“O Acidente” é uma produção brasileira, considerada um drama intimista, que aborda um acidente de trânsito entre uma motorista e uma ciclista, criando um laço inesperado entre as duas famílias envolvidas.
A direção do filme é de Bruno Carboni. Já o roteiro é de Carboni e Marcela Ilha Bordin. No elenco temos Carol Martins (Joana), Carina Sehn (Cecília), Luis Felipe Xavier (Maicon), Gabriela Greco (Elaine) e Marcello Crawshawn (Cléber).
Confira a entrevista com Bruno Carboni, diretor do filme “O Acidente”
Bruno Carboni é graduado em Produção Audiovisual e já montou diversos clipes, curtas e longas durante sua graduação. Com isso, Bruno conta um pouco sobre a sua trajetória no mundo cinematográfico.
Eu me formei por volta de 2009/2010 em Porto Alegre, em Produção Audiovisual, e ali era um curso muito prático, então, tínhamos que produzir bastante, principalmente curtas-metragens e ninguém gostava dessa função de montagem, todo mundo era ativo e queria produzir, queria a função da câmera. E eu gostava daquilo de ficar no computador, testando as possibilidades, eu sentia que conseguia aprender muito sobre o cinema ali. Então, eu segui essa carreira, mais na parte da montagem. Junto com o Richard Tavares, criamos uma produtora, e montamos o primeiro longa-metragem que o Davi Pretto dirigiu, chamado “Castanha”, que circulou bastante, foi para o Festival de Berlim e foi o nosso ponta pé.
O filme O Acidente é um drama intimista, a trama prende o telespectador do início até o fim com seu roteiro, portanto, Bruno Carboni compartilha como foi o processo de criação do filme.
Por volta de 2015 a 2016, não lembro muito bem, um vídeo rodou nas redes que era uma situação bem similar que a gente acaba vendo no filme, sem dar muito spoiler, mas é uma ciclista sendo carregada no capô de um carro e nesse vídeo dava para ver que quem tava dirigindo o carro era uma mulher e tinha uma menina no banco do passageiro. Então, eu me lembro que a ciclista não se machucava mas confrontava o motorista. Eu não tinha interesse em fazer um filme com ela, mas sim com essa pequena situação, era uma coisa bem pequena e se tornou uma complexidade.
Através de um acidente que aconteceu em Belo Horizonte e com uma situação pessoal, Bruno a partir desses dois momentos baseou-se seu filme. Com isso ele afirma que a trama pode ter algumas partes baseadas em fatos reais, mas ressalta que o filme é ficcional: “Isso é de diferente lugares reais de longe e pessoal, mas é também absolutamente ficcional, a gente cria os personagens, coloca eles na cabeça e eles vão criando vida”
Cultura do like
Portanto, o filme dá um foco especial no vídeo que viralizou da Joana no capô do carro. Então, o diretor Bruno Carboni explica o seu objetivo em utilizar a “cultura do like” em seu roteiro.
A intenção era brincar um pouco com isso. Joana no início quer omitir, ela não conta para ninguém sobre o que aconteceu, o que já é uma reação bem estranha, eu super contaria para todo mundo, e a primeira coisa que ela faz é não contar para ninguém. No momento que esse vídeo cai na internet, ela sente que foi parar nesse lugar do vídeo viralizado, dessa cultura contemporânea, ela talvez tem a imagem do Maicon de “ele ta fazendo só o que todo mundo faz” e a medida que ela confronta, conhece ele, ver o canal dele na internet, ela vê que isso é um pouco diferente. O Maicon tinha um outro interesse com o vídeo e está descobrindo um pouco a relação com as imagens, descobrindo o cinema.
O Acidente está sendo um sucesso da crítica e já ganhou diversos prêmios, como de “Melhor Roteiro”, “Melhor Direção de Arte” e “Melhor Atriz” com a atriz Carol Martins, no 51º Festival de Cinema de Gramado. Além disso, a trama também conquistou o prêmio de “Melhor Roteiro” no 13º Festival de Cinema Internacional de Beijing (China). Portanto, Bruno compartilha com o GeekPop News a experiência de ver seu filme sendo premiado nos festivais.
Foi incrível. Eu nunca tinha ido para a Ásia e para a China, passar o filme lá foi totalmente diferente, a sensação é muito incrível mesmo. Fazer um filme assim é muito difícil, é uma jornada bem longa e ela ficou mais longa por conta da pandemia, foi um momento muito ruim para todo mundo. O pessoal do cinema estava passando por um momento muito difícil, então a gente que segurar firme, tinha até aqueles festivais online e a gente resolveu não inscrever e esperar a oportunidade de exibir no cinema. E agora estamos finalmente sendo recompensados, agora a gente está vendo que acertamos e aí com os prêmios a gente vê mais ainda.
No entanto, a protagonista do filme Joana (Clara Martins) é uma ciclista, Bruno explica que não tem tanto costume em andar de bicicleta como a Joana. Ele também explica a importância de criar uma personagem diferente de si, com outras experiências e vivências.
Eu tenho uma bicicleta velha aqui, eu não ando tanto assim como a Joana, não sou “super bike”. Para mim foi um desafio, essa coisa de criar personagens diferentes, com outras vivências, é um desafio, mas eu acho muito bom, é a melhor parte de fazer o roteiro, se jogar e realmente tentar entender outras pessoas e claro, todos os personagens carregam um pouco da gente, tanto meu quanto da Marcela, a co-roteirista do filme.
Para finalizar a entrevista, o diretor e roteirista dá uma dica para o pessoal de casa ir assistir o filme nos cinemas.
A minha dica para quem for assistir o filme é que tente pegar o conceito de acidente, pegar essa palavra e ampliar ela, enxergar ela em outros momentos. Tentar entender a experiência e tentar ampliar, não coloque o título do filme simplesmente no evento que acontece no início.
Vale lembrar também que você pode conferir a entrevista toda na íntegra lá no nosso canal do YouTube, ou então conferi-la aqui embaixo:
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