Nesta quinta-feira (04), The Witch and the Beast (Majo to Yajuu) encerrou a primeira temporada. A adaptação é do mangá famoso de Kousuke Satake, que está em hiato há mais de um ano. Dessa forma, não há confirmação de uma sequência, contudo esta é uma possibilidade, uma vez que a publicação do mangá ainda não foi finalizada. De antemão, uma coisa é certa: esse é um dos animes da última temporada que mais chamou a atenção. Por isso, vem com a gente saber se o final vale a pena ou não!
A caça às bruxas: a abordagem de um assunto tabu
Antes de mais nada, relembre a premissa de The Witch and the Beast (Majo to Yajuu):
Sinopse: Tudo começou com as “17 Origens”, cujos poderes foram transmitidos a indivíduos que ainda existem em todo o mundo nos dias de hoje. Um homem misterioso carregando um caixão e uma garota de olhos selvagens chegam a uma cidade. A garota está amaldiçoada por uma bruxa e busca desesperadamente por ela para quebrar o feitiço. A bruxa, finalmente encontrada, é realmente quem eles procuravam? E como essa maldição pode ser desfeita? A jornada de vingança contra a bruxa malévola começa quando a garota captura sua presa! Assim começa essa intensa e envolvente fantasia sombria!
Não é de hoje que ouvimos falar da caça às bruxas. Primordialmente, esse movimento, conhecido como Inquisição, consistia em uma perseguição às mulheres que supostamente possuíam poderes sobrenaturais. Tais eventos ocorreram a partir do século XIII até meados do século XVIII, sob liderança da Igreja, em uma tentativa de impedir que as pessoas se desviassem dos ensinamentos cristãos. Tal qual, no mundo fictício do anime, a Igreja Sagrada Global comanda ações para o controle das bruxas, que vivem livremente sob conhecimento público.
Funciona da seguinte forma: há a Ordem de Ressonância Mágica, da qual o protagonista, Ashaf, faz parte. Os membros da Ordem partem em missões para resolver problemas relacionados ao uso indevido de magia. Bem como, há também o Corpo de Paladinos, a única organização militar que pode lidar com incidentes relacionados a bruxas. Assim, se configura enquanto um exército mágico que luta pela paz mundial, a serviço da maior organização internacional do mundo, a Igreja Sagrada Global.
Ainda que com a missão de resolver atrocidades mágicas de proporções gigantescas, os paladinos nem sempre se mostram confiáveis, com decisões questionáveis quanto a objetivos e moral. Logo, temos os Executores, o lado sombrio do Corpo de Paladinos, uma força secreta de caçadores que tem como alvo todas as bruxas, boas ou más, e usam de todos os meios para caçá-las até a extinção. Com isso, a animação parte para uma abordagem profunda e com diversas camadas sobre a caça as bruxas, mostrando que há casos em que ela se justifica, e outros que não.
Personagens e relacionamentos
De início, os protagonistas, Ashaf e Guideau, encontram muitas bruxas que usam a magia para fins cruéis, e nisso os personagens, principalmente Guideau, um homem com força sobrenatural que foi amaldiçoado por uma bruxa no corpo de uma garota, têm a opinião de que elas só trazem o caos e a destruição. Todavia, enquanto Guideau só pensa em vingança e generaliza as bruxas, Ashaf possui uma perspectiva mais analítica de cada situação.
Como membro da Ordem de Ressonância Mágica, Ashaf tem conhecimento técnico de bruxaria, e assim ele se torna muito útil nas missões, demonstrando um grande poder de magia com a mana (magia de runas). Sua relação com Guideau só é mais aprofundada no final da temporada, mais precisamente a partir do episódio 10. Em suma, trata-se de uma parceria balanceada entre lógica e instinto. No entanto, mesmo com aproximação e companheirismo fortes, até então não fica claro se existe uma amizade ou apenas uma relação de interesse mútuo.
Para além dos personagens principais, há muitos outros interessantes: Haines, uma maga que trabalha para a polícia de Hayden; Phanora e Johan, uma dupla que atua com necromancia; Helga, uma bruxa do clã das Bruxas Destemidas; e Falvell, uma bruxa sem poderes mágicos desenvolvidos que sofre perseguição em sua cidade. São vários os personagens do universo, mas os citados são aqueles cuja circunstância e vivência esbarram no caminho dos protagonistas, acarretando em desdobramentos para a trama no geral.
Sobretudo, Ashaf e Guideau prestam auxílio a todos que precisam, desenvolvendo relacionamentos sólidos e com uma boa troca no decorrer de sua jornada. Os personagens são bem construídos, únicos e com motivação própria, criando assim uma história palpável. Juntamente com uma mitologia bem fundamentada, o anime possui efeitos que despertam a curiosidade e a empolgação do telespectador.
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Afinal, Majo to Yajuu (The Witch and the Beast) vale a pena?
Pode-se afirmar que Majo to Yajuu prende a atenção do início ao fim. Com personagens fortes e um enredo eletrizante e coerente, o anime se firma como uma produção envolvente e criativa. Já à primeira vista, as cenas de diversos acontecimentos se sobressaem e chocam a audiência, em narrativas bem amarradas e chocantes por si só.
Além disso, na abordagem dos temas mágicos costuma haver um fio de sentido e estrutura por trás, como é o caso da necromancia, por exemplo; A princípio, o procedimento é realizado por um necromante, e há regras para a realização do procedimento no país. Porém, nos três estágios de controle dos chamados mortos-vivos, muita coisa pode acontecer, e assim se desenrolam momentos de muita ação.
Desse modo, o anime consegue explorar diversos assuntos, inclusive muitos deles polêmicos, mas com uma estrutura lógica em sua fundamentação, sem forçar que algo aconteça. Ademais, conforme o universo se amplia, instrumentos e poderes mágicos vão sendo introduzidos, criando um espaço para que os acontecimentos transcorram naturalmente e com fluidez.
Apesar disso, ficam faltando algumas conclusões importantes, o que pode ser devido a uma possível continuação, intenção que fica clara com o mundo mágico sendo expandido no último episódio. Nesse sentido, o final do anime consegue firmar-se com impacto e envolvimento, deixando algumas pontas soltas de forma a incitar a curiosidade dos fãs e criar expectativa para uma sequência.