O diretor pernambucano Guel Arraes ganhou o prêmio de Melhor Diretor na 27ª edição do Critic ‘s Pick Tallinn Black Nights Film Festival (PÖFF), na Estônia, com o seu trabalho no filme Grande Sertão, uma adaptação da obra Grande Sertão Veredas, do escritor Guimarães Rosa.
A estreia mundial do filme Grande Sertão aconteceu durante o festival da Estônia, ao qual concedeu o prêmio ao diretor Guel Arraes . Portanto, o filme conta a história de uma grande comunidade da periferia chamada “Grande Sertão” e a luta entre policiais e bandidos e traz temas como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo.
“Prêmio de direção significa prêmio para os artistas e produtores do filme também porque ele só é possível se tudo isso funciona junto. É interessante também que um filme tão ancorado na realidade brasileira e na recriação do português que faz Guimarães Rosa tenha se destacado num festival internacional”.
Guel Arras em comunicado após ganhar o prêmio
Para os amantes de obras literárias, o filme traz ao cinema mais uma vez a história de Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa. Dirigido por Guel Arraes, esse remake tem em seu elenco nomes como Caio Blat, Luisa Arraes, Rodrigo Lombardi, Luís Miranda, Eduardo Sterblitch, Mariana Nunes e Luellem de Castro.
O filme Grande Sertão tem estreia marcada no Brasil para 30 de Maio de 2024.
Sinopse Grande Sertão
Numa grande comunidade da periferia brasileira chamada “Grande Sertão”, a luta entre policiais e bandidos assume ares de guerra e traz à tona questões como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo. Riobaldo (Caio Blat) entra para o crime por amor a Diadorim (Luisa Arraes), mas nunca tem a coragem de revelar sua paixão. A história, narrada por Riobaldo, é marcada pela presença de um personagem enigmático, Diadorim, que se torna um grande amigo dele e desperta sentimentos complexos. A identidade de Diadorim é um mistério constante para Riobaldo, que lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. Nesse percurso transcorre as batalhas e escaramuças da grande guerra do Sertão.
Obra original de Guimarães Rosa
A obra pertence a terceira fase do modernismo brasileiro e sua linguagem é em primeira pessoa (pois é narrado pelo próprio Riobaldo). O escritor mineiro desconstrói a língua portuguesa afim de deixar fluir a fala do homem do sertão. O monólogo está descrito em 600 páginas sem capítulos, porém dividido em dois volumes.
O livro, publicado pela primeira vez em 1956 traz a luz o romance entre Riobaldo e Diadorim, dois ex-jagunços em meio a República Velha (Sertão de Minas Gerais, Goiás e Bahia). Durante a primeira parte do livro, Riobaldo permeia os questionamentos filosóficos ocidentais tais como a origem do homem, a origem da vida, Deus e o diabo, o bem e o mal. Dessa forma, sua fala torna-se desconexa pois ele traz a tona suas inquietações. Ainda na infância ele conhece seu amigo Reinaldo que em conversa com Riobaldo diz se achar diferente.
No desenrolar da história, a mãe de Riobaldo falece e sua vida transforma-se completamente ao mudar de residência. A história se dá em meio a disputas entre grupos de jagunços e em certo momento, eles permanecem em um período de paz. No entanto, uma segunda batalha inicia de forma mais sangrenta e ao fim, Diadorim enfrenta Hermógenes e ambos morrem. Em suma, a obra tornou-se uma das mais famosas de Guimarães Rosa.