Já pensou como seria se tornar um mago e escrever os próprios feitiços? Controlar a mágica com suas palavras? Nanotale – Typing Chronicles trás uma experiência singular de jogo que nos estimula durante uma história intrigante cheia de cor, magia, fauna e flora. Reanimando nossa infância, onde brincávamos com palavras.

Direto dos estúdios Fishing Cactus, também criadores do adorável Epistory, lhes trago o review do RPG Nanotale – Typing Chronicles….

TAAAH TAAHH TAAHH!! (Sonoplastia protegida por direitos autorais)

Fonte: Fishing Cactus

Tudo começa com um simples sonho, do qual nenhum de nós é esperado de entender, afinal nem nossa personagem consegue. Em nossa primeira aventura na floresta fantástica somos apresentados a nossa protagonista, Rosalind. Até então, ela nos foi introduzida como uma arquivista com o poder do conhecimento espontâneo da botânica.

Descobrimos que temos magia dentro de nós (agora sim, PODEER!!) no momento que nossa mentora nos explica os conhecimentos básicos do mundo. Inquietante e explorando desenfreadamente, Rosalind se perde (ou talvez se acha) de sua mentora na floresta e ao encontrar uma raposa ferida, ela é atacada por monstros enquanto tenta defender o animal.

Sem saber se somos salvos ou se salvamos a raposa, somos levados um lugar seguro. Bem aí uma história encantadora e cintilante sobre magia dissonante e corrupção de corações começa.

Fonte: Fishing Cactus

Rosalind tem 18 anos e é o que poderíamos chamar de CDF. Dotada de uma profunda sede por conhecimento e uma curiosidade que faz frente a essa sede. Rosalind é preocupada e disposta a ajudar, seguindo seu caminho sem medo, afinal medo é apenas ignorância encarnada.

O mundo de Nanotale parece algo misturado com faz-de-conta, onde vegetação e ambiente são estilizados para parecer que saíram direto de um livro de criança, algo que contrasta com o 3D bem definido, porém completamente estilizado os personagens.

A fotografia se altera com a sensação que o ambiente traz. Lugares calmos são azuis e agitados amarelados, porém há também os locais sem cor, onde a magia precisa ser restaurada. A música segue toda a tensão da fotografia. Momentos calmos de exploração trazem uma leveza enquanto em lutas sentimos que qualquer coisa pode vir de qualquer lugar (e vem mesmo porque tem inimigo que brota até do chão!).

Fonte: Fishing Cactus

No jogo temos uma energia dentro de nós que ao escrevermos palavras com o nosso teclado elas saem como…bem, mágica. Todas as ações da nossa personagem com exceção da movimentação, são aplicadas usando esse princípio básico, inclusive conversar. Quando digitamos uma palavra específica da fala de quem estamos conversando, nós guiamos o rumo da conversa.

Essa mecânica inovadora que usa palavras como comando lembra muito o universo das HQs, onde na DC a Zatanna fala as palavras de trás pra frente para fazer um feitiço. Já na Marvel o Cajado do Absoluto faz qualquer feitiço poderoso, porém as palavras nunca podem se repetir.

Inicialmente só podemos usar esses comandos para coletar informações da flora, fauna e energia para matar os inimigos, mas rapidamente eles se tornam algo complexo. 

Catalogar todas as plantas e animais é importante, pois, além de nos presentear com um Lore muito fascinante, o jogo nos dá aquela coisa que todos os jogadores anseiam como um vício… sim, XP! Afinal o jogo é um RPG, passar de nível em adição de aumentar status, nos revigora com habilidades que vão de andar mais rápido em montaria até magias completamente novas.

Fonte: Fishing Cactus

A inclusão de experiência a um jogo que não necessariamente precisava dela para triunfar, de início me parecia sem propósito, porém ficou completamente compreensível e louvável ao perceber que isso estimula a exploração e experimentação de magias que talvez nunca poderíamos imaginar.

O mapa do jogo é repleto de puzzles emocionantes que te fazem sentir satisfeito e esperto cada vez que completados. Muitas vezes encontramos segredos ou side quests que enriquecem a jornada. Com a possibilidade de criar feitiços, o jogo te estimula a “quebrar o jogo”.

Quebrar o jogo: quando o jogo te permite experimentações e encontrar com a própria inteligência respostas para sair de um problema de forma não pré programada pelos desenvolvedores.

Um ponto do jogo que incomoda no gameplay é a ocorrência de batalhas intensas que você simplesmente não vê, porque está muito ocupado olhando para o teclado. Quando lutamos com uma leva de monstros (sério o jogo manda uns 20 de uma vez). 

Enquanto os inimigos se aproximam digitamos palavras que ficam em cima deles, ao digitar a energia sai (ela pode vir combinada de efeitos como raio, grande, duradouro, puxar, empurrar, etc). 

Fonte: Fishing Cactus

Todos os comandos são digitados enquanto vinte inimigos chegam perto, palavras que podem ser curtas como “clã” ou compridas como “dissimulado” e quando você digita uma letra errada…

AAAAAAAAAAH!!!

….desculpem, gatilho. Tudo isso resulta em algumas batalhas que você não estará olhando para a tela e nem sabe o que está acontecendo.

Dica do analista: escreva a palavra inteira deixando a última letra de fora, depois com convicção idêntica das cenas de filmes onde os programadores só faltam apertar “enter” para detonar a bomba; aperte o botão olhando pra tela e diga “game over babe”. Só vai faltar os óculos escuros.

Fonte: Fishing Cactus

Jogando, alguns bugs foram experimentados, como personagens duplicados em meio a quests e queda de quadros com partículas na tela. Nada que vai atrapalhar. Porém, em certo momento do jogo voltei para o início para ver se tinha esquecido algo e quando fui para frente tinha uma parede invisível que impedia minha progressão, tive que reiniciar. 

Consideramos isso um erro gravíssimo para um jogo que estimula de maneira tão bela a exploração. Contudo nada complicado de consertar e talvez na data de lançamento já esteja devidamente arrumado.

No final consideramos Nanotale uma experiência ótima que só tem a agregar ao jogador e toda indústria de jogos. O game se aventura a novas propostas que nenhum AAA se atreve a fazer.

Como bônus, o jogo pode ser usado como fortalecimento linguístico onde podemos aprender novos vocabulários do português e também de outras línguas.

Precisamos de mais jogos que nos estimulem a reavaliar o que é jogar e que coloquem a alma de novo no “jogar”.

Pra que jogar mais um Shooter militar quando você pode jogar algo novo?

O jogo se encontra disponível na plataforma steam a partir do dia 31/03/2021 e qualquer informação extra que queira saber acesse o site de Nanotale.

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