“Dharma” é o conceito dado ao propósito de vida, uma palavra que representa o oposto do que se conhece como karma e também dá nome ao livro escrito por Carolina Alves Magaldi. A obra é a primeira do que vem a ser uma trilogia. A narrativa conta com uma fantasia baseada em tradições budistas, mostrando o quanto é possível utilizar de elementos do que se constrói como espiritualidade e transformar em uma história com metáforas que descrevem muito bem o que existe.
Sinopse:
Tudo que vai, volta. Assim no fluxo de energia que regula a vida, o karma deixa ondas de causas e consequências. Cabe aos catalistas, jovens treinados na Dharma, garantir que essa energia continue fluindo. Tendo herdado um desafio monumental das consequências do Grande Desequilíbrio, Jade vai precisar aprender a liderar sua própria célula, tal como Bit, em uma missão que irá mudar a vida de todos.
Mais sobre a história de “Dharma”
Antes de tudo, os 12 capítulos tem como título as variações da palavra mudra de origem oriental e cada um tem gestos comuns às tradições budistas e yogis. Cada um tem um tema, que está ligado aos acontecimentos do capítulo.
O livro tem a narrativa em 3ª pessoa, tendo com protagonista Jade, que desde o primeiro parágrafo da obra, nos mostra como funciona esse sistema de ligação e esse caminho energético que será trilhado durante a história.
“Dharma” é uma envolvente narrativa que mergulha os leitores em um mundo onde a Dharma é mais do que apenas um lugar; é o cerne onde as personagens exploram suas habilidades e crescem em sua jornada de autodescoberta. A protagonista é conduzida por três momentos cruciais: o recebimento de uma nova missão, o fortalecimento dos laços emocionais com seus colegas da Dharma e a revelação de segredos ocultos, culminando na preparação para enfrentar as disfunções do mundo causadas por um desequilíbrio energético. O livro não apenas entretém, mas também provoca reflexões sobre o autoconhecimento e o poder da comunidade na superação de adversidades. Uma leitura que pode cativar tanto os fãs de fantasia, quanto os buscadores espirituais.
A jornada é um elemento bastante presente no livro
No universo literário de “Dharma”, a construção da personagem Jade desafia os estereótipos de gênero com maestria. A autora destaca a distorção comum em muitas obras, onde as protagonistas femininas fortes são frequentemente masculinizadas e retratadas de forma violenta em busca de um propósito maior. Portanto, a abordagem oferece uma visão necessária, que se destaca em meio aos padrões estabelecidos do gênero fantasia.
Além disso, “Dharma” se diferencia ao criar um mundo com suas próprias leis e vocabulário exclusivo, como o termo “catalista”, que descreve a função de Jade no enredo.
Sensações durante a leitura do livro “Dharma”:
A história nos convida a de fato olhar para nós mesmo. Quase impossível não destacar algumas passagens com o marca textos ou post-it (que os leitores assíduos sabem bem como é). Apesar de ser uma ficção, conseguimos identificar alguns pontos que podemos encaminhar para outros conhecimentos, querendo entender mais sobre o que cada palavra simboliza dentro da história.
Uma leitura rápida com nas 189 páginas e os capítulos bem desenvolvidos. Nesse ponto, a autora optou por não se prolongar demais nas situações em si e sim apresentar como uma ação dá sequência e consequência a outra.
Além disso, a composição cuidadosa das personagens contribui para a imersão do leitor na história, permitindo que cada um deles seja reconhecido através das ações que apresentam, com virtudes e falhas. O aumento gradual da tensão ao longo da narrativa se relaciona com o que vivenciamos muitas vezes, que responde a perguntas anteriores e abre caminho para novos mistérios que serão desvendados no próximo livro da série, titulado “Samsara”, previsto para lançamento em 2024.