A pernambucana Ana Júlia Carneiro, publicou seu primeiro livro de poesia, Luiza. Em sua obra, Ana constrói uma narrativa íntima através de seus versos, que exploram seus sentimentos pessoais e mostram o quanto a perda dói. Com apenas 18 anos, publicou seu livro com a editora Novos Ases e vem ganhando inúmeros leitores de todo o Brasil.
Luiza é um livro de poesia que reúne versos e textos, as palavras da autora emocionam e contam a sua história. E a de tantas mulheres.
Agora, confira a entrevista.
Antes de tudo, nos conte um pouco sobre você?
Me chamo Ana Júlia Pereira Carneiro, 18 anos, filha de Doroty Lamour e José Henrique, natural de Palmares, interior de Pernambuco. Sou de uma família predominantemente feminina, atualmente tenho feito muitas coisas pela primeira vez. Primeira escritora/poeta da família, primeiras entrevistas, primeiro frio na barriga, primeira dedicatória feita… tantos primeiros
passos. Posso dizer também que eternamente serei irmã de Ana Luiza.
O que te fez seguir a carreira de escritora?
Quando notei, já estava aqui. Sempre escrevi, desde muito nova, rabiscava em qualquer página e sobre qualquer coisa que viesse em minha mente. A maior prova disso é que não houve um “planejamento” de desenvolvimento para que o que eu escrevesse pudesse de fato virar um livro… ao longo dos últimos anos fui escrevendo sobre vivências próprias, de amigos ou de algum assunto que surgisse em uma conversa qualquer, mas afirmo que essas histórias precisaram despertar minha sensibilidade ou não seria um livro que falasse tanto do meu próprio coração.
O livro “Luiza” é a sua primeira obra publicada, mas é seu primeiro livro escrito? Comenta um pouco sobre o processo criativo da escrita do livro.
Sim. É meu primeiro livro escrito e publicado. Antes dele existir, a ideia de ter um livro para chamar de meu nunca tinha passado pela minha cabeça como algo possível, sempre foi um daqueles sonhos que colocamos como coisas de “quem sabe um dia”. Sempre admirei e tive como referência escritoras como Rupi Kaur, Ryane Leão, Amanda Lovelace… e saindo dos livros, sempre admirei a sensibilidade e profundidade das composições da cantora Adele. Músicas ainda são uma forma de escrever e gosto de me aprofundar nisso. Inicialmente, como alguém que apenas observava e agora como alguém que também ocupa um lugar ao lado dos que produzem arte.
O que te inspirou a desenvolver a narrativa de “Luiza”?
Assim como explico no livro, “Luiza” não tem esse título por acaso. Luiza é o nome da minha falecida irmã, que faleceu aos cinco anos em 2015. Para ser sincera, eu só comecei a enxergar potência na minha escrita quando isso foi mostrado para mim por outras pessoas. Não sei dizer ao certo como tudo começou, mas existem alguns momentos que me marcaram. Primeiro, em dezembro de 2020 (ano da pandemia da COVID-19), após ter passado meses sem escrever, no ano em que a depressão bateu em minha porta pela primeira vez (ou pelo menos a primeira vez que identifiquei e nomeei o que carregava em meu coração), em uma madrugada, me sentei e escrevi sobre o peso que carregava naquele momento. Ainda doeu, mas escrever me fez perceber que respirar ficou mais fácil.
Freud tem uma ideia de “a cura pela fala”, onde vagamos pelas lembranças, pensamentos, sonhos e damos sentidos ao passado e ao futuro… nesse caminho, eu posso dizer: a cura na escrita. Quando comecei a postar o que escrevia em meu instagram, desativei os comentários, sentia receio da forma em que minhas palavras chegariam nas outras pessoas, mas aí aconteceu algo que eu não imaginava. Achava uma loucura eu ser a pessoa das legendas gigantes, mas uma loucura ainda maior existir quem lesse essas legendas. As pessoas começaram a se identificar e me mandaram mensagens dizendo que sentiram comigo. Além de tudo, queria muito que soubessem o nome da minha irmã, queria mostrar que a vida dela continuou acontecendo por aqui, ela vive em mim e em quem agora chegou a me ler. Foi como deixar a marca dela no mundo e nas pessoas.
A literatura nacional não é muito explorada pelos leitores, isso tem sido um desafio?
Sim. É um desafio ser escritora nacional e principalmente iniciante. É uma construção diária mostrar o quanto a nossa literatura é rica e tão carregada de arte, é desafiador voltar a atenção das pessoas para algo nacional. Mas recentemente, em uma conversa que tive sobre sentir medo com a publicação de um livro, recebi a seguinte mensagem: “Te assusta se despir de ti para tanta gente. Mas de verdade, tu tem ajudado muita gente a se despir de si ao te ler.”. Acho que isso é o que tem feito tudo valer a pena… saber que as pessoas que leem, se olham, se enxergam e nomeiam algo que existe nelas, através de algo que antes era apenas meu. É um privilégio poder sentir o coração das pessoas a partir do meu livro
Existem planos de novas obras poéticas ou de outros gêneros? Quais são seus próximos passos?
Estaria mentindo se eu falasse que existem planos, mas posso afirmar que nunca paro de escrever. Estou o tempo todo me aventurando em meio às palavras e além de poesias, tenho caminhado pelos cantos. Mas até o momento, não tenho planos. Quem sabe a vida não me surpreende mais uma vez…
O que você diria para quem está começando a escrever?
Como alguém que também começa agora, tenho tentado descobrir um caminho, mas acredito que isso eu farei caminhando. Mas se posso dizer algo, digo para que sintam as palavras. Varrendo a casa, secando a louça, botando a roupa na máquina, durante o banho… o tempo todo! Sintam tudo e não tentem conter seus sentimentos, estejam despertos para viverem e sentirem tudo que bater em seus corações. Criem. Sem se apegarem a perfeição, deixem as palavras irem e voltarem, que elas guiem vocês e seus caminhos de arte. E o mais importante, escrevam com as marcas de seus corações.
Por último, onde os leitores podem te encontrar e saber mais sobre seu trabalho?
Meu livro está à venda na Amazon do Brasil e demais países, além de outras plataformas de vendas como Americanas, Submarino, Magazine Luiza… E você também pode entrar em contato comigo através do meu instagram (@anajcarneiro) se desejar um exemplar autografado e com uma dedicatória especialmente feita para você.