Luna Vitrolira escreve sobre o sentimento de não ter família e desconhecer o próprio passado. Esse é o tema de “Memórias tem Águas Espessas”, um longo poema narrativo em busca da sua ancestralidade na Zona da Mata de Pernambuco.

A autora fala sobre como o processo de colonização e o sistema escravocrata dispersou a genealogia do povo negro. Ou seja, a linhagem familiar da população negra, foi desfeita, uma consequência direta da escravidão, uma vez que pessoas foram separadas de suas famílias e comunidades.

Luna então fala sobre essa parte de sua história, da qual nunca teve conhecimento. Uma investigação que também levantas questões sociais importantes:

“O meu ponto de partida é a minha vivência, mas essa é a história de muitas pessoas nesse país e mundo. Sofremos a dispersão dos nossos familiares durante a escravidão, com o tráfico ilegal de pessoas. Fomos vendidos, perdemos contato, perdemos a relação e a possibilidade de viver esse afeto familiar, porque fomos separados. De alguma forma isso continua, seguimos nos desintegrando, sem saber quase nada sobre nosso passado.”

O cenário é a Zona da Mata de Pernambuco e como o sistema colonial da cultura da cana-de-açúcar ainda se mantém. Lembrando que Pernambuco foi um dos estados com maior população de escravos entre os séculos XVI e XIX.

Sobre a escritora

Luna Vitrolira | Foto: José de Holanda

Gabriele Lira, conhecida por seu nome artístico, Luna Vitrolira é poeta, cantora, compositora. Além disso, também é atriz, palestrante. É mestra em Teoria da Literatura, com ênfase em oralidade e poética das vozes. Luna nasceu em Recife, capital de Pernambuco, mas cresceu na cidade de Paulista.

Começou a escrever poesia aos 15 anos. Seu primeiro livro: “Aquenda – o amor às vezes é isso”(2018) foi finalista do Prêmio Jabuti. Ao longo de sua carreira, já se apresentou em eventos literários como a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e a Bienal do Livro de Pernambuco. Também é idealizadora do projeto “Mulheres de Repente”, que traz o repente feminino do Sertão do Pajeú.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Luna Vitrolira, acesse o Instagram oficial.Memórias tem Águas Espessas” está disponível para venda nesse link.