Hoje eu vim falar de uma sequência de livros que, para mim, é um exemplo que vai além da tal história romântica, que chega até a reflexão do amadurecimento de uma personagem que dialogou comigo em cada trecho vivenciado na literatura (mesmo que por motivos e histórias diferentes). Ela (Louisa Clark), com a própria vivência e eu com a minha.
“Como Eu Era Antes de Você” também se tornou um filme que cativou e levantou sentimentos dentro do movimento de filmes com finais chamados de tristes, de arrancar lágrimas e sonhos de amores adolescentes. E é exatamente por isso que resolvi falar sobre uma reflexão pessoal.
Tudo começou quando me deparei com um post em uma rede social, com a seguinte frase: “filmes que não aceito o final”. Nele havia imagens dos filmes “A Cinco Passos de Você”, “A Culpa é das Estrelas”, “Como Eu Era Antes de Você” e “Um Dia” (que por sinal, são todos baseados em obras literárias). Mas a minha atenção se voltou para o destaque baseado no livro da autora Jojo Moyes da trilogia de “Como Eu Era Antes de Você”.
Um resumo sobre a história dos livros: a narrativa em primeira pessoa tem como personagem principal Louisa Clark, uma jovem com uma vida dita como “simples e normal”, com pequenas expectativas. Uma jovem de 26 anos, morando com os pais, o avô que precisa de atenção e cuidados especiais, a irmã e um sobrinho pequeno. Louisa é garçonete, e entre situações, quando perde o emprego, se vê na situação de buscar um novo trabalho. E assim, lhe surge a oportunidade de trabalhar como cuidadora de um tetraplégico de 35 anos que vive em uma cadeira de rodas, Will Traynor. A princípio, a convivência entre os dois é muito difícil, pois Will é extremamente arrogante e mal-humorado, enquanto Louisa busca fazer o melhor de si para manter o novo emprego. No decorrer da história, segredos são revelados e a relação dos dois se intensifica, ficando mais intima, e é aí que nos deparamos com o clímax de todo o romance. Pois um está prestes a mudar a vida do outro.
O grande fato aqui é: realmente são histórias tristes, que não queremos nos deparar e até sentimos raiva do autor ou autora quando não permitem que nossos queridos casais permaneçam juntos e felizes para sempre.
Mas quero colocar em questão aqui a parte mais cativante da história de Louisa Clark (a protagonista de Como Eu Era Antes de Você/ Depois de Você/Ainda Sou Eu), que é o amadurecimento dela e tudo o que ela enfrentou logo após perder o grande amor da sua vida até então. A vida segue, mesmo triste, mesmo sem sentido. Ela busca se reencontrar e isso fica ainda mais latente no “Ainda sou eu”, terceiro e último livro da saga.
Ela se torna outra mulher, querendo transformar sua vida, mudando de cidade e conhecendo pessoas, se apegando ao que Will lhe deixou de lição. O apego à imagem de seu grande amor é o que permite que ela saia da vida monótona e abrace oportunidades, que vez ou outra também lhe abalam.
E é sobre isso. O filme/livro terminou triste sim, e por isso que eu proponho à você, que não superou e tem inquietação com o final trágico, que ainda não sabe o que vem depois e se sente triste pelo fim da primeira parte da história de Louisa, que você se permita ler e descobrir as novas formas que ela encontrou de ser maior e mais ELA nos dois livros seguinte (“Depois de você” e “Ainda sou eu”), no meio de tanta coisa ruim, de tanta culpa e partida.
Jojo Moyes nos propõe algo que vai além do amor por outro alguém. Ela nos direciona para aquilo que podemos encontrar em nós. Nos joga até sensações e pessoas surgindo que nos fazem desconhecer quem somos e como o mundo lá fora pode ser modificado diante de traumas e dores (pois é isso o que Louisa precisa a encarar).
E como eu sempre digo: uma história de amor não é só uma história de amor. Tem muito mais para se aprender do que o apenas o romance em si. Tem a ver com escolhas e mudanças.
Em junho de 2020, Jojo Moyes escreveu um conto de 28 páginas chamado “Lou na Quarentena”, como uma continuação do terceiro e último livro da trilogia. A história se passa no início da pandemia da Covid-19. A história nos faz estar muito conectado aos fatos narrados, pois tem muita relação com o que passamos quando a quarentena se tornou algo real, quando tivemos os primeiros conhecidos infectados, quando buscamos algo para fazer de produtivo durante o isolamento. Ao chegarmos a essa leitura, Louisa Clark está em uma fase absolutamente nova e não parece mais a mesma, dando ainda mais sentido ao título que inicia a sequência de livros.
O que Louisa Clark lhe ensionou?