Primeira série islandesa com produção original da Netflix e criação de Baltasar Kormákur e Sigurjón Kjartansson, Katla traz a união de ciência e mito em uma distopia que apresenta a cultura islandesa sob uma nova temática.
Na série, a cidade é coberta com as cinzas da erupção e os moradores que ficaram são os resistentes à evacuação. Os acontecimentos se iniciam com o aparecimento de uma estranha nua e coberta de cinzas que se identifica como Gunhild (Aliette Opheim). A partir daí a protagonista e investigadora Grima sai em busca de respostas, reencontrando sua irmã desaparecida há um ano e até mesmo uma versão das cinzas de si.
A ciência é inserida na série com a descoberta de um material especial que pode ser o que causa as voltas inesperadas dos desaparecidos/mortos da cidade. E o mito islandês é a teoria de que aqueles que retornam não são os mesmos de antes, mas changelings – ou crianças trocadas, de fadas ou trolls.
Mas o que fica nas entrelinhas e compõe o desenvolvimento dos personagens que podemos destacar aqui?
Bom, de início, podemos pensar na escolha difícil que os moradores tiveram de fazer: sair e abandonar tudo o que construíram por uma vida, suas casas e bens; ou ficar e correr o risco de morrer pelas cinzas. Duas adaptações dolorosas que levantam as seguintes perguntas: sua vida é onde você está ou com quem você vive? Sem qual dessas opções tudo perderia o sentido?
Continuando nos acontecimentos, o que você faria se alguém querido há muito tempo perdido retornasse, mas não fosse como você se lembra? Se fosse perigoso? Um casal tem a oportunidade de ter seu filho de volta, mas ele traz questões mal resolvidas que envolvem sua morte.
Também temos uma infância marcada pelo suicídio da mãe, uma esposa com remédios trocados e amantes separados pelo tempo e falta de comunicação.
As relações da série são abordadas de forma natural e problemática, o que pesa ainda mais com o ar cinzento da cidade, e a finalização deixa a entender uma continuação, onde os changelings serão uma interação inevitável.
Sinopse de Katla na Netflix: “Com a catastrófica erupção do vulcão Katla, mistérios emergem do gelo e viram a vida de uma comunidade de cabeça para baixo.”