O romance de estreia de Marina Monteiro, “Açougueira“, explora profundamente a complexidade da violência doméstica. A narrativa, por sua vez, acompanha personagens que navegam por temas como paixão, tradições sociais, desejo, relações familiares, justiça e, especialmente, violência. Inspirada em casos reais amplamente divulgados nas redes sociais, reportagens e notícias, a autora cria uma obra impactante e reflexiva.
Dividido em cinco partes — “O Reflexo no Braço Dele“, “Coro de Vizinhos“, “De Fora a Fora“, “Coração Fazendo Goteira” e “Voz Escorrendo” — o livro inclui um caso de assassinato e esquartejamento em uma cidade pequena, com a esposa da vítima como principal suspeita. Marina afirma que:
Comecei a observar como a Justiça prontamente já coloca essa mulher no centro do palco de acusação. Tirar a vida de alguém é um crime que precisa ser punido, assim como violentar uma mulher, física ou psicologicamente, também deve ser. Mas o que acaba acontecendo, na maiorias das vezes, é uma culpabilização da vítima.
Lançada pela Editora Claraboia, a trama é, primeiramente, construída a partir de depoimentos dos personagens para uma autoridade, onde a esposa descreve o relacionamento desde o início. Além disso, o relato é complementado por testemunhos de vizinhos e conhecidos que, por sua vez, não simpatizavam com o casal. Embora os personagens não tenham nomes, o leitor, ainda assim, consegue identificá-los ao longo da história.
Sobre a autora
Marina Monteiro é, também, atriz, produtora, arte-educadora e gestora cultural. Além disso, como escritora, ela trabalha com textos dramáticos, literários e roteiros. Autora de “Comendo Borboletas Azuis“, “Em Nossa Cidade Amarelinha Era Sapata” e “Contos de Vidas, Pontos de Queda“, Marina vê “Açougueira” como, sem dúvida, um marco em seu amadurecimento artístico.
Leia um trecho do livro:
Tava gostando. Que mãe não gostava? Ia arranjar a filha nova ainda. Mais cedo que as vizinhas do entorno da igreja. Talvez nem precisasse rezar novena. Bastava uma vela pra santinha, em agradecimento. Ia arranjar a filha com homem trabalhador, de braço duro e suado. Homem bom. O suor tem valor. Eu disse, o suor é o começo da minha história.
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Redatora em experiência sob a supervisão de Anna Flávia Lopes