“Apoiem o cinema nacional!” – Gabriel Vinícius

O cinema nacional tem passado por uma verdadeira revolução criativa. Produções independentes vêm provando que o Brasil sabe, e muito bem, como construir boas histórias de terror. Um dos exemplos mais promissores dessa nova geração é “Ela Toma Placebo”, curta-metragem que mistura drama intenso e horror psicológico em uma experiência perturbadora e profundamente humana.

Com estreia exclusiva marcada para 21 de novembro, destinada aos apoiadores da campanha no Catarse, o filme mergulha nas complexidades da mente humana, explorando a tênue linha entre o real e o imaginário. De acordo com a sinopse, a narrativa acompanha a delicada relação entre uma mãe e seu filho, ambos assombrados por demônios internos e alucinações crescentes que corroem a noção de realidade.

Sob a direção de Gabriel Vinícius, que divide a produção com Lucas Maia (do canal Refúgio Cult) e Guilherme Carrara, o curta foi viabilizado por meio de financiamento coletivo, reunindo mais de 300 apoiadores. Essa conquista certamente reforça o apetite do público por histórias que vão além do susto, tocando em temas profundos como saúde mental, trauma e percepção.

Surpreendentemente, inspirado pela atmosfera inquietante dos filmes da A24, “Ela Toma Placebo” promete marcar o cenário do terror psicológico brasileiro, combinando o desconforto visual com a intensidade emocional de seus personagens.

Nesta entrevista, conversamos com Gabriel, diretor do filme, sobre o processo de criação, as influências estéticas, os desafios de produzir um terror independente no Brasil.

Antes de tudo, nos conte um pouco sobre você.

Gabriel Vinícius Diretor Ela Toma Placebo foto 1
Crédito: Gabriel Vinícius

Gabriel Vinícius é um cineasta e produtor audiovisual brasileiro, fundador da Media Filmes. É o diretor de Ela Toma Placebo e do documentário internacional Além do Atlântico. Com um olhar sensível e autoral, seus trabalhos exploram a profundidade emocional das relações humanas.

Como você entrou no projeto Ela Toma Placebo e o que te motivou a aceitar o desafio de dirigir essa história?

Quando o Lucas Maia me apresentou o projeto, ele já me ganhou de imediato. O roteiro não era apenas uma história sobre uma mãe e um filho, era sobre as dores que insistem em permanecer. Era sobre vulnerabilidade emocional. Aceitei o desafio porque vi ali uma oportunidade de mergulhar em um tipo de cinema que eu acredito: silencioso, humano e ao mesmo tempo inquietante. É um filme que conversa com o inconsciente, com o que não se diz.

O roteiro foi escrito por Lucas Maia, com a sua direção. Como foi a colaboração entre vocês dois, especialmente para equilibrar drama, horror psicológico e essa tensão crescente?

Desde o início, nossa parceria foi construída na confiança e na escuta. O Lucas é um cara incrível. Admiro imensamente sua trajetória e principalmente o ser humano por trás das resenhas e vídeos do Refúgio Cult.  Ele trouxe uma escrita marcante, construída através de sua experiência em diversos projetos, enquanto eu procurei traduzir essa densidade em imagem, ritmo e atmosfera. Nosso maior desafio foi equilibrar o horror com o drama humano.  Queríamos que o medo viesse da vida, não do susto. Trabalhamos muito na preparação dos atores, no silêncio, nos ruídos sutis. Tudo para que o espectador sinta a tensão não como algo externo, mas interno.

Você disse que o curta foi inspirado no estilo dos filmes da A24. Quais foram as referências específicas que vocês trouxeram para essa produção independente brasileira, em termos de estética, narrativa ou atmosfera? Tem alguma produção em especial que serviu de inspiração para o curta?

Sim, os filmes da A24 foram uma grande referência, especialmente pela forma como eles enxergam o horror como algo existencial, não apenas visual. A inspiração não vem de uma obra específica, mas de um entendimento que o desconforto também vem da vida cotidiana. Toda relação tem um peso. Isso causa medo. Viver pode ser angustiante.  

Gabriel Vinícius Diretor Ela Toma Placebo foto 2
Crédito: Gabriel Vinícius

Qual foi o maior desafio técnico ou artístico enfrentado durante a produção, seja com locações, equipe pequena, ambiente de terror, montagem ou som e como você o superou?

Filmamos com uma equipe reduzida e um orçamento limitado, numa locação que nos obrigou a ser criativos o tempo todo. Tínhamos pouco tempo para rodar as cenas e no primeiro dia de gravação aconteceram quedas de energia que afetaram o bairro inteiro. Mas é isso. Cinema é uma arte colaborativa onde todo mundo é peça fundamental na engrenagem.

Agradeço imensamente a cada pessoa da nossa equipe e aos atores. Eles deixaram tudo mais fácil e fizeram a produção acontecer.

Agora que existe uma sessão exclusiva para apoiadores em 21 de novembro, qual é a expectativa para a estreia geral no final de 2025 e o que você espera que o público leve dessa experiência?

A exibição do dia 21 de novembro é uma forma de agradecer a todos que acreditaram no filme desde o início, através do Catarse.

A expectativa para estreia geral é a melhor possível. Iremos reencontrar os membros da equipe e celebrar essa conquista. Espero que as pessoas saiam tocadas, desconfortáveis e refletindo sobre o impacto da saúde mental.

Se você tivesse que convidar o espectador para ver Ela Toma Placebo em três palavras, quais seriam elas e por quê?

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Crédito da capa: Gabriel Vinícius / Adaptação