Baile de formatura: aquela festa mais esperada do ano, principalmente se você é uma jovem do ensino médio nos Estados Unidos. E é exatamente isso que vemos em Rua do Medo: Rainha do Baile.

Primeiramente, vale destacar que, apesar das roupas estilosas, da música animada e do ponche (certamente batizado), no caso das nossas protagonistas, o baile também conta com assassinatos.

O novo filme integra a série iniciada em 2021 com a trilogia Rua do Medo: 1994 – Parte 1, Rua do Medo: 1978 – Parte 2 e Rua do Medo: 1666 – Parte 3, todos baseados nos livros de R. L. Stine.

No entanto, o que parecia ser uma excelente oportunidade de retorno para a franquia após a trilogia acabou ficando apenas na promessa. Dito isso, Rua do Medo: Rainha do Baile entrega uma história independente, mas mantém como pano de fundo a cidade de Shadyside, ainda assombrada pela fama de cidade decadente, marcada por tragédias e surtos de violência inexplicáveis.

Na trama, o baile de formatura da escola de Shadyside se aproxima, e as garotas mais populares estão focadas na acirrada disputa pela cobiçada coroa de rainha do baile. No entanto, quando uma jovem ousada decide entrar na competição e, misteriosamente, algumas concorrentes começam a desaparecer, a turma de 1988 se vê prestes a enfrentar uma noite verdadeiramente aterrorizante.

Foto: Divulgação/Netflix

Personagens e História

O longa Rua do Medo: Rainha do Baile foi inspirado em um livro específico de R.L. Stine, The Prom Queen, publicado em 1992. Por esse motivo, o filme apresenta uma história independente e personagens diferentes da trilogia original.

Dessa vez, as protagonistas são Lori Granger (India Fowler), uma adolescente constantemente hostilizada por carregar o estigma de ter uma mãe acusada de assassinar seu pai antes mesmo de seu nascimento; e Tiffany Falconer (Fina Strazza), a típica garota popular que lidera um grupo de “meninas malvadas” conhecido como Alcatéia. Ambas, junto a outras participantes, estão na disputa pelo cobiçado título de Rainha do Baile.

Entre os personagens de destaque estão a vice-diretora Dolores Brekenridge (Lili Taylor), determinada a renovar Shadyside e mudar o destino sombrio da cidade, e os pais superprotetores de Tiffany, Nancy Falconer (Katherine Waterston) e Dan Falconer (Chris Klein), que vivem para apoiar e exaltar a filha.

Fina Strazza e India Fowler em Rua do Medo: Rainha do Baile
Foto: Divulgação/Netflix

No entanto, a personagem mais interessante — na minha opinião — é Megan Rogers (Suzanna Son), melhor amiga de Lori. Ela representa o arquétipo clássico das solucionadoras de crimes nos filmes de terror: nerd, roqueira, apaixonada por artes plásticas e, claro, fã do próprio gênero terror. Mesmo assim, Megan não recebeu o desenvolvimento que merecia. Na verdade, nenhum dos personagens foi muito bem explorado — todos parecem existir apenas para cumprir funções específicas na trama. Nem mesmo Lori e Tiffany tiveram um aprofundamento digno, limitando-se a um breve contexto familiar.

Sem entrar em spoilers sobre o motivo que levou às mortes das concorrentes à Rainha do Baile, confesso que a justificativa não me pareceu tão convincente. Na verdade, talvez eu continue batendo na mesma tecla: o maior problema do filme está, de fato, na falta de desenvolvimento.

Acredito que o longa deve agradar mais ao público adolescente, especialmente aqueles que estão começando a se interessar pelo gênero de terror. Apesar de abordar temas como bullying e até drogas, a narrativa não é densa nem chega a mergulhar profundamente nessas questões.

Direção, roteiro, trilha sonora e fotografia

Em Rua do Medo: Rainha do Baile, o roteiro não inovou, adaptando o livro The Prom Queen, de R.L. Stine. A trama possui início, meio e fim, mas não entrega grandes surpresas nem sustos memoráveis. No quesito slasher, confesso que me agradou — e olha que, particularmente, não é meu subgênero favorito dentro do terror. As cenas são, sim, sangrentas e violentas. Apesar da primeira morte ser relativamente leve, ao longo do filme as mortes se tornam mais explícitas, com direito a close-up.Por outro lado, nenhuma delas se torna realmente memorável, e algumas até parecem fáceis demais. Na minha opinião, os destaques ficam para a cena do banheiro, as sequências com Lori e Megan no colégio e, claro, os momentos finais.

Por outro lado, nenhuma delas se torna realmente memorável, e algumas até parecem fáceis demais. Na minha opinião, os destaques ficam para a cena do banheiro, as sequências com Lori e Megan no colégio e, claro, os momentos finais.

Quando falamos de fotografia, o filme é impecável. A ambientação da década de 1980 ficou muito bem construída, remetendo diretamente aos clássicos filmes oitentistas norte-americanos. As cores vibrantes, os cabelos volumosos e ondulados, além da trilha sonora, foram escolhas certeiras. A seleção musical aposta em ícones como Billy Idol, Roxette, Duran Duran e Eurythmics — sem dúvidas, um dos grandes acertos do longa.

Chris Kline como assassino em Rua do Medo: Rainha do Baile
Foto: Divulgação/Netflix

Enfim, a direção de Matt Palmer também merece destaque. Apesar das limitações do roteiro, ele conseguiu tornar o filme dinâmico e fácil de assistir. É possível notar cuidado nos detalhes, no enquadramento e na movimentação das câmeras, o que contribui para a estética e o ritmo da narrativa.

Se, por um lado, os personagens não foram bem desenvolvidos, parte desse problema também recai sobre a atuação do elenco. A protagonista, Lori (India Fowler), não é exatamente o ponto forte do filme. Ela cresce no decorrer da trama, principalmente no final, mas acaba ficando apagada diante de outras atuações. Fina Strazza, como Tiffany — a líder das “meninas malvadas” — convence bem em seu papel. O mesmo vale para Suzanna Son e Ella Rubin, que, mesmo em papéis secundários, entregaram mais presença e carisma — Ella, inclusive, conseguiu se destacar com pouco tempo em cena, mais até do que nossa final girl.

Mas o elenco não se resume às jovens talentos. O longa também conta com nomes experientes, como Lili Taylor (Invocação do Mal, Rose Red: A Casa Adormecida), Chris Klein (American Pie, Apenas Amigos) e Katherine Waterston (Animais Fantásticos, Alien: Covenant). Claramente, o trio veterano ajuda a dar mais corpo ao filme, ainda que isso não o transforme em uma obra-prima.

Vale a pena assistir Rua do Medo: Rainha do Baile?

Se você gosta de slashers, com muito sangue e uma pitada de humor, vale sim. Agora, se sua busca é por um terror mais intenso, daqueles que fazem pular da cadeira, talvez esse não seja o filme ideal.

Por fim, Rua do Medo: Rainha do Baile já está disponível no catálogo da Netflix.