Olá meus Homo Sapiens.
De uns tempos para cá estamos conversando muito sobre abuso psicológico. Embora também possa ser entendido como opressão ou injustiça, vamos nos ater a esse termo, dada a popularidade que ele tem ganhado.
Nos deparamos com o questionamento, será que as pessoas sabem quantos estão sendo abusadas ou alto-abusadas? Será que esse comportamento psicológico e social também está representado nos jogos? Se sim, como podemos aprender com eles?
Há muito tempo eu venho evitando abordar esse jogo. Não porque ele é ruim. Mas porque é um dos melhores jogos como crítica social e tenho medo de não fazer jus a ele. Persona 5 é um jogo de RPG japonês em turno, dungeon crawler e simulador de relacionamentos, mas isso não fala muito sobre ele.
Todos os jogos da série Personas abordam temas sociais e psicológicos fortes com críticas e questionamentos que nos fazem encarar aspectos nossos e da sociedade que dificilmente tentamos encarar no dia a dia, mas deveríamos.
Resumo
Persona 3: Aborda depressão, vazio, falta de esperança na humanidade e os vícios que temos para escapar da realidade.
Persona 4: Discute o padrão que a mídia dita sobre quem você deveria ser e como sua vida deveria ser baseado em expectativas de vidas glamorosas. Descreve de que forma isso afeta as pessoas psicologicamente. Questiona como sempre devemos ir atrás da verdade e viver quem somos.
Persona 5: Ele evidencia a corrupção da sociedade, como estamos doentes e que somos vítimas e causadores da opressão, injustiça social e abusos que diminuem as pessoas. Também fala sobre como vivemos hoje em uma zona de conforto, onde apenas aceitamos coisas ruins impostas a nós e não lutamos e nem nos rebelamos pelo que achamos certo e pelos nossos direitos.
Hoje como você pode talvez supor pelo título da matéria, quero conversar sobre persona 5 . No jogo são descriminados mais de 40 tipos de abusos, opressões e injustiças. Várias discussões históricas, sociais, políticas , filosóficas, psicológicas são descritas durante o jogo e para ser sincero, se eu fosse discutir com vocês o jogo inteiro daria 36 páginas dissertadas de artigo.
Decidi pegar 6 dos principais personagens, expor o tipo de abuso que eles sofriam (cada um representa um) e comparar com relatos de entrevistas que fiz durante a última semana sobre abuso psicológico. Hoje falarei apenas do primeiro dos seis planejados.
Antes de começar dois avisos
1: Essas entrevistas são relatos de pessoas reais. Embora não sejam uma pesquisa empírica, são experiências e dificuldades reais que as pessoas vivem. Por favor não desvalidem elas e tenham respeito.
2: Essa matéria terá SPOILERS vitais da narrativa do jogo. É uma reflexão direcionada para pessoas que já jogaram, que não se importam com spoiler ou que não pretendem jogar o jogo. Não precisa de ter jogado para conseguir seguir o raciocínio.
Dito isso vamos começar com nosso primeiro personagem…
MANIFESTO 1 — INJUSTIÇA SOCIAL
Ryuji Sakamoto — Abuso: Injustiça Social e Exílio
Ryuji era o adolescente normal e capitão do time de corrida da escola. Até que o professor de educação física e medalhista olímpico Kamoshida foi contratado como treinador do time de vôlei. Kamoshida não admitia dividir as atenções com ninguém, para ele a escola era o castelo dele e apenas ele deveria brilhar e ser adorado, então gradualmente planejou a demissão do treinador do time de corrida e assumiu o posto dele.
Quando Kamoshida fez isso, começou a abusar fisicamente do time de corrida para desmotivá-los e posteriormente desfazer o time (deixando apenas o de volley). Ao ver seu time sofrendo abuso, Ryuji começou a reclamar e discutir. O professor indignado com a persistência de Ryuji que diferente de toda escola, professores e pais não abaixou a cabeça e concordava com tudo que ele fazia, encenou um episódio onde parecia que Ryuji o atacou e assim quebrou as pernas do aluno. Impossibilitando ele de correr e dando a desculpa que precisava para desfazer o time.
Ryuji, como adolescente e estudante foi antagonizado por todos e chamado de baderneiro, perdendo respeito e reputação perante a todos inclusive sua mãe. Chegou à conclusão que não existe justiça e que não importa se está certo ou errado, ser bom ou ruim, quem tem poder e está por cima sempre ganha e quem é mais fraco sempre perde. Ele se rebelou , pintou o cabelo de loiro (sinal de rebeldia no Japão) e se tornou um jovem introvertido e com raiva de tudo. Ele sempre estava com raiva porque ele tinha certeza que justiça não existia.
Pergunta
Já sofreu o abuso da injustiça da sociedade?
Você ser uma pessoa correta que ajuda quando pode de repente alguém com mais prestígio social, com mais voz queria algo que era seu ou de alguém que vc se importa e tomou a força (esse tomou a força pode ser psicológico, físico ou social). Quando você exige o certo esse abusador te descredita e faz chacota e a sociedade ficou do lado o abusador pois ele era alguém e você não era ninguém.
Relato 1
Meus pais, Meu pai enquanto eu não concordasse com ele, ou ele usaria do poder psicológico ou do físico pra que eu pudesse me calar. Já minha mãe sempre usou o argumento de “eu sou sua mãe, então você deve…” e por causa disso acabei sustentando a casa por alguns anos.
Relato 2
Sim, já passei por isso dentro do trabalho. Alguém que tinha mais prestígio claramente usou disso, e ai quando reclamamos ouvimos que não podíamos reclamar devido ao prestígio que ele tinha.
Relato 3
Fui tirado da minha cidade, da família da minha mãe e dos meus amigos de infância, fui para um lugar totalmente novo, onde eu não conhecia ninguém, bom essa “vó” quando a gente visitava uma vez por mês ou a cada duas semanas era de boas, mas aí quando começamos a morar na casa dela foi um inferno. Ela se transformou ou mostrou realmente quem era.
Ela começou a querer nos controlar, me colocou em um colégio cristão. Onde tinha as atitudes mais “cristãs”, julgamento e preconceito. Passei anos nesse colégio sem nenhum amigo, o mais próximo que eu tinha era um garoto que sempre pedia meus salgados. Aí começaram a tirar sarro de mim, os funcionários testemunharam tudo. Mas nenhum deles me ajudou.
Comecei a tirar notas mais baixas, e quando chegava em casa eu era obrigado a ficar dentro do quarto com meu irmão, pq ela tinha regras e não queria bagunça na casa Mas o que você espera quando duas crianças vão morar na sua casa? Enfim.
Em momento de surto eu tentava ligar para a minha avó materna, só que essa outra “vó” colocou um telefone no quarto dela em que ela poderia monitorar e ouvir as ligações. Eu não podia nem falar disso com meus pais já que eles estavam dando o melhor que podia para a gente sair daquela situação A mãe do meu pai investigava as minhas coisas, meus desenhos ou só as palavras que eu escrevia, qualquer coisa para ser motivo de discussão ou reclamações para os meus pais.
Então eu não podia falar, não podia me expressar, não podia pedir ajuda e ainda tinha que ser grato por toda aquela situação. Na época eu tive mais dificuldades ainda com os estudos, e os professores cagavam para isso , sempre tive problemas para escrever, porque as letras sumiam da minha mente, mas conseguia ler muito bem, só que os professores não entendiam isso, eu demorava para copiar, e eles apagavam a matéria antes que eu pudesse terminar Eu não podia pedir para nenhum aluno pq ninguém queria me ajudar e meus professores menos ainda, pq eu não podia ter essa “ajuda” deles.
E aí , não parou por aí, quando você é uma criança que não tá indo bem nos estudos, não tem amigos, fica quieto na sala, o que acontece? Sim, você vira alvo. Crianças são maldosas. Foi aí que começaram a tirar sarro de mim, me prender no banheiro, nossa as vezes eu ficava o dia inteiro me segurando sem mijar para não me prenderem no banheiro e depois teve finalmente agressões.
Então quando chegava em casa eu ainda tinha que ficar dentro do quarto, preso porque criança não pode fazer bagunça, meu irmão era muito novo então nesse cenário ele ficava estressado e a gente brigava na porrada Bom com as minhas médias caindo e minhas explosões emocionais raras qual foi a solução? Sim, me levaram a um médico.
Me botaram para eu tomar remédios para cabeça por anos. Me fizeram acreditar que tudo aquilo que eu estava passando era simplesmente uma “Doença minha”. Perguntavam o porque de eu tomar remédio e eu não sabia responder além de ” É para que eu melhore” Mas pasme nunca, melhorei Eram 15 comprimidos de manhã e 15 a noite todos os dias, aos domingos eu tinha que comer um pó branco.
Quando Ryuji compreendeu que foi vitima de uma injustiça e opressão sistemática que diminuem e inibem direitos que deveriam ser de todos, mas que estavam sendo roubados, entendeu que ele não podia ficar calado mais, que isso acontecia com as maiorias e ele precisava ser uma inspiração para os outro. Ele decidiu lutar contra os “adultos podres” que abusavam do seu poder, privilegio e status para pisar em pessoas e tirar vantagem para serem superiores a custa da vida dos outros. Acordou para o seu espirito de rebeldia onde ele nunca mais ia ser paralisado pela uma injustiça.
Segue vídeo do despertar da rebeldia de Ryuji:
Recapitulando…
Começamos essa jornada de explorar e desmistificar o abuso. Começamos com um tipo de abuso que nem todos sentem ou melhor ainda, nem todos percebem que sentem. A Injustiça Social. Persona com uma frequência maior que o normal aborda isso. Quase todos os abusos remetem a algum tipo de injustiça, se não por estrutura de privilégios e valores sociais, outro.
Todo abuso é injusto, pois abusar alguém é tomar para si algo que é de direito do outro ou pegar mais do que tinha direito e injustiça é toda vez quem alguém não goza dos direitos que deveria ter ou não recebe de maneira igualitária uma troca.
Dessa forma o termo abuso social também está correto. Abuso é o ato, injustiça o resultado. A adição do termo social se dá quando a injustiça é incentivada de maneira estrutural na sociedade como um todo, seja por leis ou construção social da moralidade e normalidade. Através de privilégios, reputação e poder usando de ódio, intolerância, ignorância e valores de grupo, aberrações ser tornam normais como chamar de assassina uma menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio por estar abortando esse ato de violência.
MANIFESTO 2 — SILÊNCIO E OMISSÃO
Ann Takamaki — Abuso: Silêncio e Omissão
Ann era uma adolescente que tinha tudo para ser popular. Ela é linda e trabalha como modelo. No entanto existia um porém, ela sempre foi excluída por ser diferente, embora seja japonesa, seus pais são suíços e isso fez dela a única loira de olho azul em um país que ser diferente e se destacar não é uma coisa boa. Dessa forma ela cresceu sozinha e sem amigos com boatos a rodeando.
No ensino médio conheceu Shiho, uma menina japonesa que não se importava por ela ser diferente. Shiho queria fazer parte do time de vôlei da escola e Ann a apoiava. O treinador do time de vôlei era Kamoshida. O mesmo que havia quebrado a perna, acabado com a auto estima e reputação de Ryuji.
O que ninguém aparentemente sabia era que as duas estavam sendo abusadas. Kamoshida, que se achava dono da escola, abusava fisicamente dos alunos quando ficava com raiva. Batia mesmo. Ele desejava Ann e começou a ameaçá-la com a expulsão de Shiho do time se Ann não saísse com ele. De início ela conseguiu enrolar, só conversava com ele na escola, pegava uma carona, dava desculpa de trabalho e encontrava em lugares tipo cafeteria. Mas ele insistia em ir no apartamento dele.
As duas estavam sendo abusadas, violentadas e assediadas. Inconsequente disso havia boatos na escola de que Ann dava em cima dele. Pois na nossa sociedade sempre é culpa da mulher, mesmo se ela tem 15 anos e ele é o professor dela de 30 anos, se algo acontecer foi a mulher que não se deu ao respeito.
Diante disso tudo Ann se calou, aguentou e internalizou tudo que se passava, ela também sabia que algo estava acontecendo com Shiho, a luz tinha sumido dos olhos de sua amiga e seu corpo sempre estava coberto de hematomas, dos quais Shiho falava que eram do treino mas que Ann sabia que era mentira.
Ela viu o abuso mas escolheu ficar em silêncio. Quando o mundo ensina que você tem o seu lugar e que tanto crianças quanto mulheres tem que entender que o que elas pensam não importam e que na verdade é um incômodo, pessoas se sentem diminuídas, desimportantes, inseguras, impotentes e toda sua voz e personalidade some, no meio de um silêncio ensurdecedor.
Um dia no meio da aula, todos chamaram a atenção pois tinha uma menina do telhado, e ela iria pular. Ann vai até a janela e vê Shiho. Ela gritava, chorava, berrava mas Shiho não podia mais ouvir sua voz. Shiho pulou… nesse momento Ann viu todo poder e toda a destruição que o silêncio podia causar.
Shiho só queria que parasse. Mas como uma simples menina do ensino médio ia se impor e levantar considerando a grandeza do professor legalista aclamado por toda a escola.
Todos os colegas do time de vôlei sabiam, muitos também apanhavam, mas todos se calaram. Existiam alguns rumores disso, mas todos se omitiram.
E o fim foi Ann diante de sua amiga, que em vez de protegê-la, ela se calou, tudo porque não queria incomodar.
Pergunta
Já sofreu o abuso do silêncio? Tanto feito por outros quanto por você mesmo (alto silêncio)
Já esteve em uma situação em que você estava sendo abusado ou outra pessoa estava sendo abusada e você só abaixou a cabeça? Você viu mas evitou de ver, por qualquer motivo que seja (se sentir fraco, impotente, irrelevante ou simplesmente paralisado ou desacreditado) você simplesmente se calou e decidiu se cegar a isso, fingir que não existe.
Relato 1
Em 2018 em um domingo sofri homofobia dentro de casa. Eu lembro nitidamente de estar no meu quarto com fome pois uma tia minha falava de Bolsonaro todo domingo em família e como eu não queria discutir, eu queria respeitar a liberdade de expressão dela eu esperava ela ir embora para só aí descer.
Eu quero frisar, EU ESCOLHI ME CALAR. Eu baixei a cabeça, pois acreditava que ela tinha o espaço pra dizer o que quer, inclusive na casa em que eu morava. Uma tia minha veio à minha casa comer de graça e falar mal de mim para minha mãe. Minha mãe começou a xingar ela.
No dia anterior (sábado) a família tinha ido em um noivado e eu fui com meu namorado. Lá eu fiquei com o braço em volta do ombro dele, dei um beijo na bochecha e no máximo 2 ou 3 vezes demos selinhos, pois assim como todos, nos emocionamos com o momento. Sentimos alguns olhares de reprovação, mas estávamos acostumados, então deixamos para lá.
Minha tia acusou que o que a gente fazia não era normal, que devíamos respeitar as pessoas que estavam lá. Minha mãe disse que estávamos fazendo exatamente o que todos os outros casais do local estávamos fazendo. Minha tia respondeu “MAS OS OUTROS FAZEREM ISSO É NORMAL”, por alguma razão, o meu amor deu nojo a ela.
Eu estava na escada. Na discussão minha mãe uma hora falou que temos que respeitar. Foi nessa hora que aconteceu, ela gritou para a rua inteira ouvir “NÃO, NÃO TEMOS QUE RESPEITAR A ELES, ELES QUE TEM QUE NOS RESPEITAR!!”. Se você é LGBT, você sabe exatamente de onde é essa fala, e quem disse ela.
Ela estava gritando para o bairro inteiro ouvir. Ela queria menosprezar e humilhar eu e meu namorado que também estava em meu quarto.
Eu não conseguia acreditar. Ela tinha os espaço dela e eu dei um pouco do meu para não “incomodar”. Mas não era o suficiente, ela queria mais do meu espaço e mais, e mais até que eu não conseguisse respirar e me sufocasse.
Eu dei espaço pois queria respeitar a democracia dela. Mas na democracia dela, não existe espaço para quem pensa diferente dela.
Eu me culpei, e muito, pois eu tinha me calado respeitando o espaço dela, e ela não me respeitou nem na minha casa. Eu entendi então o que era real opressão. Como perdemos o ar e o chão e ficamos inertes, pois em todo momento que ela acontece nosso cérebro constantemente tenta nos contar que aquilo não é real, que aquilo não está acontecendo. Por mais que seja um instante aquilo se repete em nossa cabeça, mil vezes, de uma forma que parece que nunca acaba.
E no final, eu me culpava, porque eu escolhi me calar. Eu tinha uma voz, e eu não pude nem me dar o trabalho de fazer barulho.
Teve uma coisa que eu nunca cheguei a contar para ninguém. Após o ocorrido, eu escrevi um textão, e mandei pra família toda… alguns dias, se passaram e minha tia foi lá em casa. Eu senti algo que ainda acho difícil de descrever. Quando eu vi o carro dela estacionar, meu coração bateu mais rápido e quando ouvi a voz dela arrepiei e comecei a tremer, eu queria descer para o andar debaixo da casa, mas eu não conseguia, eu tremia e minha respiração ficava ofegante. Você já sentiu medo de ir para o andar debaixo da sua casa?? Porque eu senti, e foi desesperador.
Relato 2
Sim, principalmente na época de escola. Praticavam mto bullying lá, e apesar de as vezes eu fazer a “defensora dos fracos e oprimidos”, na maioria das vezes me calei, ou deixei quieto. É algo q me arrependo, mas é difícil fazer algo quando todos estão rindo e vc não quer virar motivo de chacota também.
Relato 3
No carnaval de 2018,eu fui com meu namorado da época no bloco, ele queria ficar perto do trilho e estava todo mundo empurrando. Eu sou PCD e uso uma prótese. Um hora eu caí quase embaixo do trilho, com o acontecimento eu sai correndo desesperado. Ele veio atrás e me deu sermão pelo que aconteceu e falou: “ se soubesse que você não aguentava que você ficasse em casa”. Depois disso a gente se perdeu da galera e ele ficou puto comigo e ficou me xingando. Eu me calei.
Quando Ann foi obrigada a encarar a consequência de sua omissão, entendeu que quem se silencia escolhe o lado do opressor e abre mão de seu espírito, de sua voz, autoestima, dignidade e de tudo que te faz humano. Ela tinha duas escolhas: ou se tornava uma vítima das atitudes de outros e abaixava a cabeça, ou se erguia e usava sua voz em uma luta de revolta por todas as vozes roubadas. Só é vítima quem se cala.
Ann assumiu responsabilidade pelos seus atos e está convicta em fazer ou outros assumirem responsabilidade pelo mal que criaram. Nunca mais ela será uma massa para perpetuar esses atos. Amor próprio e empatia irão guiar todos os seus feitos. Ela reconquistou a si mesma e empoderou o seu espírito. Ele poderá até errar, mas errará com sua própria voz e com seus atos, afinal, para quem nunca usou sua voz antes é normal errar até aprender a se comunicar.
Ann decidiu passar a vida contando histórias de pessoas que precisam ser ouvidas e que precisam ser lembradas de suas vozes, segue o vídeo de quando ela acordou para seu espírito de rebeldia:
Recapitulando…
Já cobrimos dois tipos de abusos muito comuns, ambos bem nocivos tanto para a sociedade quanto para o indivíduo. A injustiça social e o abuso produzido com o silenciar de vozes.
Persona é uma série de jogos considerada social acima de tudo, nos ensinando através do exemplo como nossas ações tem consequência no outro, na sociedade e em nós mesmos.
Quando nos silenciamos, tudo sobre nós some junto, personalidade, alma, dignidade dentre muitas outras. O próprio ato de silenciar é a abdicação do eu.
Às vezes somos levados a acreditar que existem razões para se calar, ou que existe um momento em que talvez as necessidades do coletivo seja mais importante que as individuais.
Não pregarei o manifesto dos direitos individuais. Mas enfatizo, existe uma diferença clara entre opressão/abuso imposto em cima de um indivíduo ou um grupo e ações para o bem comum. Opressão é feita para o privilégio, vantagem e poder do opressor. O bem comum sempre exalta a comunidade e o indivíduo.
Afinal, o “nós” nada mais é que o coletivo de vários “eus”