Faleceu na madrugada desta sexta-feira (14) o cineasta Cacá Diegues, um dos nomes mais importantes do cinema brasileiro. A informação foi divulgada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), na qual o cineasta era membro imortal detentor da cadeira 7. Segundo a ABL, Diegues faleceu após sofrer complicações durante um procedimento cirúrgico.
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Cacá Diegues foi parte de importantes movimentos artísticos no cinema brasileiro e deixou uma vasta filmografia em mais de 60 anos de carreira. Entre as obras do cineasta estão os clássicos “Bye Bye Brasil”, “Deus é Brasileiro”, “Cinco Vezes Favela”, “Tieta do Agreste” e “Um Trem para as Estrelas”.
Cacá Diegues trouxe a realidade brasileira para as telas
Diegues foi um dos fundadores do Cinema Novo, movimento dos anos 60/70 que estabeleceu uma identidade cinematográfica para o Brasil, a fim de contrapor as tendências “hollywoodianas” no país. Junto aos cineastas Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade, suas produções levaram a realidade brasileira para as telas.
As obras desse período abordaram temas como a luta de classes, o êxodo rural e o pluralismo cultural no país. Dessa forma, filmes como “Cinco Vezes Favela” (de Diegues), “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Vidas Secas” e “O Desafio” se tornaram um divisor de águas na produção nacional.
Diegues foi parte da resistência contra a Ditadura Militar e refletiu sua oposição em suas obras. Por consequência, deixou o país em exílio em 1969, após a decretação do AI-5. Retornando anos depois, produziu os filmes “Quando o Carnaval Chegar”, “Joanna Francesa” e “Xica da Silva”, um de seus maiores sucessos.
Na década de 80, produziu “Bye Bye Brasil”, filme que retrata a realidade de trupes artísticas mambembes no Brasil, abordando o contraste entre as condições de vida, costumes e produções culturais nas áreas rurais e urbanas do país.
Diegues foi candidato do Brasil ao Oscar 7 vezes
Cacá Diegues é o cineasta que mais representou em campanhas ao Oscar, apesar de não ter conquistado nomeações. A primeira delas foi “Xica da Silva”, em 1977. Posteriormente, foi o candidato brasileiro com “Bye Bye Brasil” (1980), “Um Trem para as Estrelas” (1987), “Dias Melhores Virão” (1989), “Tieta do Agreste” (1997), “Orfeu” (2000) e “O Grande Circo Místico” (2019).
Apesar de ter disputado nomeações, o cineasta defendeu em entrevista à TV Brasil em 2019 que a opinião pública está acima de premiações internacionais: “Eu não faço do Oscar o juiz supremo do cinema brasileiro. Aliás, de nenhum filme do mundo, do brasileiro sobretudo. Quem julga a qualidade do filme é o espectador”.
Filme inédito será lançado neste ano
Em produção desde 2022, “Deus Ainda é Brasileiro” é a última obra do cineasta, com previsão de estreia para o segundo semestre de 2025. A história se passa em Alagoas e contou com elenco e equipe técnica majoritariamente alagoana. O filme reflete a realidade brasileira pós-pandemia e os acontecimentos políticos dos últimos anos.
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