Para celebrar o Mês Nacional da Alfabetização, trouxemos o protagonismo para dentro de casa. Assim, em uma sessão repleta de memórias e afetos, conversamos com nossos redatores para relembrar suas primeiras leituras. Aquelas que despertaram o interesse pelas palavras e abriram as portas para o universo da literatura.

Cada um compartilhou o primeiro livro que leu e refletiu sobre como essa experiência influenciou sua trajetória como leitor. As respostas revelam lembranças, descobertas e o poder da leitura em transformar percepções, inspirar caminhos e assim formar identidades. Mais do que uma homenagem à alfabetização, a ação então reforça a importância de cultivar o hábito da leitura desde cedo e de reconhecer como as histórias que nos acompanham na infância moldam quem nos tornamos no futuro.

A entrevista de hoje é com Eduarda Monteiro, redatora da editoria de livros.

Qual foi o primeiro livro que você leu? Ele te marcou de alguma forma? Como ele chegou até você?

O primeiro livro que li por livre e espontânea vontade foi o primeiro volume de “Fazendo Meu Filme“, da Paula Pimenta, lá em 2013. Lembro de ler por indicação da minha prima e de levar o livro físico para uma viagem em família e devorar a história. Foi a primeira vez que escolhi colocar minha habilidade de leitura em prática por entretenimento. Amei a sensação de me deliciar em um mundo fictício que demandava a minha atenção e minha imaginação.

Os livros que você leu na infância e adolescência ajudaram a te aproximar da literatura?

Tenho certeza de que sim. Por mais que eles não sejam meus favoritos até hoje, eles me ensinaram a criar o hábito da leitura e me informaram o que eu gosto e o que eu não gosto de ler hoje em dia. Até eu encontrar meu lugar no mundo da literatura, eu li muita coisa por indicações de gostos não alinhados ao meu. Isso me ajudou a criar paciência com a leitura e confiança para saber quando insistir em um livro e quando o abandonar. E acho que também me ajudaram a ampliar o meu vocabulário e a minha fascinação pela língua portuguesa.

Você tem um livro preferido? O que faz dele o seu favorito?

Meu livro preferido é “Três“, da Valérie Perrin. Eu não sei muito bem o que ela colocou naquela história, mas lembro dela me fisgar de uma maneira que nenhum livro me fisgava há meses. Eu li o livro no ano passado, em um momento em que eu estava muito vivendo a vida em companhia dos meus amigos, e acho que a abordagem da amizade em “Três” é a coisa que mais me emociona nele. A escrita dele é mágica, e a história se envolve de uma maneira um pouco avassaladora!!!

O que te motiva (ou te desmotiva) a continuar lendo?

Eu acho que o que me motiva a continuar lendo é achar mais maneiras de dizer o que eu quero dizer ou entender, a partir das palavras dos outros. Para mais que mergulhe nas histórias – que eu amo demais, e amo sair da minha própria cabeça -, eu sou apaixonada por ver como as pessoas dão nome aos sentimentos, como elas constroem as frases e parágrafos visando passar uma ou mais sensações. É o mesmo motivo pelo qual eu amo a música. Mas acho que como o livro não tem a melodia para contar uma história, ele me força a ser mais proativa na minha própria interpretação da história.

Se pudesse esquecer o enredo de um livro para lê-lo novamente como se fosse a primeira vez, qual seria?

Oração Para Desaparecer“, com certeza. Eu amo os livros da Socorro Acioli, porque sinto que ela combina muito bem uma escrita poética com narrativas muito intrigantes, o que faz com que a experiência de ler um livro assinado por ela seja sempre deliciosa. Eu acho que “Oração Para Desaparecer” tem uma das premissas mais interessantes que já li na vida, e eu daria tudo para lê-lo mais uma vez sem saber o desfecho da história.

Existe algum livro que você acha que todo mundo deveria ler pelo menos uma vez na vida?

Se Deus Me Chamar Não Vou“, da Mariana Salomão Carrara. Eu nunca imaginei que um livro narrado por uma criança ia ser tão emocionalmente maduro, mas tão delicado ao mesmo tempo. Uma história sobre identidade, inseguranças e convenções da modernidade.

Imagem de capa: Amazon