luta árdua, violenta e repleta de marcas.

Vale a pena assistir “Zé”

Bom, se você gosta de filmes com contexto históricos a resposta é sim, vale a pena assistir “Zé”. E caso você não curta muita saber um pouco sobre a história do Brasil a resposta continua sendo sim. Dessa forma, o filme consegue te prender do ínicio ao fim, a ponto de você questionar o porque algumas coisas dão errado na vida do José e já adianto que o motivo (ou não) pode te surpreender.

estreou dia 29 nos cinemas do Brasil.