Em rara entrevista, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, falou sobre excesso de conteúdo, reformulação dos X-Men, orçamento apertado e mais
Kevin Feige, o homem por trás do fenômeno bilionário que é o Universo Cinematográfico Marvel (MCU), abriu as portas do futuro da franquia.
Falando com um grupo de jornalistas, Feige revelou como o estúdio se prepara para dar uma guinada após um período marcado por saturação de conteúdo e recepção morna do público.
“Produzimos 50 horas de histórias entre 2007 e 2019”, lembrou ele. “Nos seis anos desde Ultimato, tivemos bem mais de 100 horas, na metade do tempo. É demais.” A constatação serve como pano de fundo para uma série de mudanças drásticas que estão em curso dentro da Marvel Studios.

Marvel admite erros e promete menos lançamentos e mais qualidade
Após a conclusão da Saga do Infinito com Vingadores: Ultimato, a Marvel embarcou em uma fase de “experimentação”, segundo Feige, com projetos como Eternos (2021) e Shang-Chi (2021).
A aposta no Disney+ ampliou o universo, mas também impôs um desafio. “A expansão levou as pessoas a dizerem: ‘Costumava ser divertido, mas agora preciso saber tudo sobre tudo isso?’”, reconheceu.
O resultado foi um desgaste visível, sete dos 13 filmes lançados desde a pandemia arrecadaram menos de US$ 500 milhões mundialmente, uma quebra considerável quando comparada com a performance da fase anterior.
Feige é claro ao apontar o desequilíbrio entre volume e qualidade como o principal vilão dessa nova fase. “Pela primeira vez, a quantidade superou a qualidade”, admitiu.
O executivo também comentou sobre o sucesso recente da concorrência. “Vejam Superman. Claramente não é fadiga de super-heróis, certo?” Feige elogiou a produção da DC, chamando-a de imersiva e corajosa.
Parte da resposta da Marvel será reduzir o ritmo. A partir de 2025, o estúdio planeja lançar no máximo três filmes por ano e apenas uma série live-action por vez.
“Acho que permitir que uma série de TV seja uma série de TV é o que estamos buscando”, disse Feige. A integração entre filmes e séries será limitada, afastando a obrigatoriedade de assistir a tudo para entender qualquer coisa, um problema que, segundo ele, afetou até bons títulos como Thunderbolts.

Kang fora, Doutor Destino e novo começo com Quarteto Fantástico
Feige também atualizou projetos em desenvolvimento. Confirmou que Vingadores: Guerras Secretas, previsto para 2027, encerrará a Saga do Multiverso e funcionará como um “reinício” do MCU, com reformulação completa dos X-Men e outros personagens. “Ultimato era sobre finais. Guerras Secretas é sobre começos”, afirmou.
Além disso, questionado sobre Miles Morales, foi direto: “Isso não está em lugar nenhum”. Segundo ele, a Sony pediu à Marvel para “ficar longe” até a conclusão da trilogia animada, prevista para 2027.
Ainda assim, há entusiasmo por parte do chefe do estúdio. O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, com estreia próxima, será um ponto de recomeço, sem necessidade de contexto prévio.
“É um filme sem lição de casa”, garantiu. Estrelado por Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Ebon Moss-Bachrach e Joseph Quinn, o longa será situado em um universo paralelo, livre de conexões com os títulos anteriores.
No campo das séries, Feige confirmou que Ironheart e Wonder Man ficaram prontos há mais de um ano, mas foram engavetados. “Não gosto quando as coisas ficam paradas nas prateleiras. É um saco”, disse.
Um dos momentos mais aguardados da entrevista envolveu o futuro do vilão Kang, inicialmente apresentado como o novo Thanos da saga. Após a condenação de Jonathan Majors por agressão, o personagem foi descartado.
“Começamos a perceber que o Kang não era grande o suficiente”, afirmou Feige. Ele confirmou que Robert Downey Jr. retornará ao MCU, desta vez como o Doutor Destino, antagonista em Vingadores: Apocalipse, que substituirá A Dinastia Kang em 2026.
LEIA MAIS: Annabelle | Investigador paranormal morre após exibir boneca em turnê nos EUA

Marvel mantém ícones no passado e evita cravar alguns retornos
Sobre participações especiais e personagens esquecidos, Feige manteve o mistério. Charlize Theron, Harry Styles e Sacha Baron Cohen estão nos arquivos da Marvel, mas sem previsão de retorno.
“Você quer vê-los de novo?”, respondeu com um sorriso. E completou: “Vamos conversar novamente daqui a 12 anos e ver quem volta”.
Ele também comentou sobre a renovação de ícones como Tony Stark e Steve Rogers. “Acho que é difícil para qualquer um fazer isso quando um ator interpreta um papel tão bom”, disse.
Se depender de Kevin Feige, o MCU está longe de chegar ao fim, mas os próximos capítulos terão menos pressa, menos volume e mais espaço para respirar. A pergunta que fica é: será o suficiente para reconquistar a audiência?
Imagem de capa: Getty Images
Para mais textos e notícias do universo geek sigam o GeekPop News no Instagram e Facebook.