Jimmy Cliff morreu aos 81 anos após uma convulsão causada por pneumonia; carreira inclui marcos musicais globais e forte conexão com o Brasil
A morte de Jimmy Cliff (1944-2025), anunciada por sua esposa Latifa nas redes sociais, movimentou o cenário cultural internacional nesta segunda-feira (24). O cantor e compositor jamaicano, figura central na expansão do reggae, morreu aos 81 anos após sofrer uma convulsão decorrente de um quadro de pneumonia.
A confirmação foi feita por meio do perfil oficial do artista no Instagram, acompanhado de uma mensagem direcionada aos fãs de todo o mundo. A notícia encerra um ciclo de mais de seis décadas de atividade musical e reacende discussões sobre a trajetória do artista no cinema, na música e na circulação global dos gêneros jamaicanos.
Ascensão musical e impacto internacional
Jimmy Cliff nasceu em St. James, na Jamaica, e iniciou sua trajetória ainda adolescente. Aos 14 anos, mudou-se para Kingston com o objetivo de ingressar no mercado musical e, nesse processo, adotou o sobrenome “Cliff” como metáfora para suas ambições. A partir dos anos 1960, o cantor passou a lançar faixas que o aproximaram do ska e do rocksteady, como “Hurricane Hattie” e “King of Kings”.
Esses primeiros lançamentos funcionaram como ponto de partida para sua consolidação entre os novos talentos jamaicanos, marcando uma transição importante rumo ao reconhecimento nacional. Em 1964, Cliff deu um novo passo ao assinar contrato com a Island Records. A gravadora que desempenhou papel crucial na expansão da música jamaicana fora do país.
Com isso, sua carreira ganhou estrutura profissional e projeção internacional. Seu primeiro álbum, “Hard Road to Travel” (1967), antecedeu o período em que o artista alcançaria visibilidade global. A partir daí, músicas como “The Harder They Come”, “You Can Get It If You Really Want”, “Wonderful World, Beautiful People” e “Many Rivers to Cross” ampliaram sua presença no mercado e fortaleceram sua relação com o público de diferentes regiões.
Além da música, Cliff ampliou sua atuação artística e encontrou no cinema outra frente relevante de expressão. Em 1972, protagonizou “Balada Sangrenta“, filme que não apenas reforçou sua imagem pública, mas também serviu como porta de entrada para o reggae e para a cultura rastafári em novos mercados. A recepção do longa impulsionou sua circulação internacional e abriu espaço para colaborações com artistas como Rolling Stones, Elvis Costello e Rancid, consolidando o artista em múltiplas linguagens e contextos culturais.
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Conexão com o Brasil e relação com a cultura nacional
A presença de Jimmy Cliff no Brasil começou em 1968, quando se apresentou no Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Foi nesse período que o artista compôs parte de “Wonderful World, Beautiful People”, que mais tarde alcançaria as paradas dos Estados Unidos. Além disso, ele também gravou o álbum “Jimmy Cliff in Brazil” e visitou o país repetidas vezes, especialmente durante os anos 1980.
O músico manteve ligação constante com artistas brasileiros. Em 1980, excursionou com Gilberto Gil. Nos anos seguintes, teve músicas em trilhas sonoras de novelas, como “Hot Shot” em “Ti Ti Ti“ (1985), e gravou um clipe no Rio de Janeiro dirigido por Tizuka Yamasaki. Já nos anos 1990, participou do “Acústico MTV” dos Titãs, em que reinterpretou “The Harder They Come”, versão que ficou conhecida no Brasil como “Querem Meu Sangue”.
Jimmy Cliff viveu entre Rio de Janeiro e Bahia, onde nasceu sua filha Nabiyah Be, atriz do filme “Pantera Negra“. Ao longo da carreira, o artista recebeu condecorações como a Ordem do Mérito da Jamaica e duas premiações no Grammy. Seu último lançamento foi “Human Touch”, em 2021.
Com a morte do cantor, sua produção volta ao centro das atenções. Assim, evidenciando o papel fundamental que teve na difusão do reggae para além da Jamaica, bem como sua relação duradoura com o público brasileiro.
Imagem de capa: José Jordan/AFP
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