Dado Pieczarcka escreveu o livro “Hiperconectados”, baseado nas próprias observações e vivências em relação ao mundo tecnológico atual. Em entrevista ao GeekPop News ele conta as principais inspirações e os maiores objetivos ao trazer a obra literária ao mundo, possibilitando grandes reflexões.

Primeiramente fale um pouco sobre você. Formação, idade, gostos, etc. Tudo aquilo que achar relevante.

Me chamo Eduardo, mais conhecido como Dado Pieczarcka. Me formei em Publicidade e Propaganda e depois fiz um MBA em Marketing Digital. Apesar da formação, o marketing nunca foi minha paixão, mas, uma etapa fundamental para a construção do escritor.

Foi trabalhando na área que pude conhecer de perto o mercado digital e todas as estratégias e ferramentas de manipulação. Os recursos estudados pela publicidade tradicional durante décadas, agora ganhavam uma aplicabilidade muito mais prática e poderosa.

Estudar e escrever sobre esse tema, sem dúvida, é uma das minhas atividades preferidas. Assim como o hóquei sobre grama, esporte que pratico e jogo pelo time de Florianópolis, cidade em que vivo.

Como surgiu essa vontade e desejo pela escrita?

Meu desejo de escrever veio de um desejo de me manifestar, e isso aconteceu lá por 2014, quando a vida hiperconectada começou a entrar em cena. Os smartphones e a internet móvel começaram a virar uma realidade na vida de todas as pessoas. O Instagram e o Facebook se tornaram uma febre no Brasil, e com isso, as relações foram começando a tomar outra forma.

Eu sempre percebi que isso me afetava, era claro para mim que o mundo não era mais o mesmo, e ao longo dos anos essa percepção crescia.

E de fato, os assuntos que mais nos incomodam acabam sendo aqueles que mais despertam sentimentos em nós. Como aquele político que detestamos, ou então aquela colega de classe insuportável. Nós falamos deles para nossos amigos, pensamos neles, nos incomodamos com suas presenças, mas pouco nos dedicamos para tentar observar mais a fundo o motivo da aversão.

Em 2017 eu finalmente parei e comecei a estudar, ler, pesquisar e entender os comportamentos das pessoas nesse novo mundo conectado.

Foi aí que entendi, que a melhor maneira de manifestar minhas inquietações, era através da escrita.

Reprodução: Foto arquivo pessoal Dado Pieczarcka
Reprodução: Foto arquivo pessoal Dado Pieczarcka

Sobre o livro “Hiperconectados”, o que você pode introduzir sobre ele? O que as pessoas poderão encontrar ao ter essa leitura?

Hiperconectados nunca foi pensado para ser “apenas uma história”. A ideia sempre foi causar um incômodo no leitor através da mensagem nas estrelinhas.

Uma das minhas maiores referência veio do audiovisual. A série Black Mirror, ao final de cada episódio, me causava o tipo de desconforto que eu queria causar com a minha obra. Principalmente porque os dois têm o mesmo tema.

A ideia foi construir uma fábula dos nossos tempos em que o leitor pudesse terminar o livro com questionamentos. Não se trata apenas de uma história puramente estética, mas uma crítica, uma mensagem, um paradoxo da vida pós moderna.

E sobre a história, o que te inspirou a desenvolver essa narrativa? Conta um pouco sobre o que você pretendia durante esse processo de desenvolver essa obra.

Acredito que a maior pretensão durante o período de escrita foi um auto entendimento. Entender quem somos nós agora, e porque temos determinadas ações que muitas vezes nos prejudicam, e mesmo assim continuamos repetindo.

Hiperconectados tem a ver com tentar despertar uma consciência. Primeiro em mim, e depois nos meus leitores. Entender que o mundo já não é mais o mesmo, que a revolução tecnológica traz, talvez, as maiores mudanças da história da humanidade. Mais do que uma guerra. Mais do que revolução industrial. E para piorar, em um período muito mais curto de tempo. Ou seja, sem tempo para adaptações.

Reprodução: Capa do livro "Hiperconectados" / Dado Pieczarcka
Reprodução: Capa do livro “Hiperconectados” / Dado Pieczarcka

O assunto abordado na narrativa é algo que me chama muito a atenção também. A forma que o metaverso toma mais forma a cada dia é algo muito em alta e que traz questionamentos. Você tinha a ideia de trazer para as pessoas esses pontos em forma fictícia com foco na reflexão? O que você quis explorar diante dessa escrita?

No livro Sapiens, o autor faz menção a capacidade de criar e acreditar em histórias, um dos principais (se não o principal), atributo para a ‘evolução’ do homo sapiens e ao desenvolvimento das sociedades.

De fato, as histórias nos transcendem, nos iluminam, nos enchem de sonhos, de raiva. Elas conseguem alterar nosso estado de espírito em pouquíssimo tempo. Por isso, sou apaixonado por elas.

Durante a criação do livro, eu transformava conceitos dos meus autores preferidos em metáforas, contextos, situações, objetos, nomes e traços de personagens.

Um bom exemplo, foi quando li no livro “O Show do Eu”, da Paula Sibília, que o mundo virtual, mais especificamente as redes sociais, estão transformando a subjetividade do ser humano de intradirigida para alterdirigida. Alguns devaneios depois, decidi que o nome da cidade em que a trama acontecia, se chamaria Alter, justamente porque lá, como em um êxtase dos nossos tempos, as pessoas perderam completamente qualquer traço de introspecção e se reconhecem apenas nas suas versões digitais e públicas. Similar ao metaverso.

Você tem mais planos futuros dentro da carreira como escritor? Pode compartilhar um pouco desses planos conosco?

Sem dúvidas, vou seguir escrevendo, até porque, não existe outra opção. Gostaria de escrever uma continuação da história. Quem sabe uma triologia. E no futuro, sem dúvida, explorar outros tipos de escrita e assuntos que também fazem minha cabeça.

Reprodução: Foto arquivo pessoal Dado Pieczarcka
Reprodução: Foto arquivo pessoal Dado Pieczarcka

O que você diria para quem quer começar a escrever, mas ainda não se sentiu motivado para começar?

A motivação, se for verdadeira, ela é cruel. Não te permite viver, fazer outra coisa, se não estiver escrevendo. E cada vez que pegar o caminho contrário, é como se estivesse seguindo em direção ao purgatório.

Se você ainda não começou a escrever, fique tranquilo. Se essa for realmente sua vontade, você vai começar. Vai encontrar tempo, vai se desfazer do medo, do julgamento, suas ideias vão se tornar claras feito tarde de primavera.

Caso contrário, talvez seja apenas ego e aspirações ao falso glamour e status de “ser um escritor”.

E se quiserem saber mais sobre o seu trabalho, quais as plataformas e meios de te encontrar?

Tenho um perfil no Instagram muito legal. Posto vídeos diários sobre insights da vida hiperconectada. É @dadopieczarcka.

E para quem quiser conhecer mais sobre o meu livro: sinopse, book trailer, avaliações, ler o primeiro capítulo, e tudo mais, o site é dadopieczarcka.com

Atualmente vendo o livro no Kindle, da Amazon, mas minhas preferencias são os exemplares físicos, que o leitor pode adquirir entrando em contato comigo através do site acima.