A 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, um dos eventos mais aguardados do calendário cultural brasileiro, chegou ao fim no último sábado, 1º de fevereiro, com uma cerimônia de premiação que celebrou a diversidade e a ousadia do cinema nacional. O grande vencedor da noite foi o longa-metragem mineiro “Deuses da Peste”, dirigido por Tiago Mata Machado e Gabriela Luíza, que levou para casa o prestigiado Troféu Carlos Reichenbach, concedido pelo Júri Oficial da Mostra Olhos Livres.

O júri, composto por nomes como Juçara Marçal, Carlos Francisco e Cíntia Gil, destacou a coragem do filme em experimentar narrativas não convencionais. Segundo os jurados, “Deuses da Peste” “começa do meio e não se estabiliza em lugar nenhum”, utilizando múltiplas materialidades e ferramentas de linguagem para expandir a percepção do espectador. Este é o quarto longa de Tiago Mata Machado, consolidando-o como um dos nomes mais inovadores do cinema contemporâneo brasileiro.

Foto Leo Lara/Universo Produção

Outras premiações importantes do festival

Na Mostra Aurora, o Júri Jovem premiou o sergipano “Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo”, de Fábio Rogério e Wesley Pereira. O filme foi elogiado por explorar a vulnerabilidade humana e abrir espaço para reflexões profundas sobre o desejo e o erro. Já o Júri Popular elegeu “3 Obás de Xangô”, de Sergio Machado, como Melhor Longa-metragem, enquanto o curta “Dois Nilos”, de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro, levou o prêmio na mesma categoria.

A atriz Ticiane Simões foi a grande homenageada com o Prêmio Helena Ignez, dedicado ao destaque feminino da Mostra. Sua atuação em “Entre Corpos” foi descrita como “um enigma, uma esfinge irresistível”, com precisão nos gestos e um olhar que cativou o júri. Além disso, o curta “Entre Corpos”, de Mayra Costa, também foi premiado na Mostra Foco por sua abordagem sensualmente prosaica dos corpos masculinos.

Outro destaque foi o curta “Marmita”, de Guilherme Peraro, que conquistou o Prêmio Canal Brasil por sua conexão com a poesia de Manoel de Barros e sua abordagem despretensiosa, mas profundamente significativa. Já na categoria Work in Progress (WIP)“A Voz de Deus”, de Miguel Antunes Ramos, recebeu os prêmios Cinecolor e O2 Pós, sendo elogiado por investigar personagens complexas sem julgamentos apressados.

A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes reforçou o papel do evento como um espaço essencial para a experimentação e a valorização do cinema brasileiro. Com premiações que destacaram desde a ousadia narrativa até a sensibilidade poética, a mostra deixou claro que o audiovisual nacional continua vivo, pulsante e cheio de histórias para contar.