Stephan Talty é um jornalista e escritor irlandês-americano famoso por suas obras de não ficção que descrevem eventos históricos, assim como personagens reais. Dessa forma, ele se destaca por ser um pesquisador talentoso, sempre adicionando fontes documentais em seu trabalho. Em seus livros, o autor relata eventos históricos com uma narrativa surpreendente.

“A Mão Negra” é um livro famoso nos Estados Unidos e em outros países, já tendo ganho vários prêmios. O livro chegou ao Brasil pela Cultrix, selo do Grupo Editorial Pensamento. O livro pode ser comprado no site oficial da editora.

Confira a entrevista com Stephan Talty:

Stephan Talty, você é um dos maiores nomes da não-ficção nos Estados Unidos e no mundo. Seus livros são conhecidos por abordar momentos importantes da história americana e mundial. De onde veio esse interesse?

Quando criança, você quer saber como o mundo funciona, e eu certamente queria. Ao examinar os pontos de virada na história, acho que vemos a mecânica de como vivemos nossas vidas. E essas pessoas sobre as quais escrevo viveram com tanta convicção e ousadia. Acho isso inspirador.

Os leitores brasileiros adoram uma boa história. Nosso país está repleto de histórias emocionantes. Você acha que os personagens da realidade são ainda mais fascinantes do que os da ficção?

Não, mas acho que as histórias de não-ficção têm um fascínio adicional, pois sabemos que tudo o que está nelas não apenas aconteceu, mas pode acontecer novamente. A não ficção revela que o caráter humano permaneceu notavelmente constante durante grande parte da história. Portanto, mesmo que estejamos lendo sobre a década de 1910, estamos realmente lendo sobre o presente, sobre nós mesmos.

“A Mão Negra” e Joseph Petrosino

Vamos falar sobre o livro. “A Mão Negra” trata de um período muito turbulento da história americana, em que a sociedade foi abalada por crimes terríveis. De onde veio a ideia de abordar esse tema?

Adoro a ideia do oprimido. Se você observar os livros que escrevi, na maioria das vezes eles envolvem um homem ou uma mulher que mudou a história de uma forma interessante, contra todas as probabilidades. Isso, eu acho, foi o que me atraiu para pessoas como Petrosino. Ele era um homem que viu esse enorme erro e decidiu que era obrigado a corrigi-lo.

Joseph Petrosino foi um herói?

Sim, ele foi, porque mostrou os efeitos da coragem individual na sociedade. Petrosino foi quase como um sacrifício que os italianos fizeram em sua nova terra: ele foi o preço de admissão no novo país. Há muitas histórias como essa na América – Jackie Róbinson, etc. Esses homens e mulheres são heróis, mas mais do que isso.

Como você acha que um personagem como Joseph Petrosino pode inspirar as novas gerações?

Petrosino era lendário não apenas por sua coragem, mas porque lutava por coisas maiores do que ele mesmo. Alguns ítalo-americanos o atacaram por ser um vendido, por trabalhar com os americanos e por prender italianos. Já é difícil enfrentar uma organização violenta como a Black Hand, mas ser acusado de traição por seu próprio povo enquanto o faz – isso deve ter sido difícil para ele. Considero inspirador o fato de ele ter perseverado.

Expectativas e o Futuro

Como sua experiência como jornalista o ajudou a escrever “A Mão Negra”?

Ajudou muito. É preciso engatinhar antes de andar, e o jornalismo me mostrou o básico da pesquisa, como captar o leitor, como contar uma história adequadamente.

Agora o livro foi lançado no Brasil. Dessa forma, que você espera que os leitores aprendam?

Simplesmente que o leitor se coloque no lugar de um homem notável durante uma época notável. Espero que eles aprendam que mudanças extraordinárias são possíveis no mundo.

Quais são seus projetos futuros? Está trabalhando em algum livro novo?

Sim, estou trabalhando em um livro sobre um grupo de arqueólogos americanos que se tornaram espiões durante a Segunda Guerra Mundial.

Envie uma mensagem para os escritores que estão começando? Do mesmo modo, envie uma mensagem para os leitores do GeekPop News e para o público brasileiro.

Eu diria saudações de Nova Jersey e, por favor, não tente seguir o rebanho em termos de seu estilo. Isso é chato. Use o que torna sua escrita diferente. E para o público brasileiro, eu diria que visitei o Rio uma vez e foi uma das melhores viagens da minha vida. O Brasil é especial. Beijos!!!