Conheça o universo diverso da Literatura Marginal e sua importância como ferramenta de resistência e transformação social.

A literatura marginal, assim como diz seu nome, teve sua origem nas margens da sociedade. Assim, ela é um movimento literário que se destaca com uma abordagem alternativa e que, muitas vezes, desafia às normas estabelecidas. Surgiu na década de 1970 com a poesia, especialmente nas periferias urbanas como uma expressão das vozes marginalizadas da sociedade.

Portanto, seu surgimento foi dentro do contexto da ditadura militar, quando muitos dos artistas não podiam usar a sua voz para expor as injustiças sociais da época.Dessa forma, ela valoriza a diversidade de experiências e perspectivas e oferece uma visão única da realidade vivida por muitos brasileiros à margem da sociedade.

Conheça algumas das características da Literatura Marginal

Na imagem vemos a autora do livro Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus. Na foto, a autora está autografando um dos seus livros.
Carolina Maria de Jesus, uma das principais autoras da Literatura Marginal. | Foto: Domínio Público

A Literatura Marginal se destaca por algumas características distintas que a diferenciam da Literatura Tradicional. A principal característica é a narrativa não convencional e não linear, por vezes muito fragmentada. O que nos leva a refletir sobre a complexidade nas periferias urbanas. Outra característica importante é a linguagem autêntica usada pelos autores, como uma forma de trazer para o texto a linguagem falada nas ruas, o que gera mais veracidade e identificação ao leitor.

Como o próprio nome diz, a literatura marginal aborda temas marginalizados pela sociedade, como violência, desigualdade social, racismo e questões de gênero, dando voz a experiências muitas vezes silenciadas. E, assim, podemos identificar um outro fator que define essa literatura e de extrema importância: a representatividade.

A Literatura Marginal fala das experiências das periferias urbanas do cotidiano, valorizando a pluralidade de identidade e vivências, nos levando a refletir sobre causas sociais e políticas. Aqui, a literatura é usada como uma forma de protesto e denúncia de injustiças.

Dessa forma, essas características fazem da literatura marginal uma forma de expressão poderosa e impactante, capaz de revelar realidades muitas vezes invisíveis e promover reflexões sobre questões sociais mais urgentes.

Obras da Literatura Marginal que você precisa conhecer

Na imagem, vemos a capa de três livros que estão classificados como literatura marginal: Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, Os ricos também morrem do autor Ferréz, e Literatura, pão e poesia, do autor Sérgio Vaz.
Foto: Divulgação

A Literatura Marginal muitas vezes, como uma expressão artística, encontra sua voz em formas de publicação alternativas. No entanto, muitas obras se destacaram por sua autenticidade e resistência, sendo amplamente conhecidas. Assim, abaixo você pode conferir 3 principais obras essenciais para quem quer se familiarizar um pouco mais com essa literatura.

  • Quarto de Despejo , de Carolina Maria de Jesus: um relato autobiográfico escrito por uma mulher negra e da favela, publicado em 1960. Carolina Maria de Jesus era catadora de papel, e era esse o material que usava como diário, escrevendo suas vivências de forma crua e realista. Assim, a obra é um testemunho poderoso que revela a realidade marginalizada e invisível de muitos brasileiros.
  • Os ricos também morrem, de Ferréz: publicado em 2003. O romance retrata o cotidiano violento e marginalizado das periferias de São Paulo. Dessa forma, acompanhamos a vida dos personagens que enfrentam duas realidades, revelando as complexidades e contradições de uma sociedade marcada pela exclusão e violência. Com uma linguagem direta e impactante, por vezes ágil, lembrando um rap, Ferréz traz um retrato autêntico das periferias urbanas.
  • Literatura, Pão e Poesia, de Sérgio Vaz: publicado em 2008, a obra reúne uma série de poemas e crônicas que abordam temas como cultura, política e sociedade, com um olhar sensível e poético. O autor é um dos fundadores da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia). Dessa forma, suas crônicas refletem a importância da literatura e da poesia como formas de resistência e transformação social. O livro é um convite à reflexão e à valorização das artes como instrumentos de mudança e libertação.

É possível encontrar diversas obras da Literatura Marginal que oferecem um mergulho profundo na experiência humana, que é muitas vezes negligenciada pela literatura convencional.

Além disso, esses livros são uma excelente opção para quem está enfrentando uma ressaca literária. Ler essas obras não apenas nos faz refletir sobre questões importantes, mas também nos ajuda a conectar com a diversidade de vozes e experiências que compõem nossa sociedade.

Redatora em experiência sob supervisão de Giovanna de Souza