Zona de Silêncio é um filme mexicano de drama, suspense e mistério lançado em 2018. Escrito e dirigido por Lorena Villarreal, o longa gira em torno de Ana (Melina Matthews), uma psicóloga que vive com seu avô James (John Noble) e seu filho pequeno, Felix (Novak Ricardo Cañamar). Um dia, sua casa é invadida por um criminoso que sequestra seu filho. Para salvar a vida de Félix, Ana precisa encontrar uma poderosa pedra da Zona de Silêncio, mesmo sem saber do que se trata.
Villarreal inspirou-se nos mitos que permeiam a Zona de Silêncio, localizada no México, sobrepondo-se à Reserva da Biosfera Mapimí. É uma área onde os sinais de rádio e qualquer tipo de comunicação não funcionam, embora não se saiba o porquê. Em 1970 a base militar dos EUA perto de Green River, Utah, disparou um míssil de teste Athena na direção de White Sands Missile Range. O míssil perdeu o controle e, em vez de pousar no alvo pretendido, continuou 400 milhas ao sul e caiu na região do Deserto Mapimí.
Aviso: contém spoilers
Um tema desperdiçado
O filme também utiliza a temática de viagem no tempo e o famoso dilema ético “uma vida por outra”. Na história, a pedra tem o poder de levar uma pessoa ao passado para impedir que um alguém amado morra. Porém, para que isso aconteça, outra pessoa morrerá no lugar. Entretanto, não é possível saber quem morreria.
O filme começa com o acidente ocorrido na Zona de Silêncio em julho de 1970. James e seu orientando Peter eram cientistas que faziam parte da equipe responsável por remover os detritos que restaram do míssil desgovernado. Eles encontram a pedra e logo descobrem que ela é mais especial – e perigosa – do que parece. Ao perceber que as consequências de utilizar a pedra são imprevisíveis e perigosas, James esconde-a para que ninguém mais a use.
Porém, muitos anos depois, a mente de James está adormecida devido ao que parece ser alzheimer ou demência. Ana é responsável por cuidar dele e de Félix. Ao ver sua casa sendo invadida por um homem atrás da pedra, ela precisa descobrir onde o objeto está antes que seja tarde demais.
Apesar de apostar em um tema complexo, o enredo não a aproveita esse potencial de profundidade. Com poucos personagens, o roteiro aborda de forma rasa o dilema “uma vida por outra”. Uma alternativa seria os personagens utilizarem a pedra várias vezes até descobrirem o que realmente acontece. Isso geraria um impacto no telespectador assim que eles se dessem conta de quantas pessoas teriam morrido para que eles salvassem quem amavam. Nada disso impediria a existência de uma disputa pelo objeto, como ocorre ao longo do filme. Dessa forma, a obra teria potencial até mesmo para ter mais tempo de duração.
Plot-twist previsível, desfecho fácil e furo de roteiro
Além de utilizar o tema da Zona de Silêncio de forma rasa, o plot-twist também é previsível. Desde o início do filme, já é possível supor quem mandou o criminoso invadir a casa de Ana atrás da pedra. Afinal, James não estava sozinho na Zona de Silêncio quando encontrou a pedra. Além disso, em diversas cenas, o mandante aparece e demonstra ter bastante conhecimento sobre o que a pedra é capaz de fazer.
Outra pista era que, quando o criminoso invade a casa de Ana, James já sabia que alguém ia aparecer atrás da pedra naquele horário. Ou seja, há sinais bem claros ao longo de todo o filme e o enredo sequer levanta outros suspeitos para gerar dúvida no espectador. Mesmo assim, a cena em que Ana descobre isso é desnecessariamente dramatizada.
Por fim, a trama se resolve de forma simples demais, fazendo com que a disputa pela pedra pareça boba. Além disso, ainda há um furo de roteiro: no final, o mandante explica a Ana quem cada um deles mataria caso usasse a pedra. Entretanto, isso vai contra a premissa de que as consequências de utilizar o objeto seriam imprevisíveis. Não à toa, a obra tem apenas 35% de aprovação no Rotten Tomatoes.