A literatura brasileira perde mais um grande nome, a escritora Nélida Piñon morreu aos 85 anos no último sábado (17/12). Nélida foi a primeira mulher eleita presidente da ABL – Academia Brasileira de Letras, da qual era membro desde 1989 . A autora teve uma partida tranquila, segunda sua amiga e secretária que a acompanhava há anos.
O romance de estreia da autora foi o Guia-mapa de Gabriel Arcanjo (1961). Sendo assim, o tema religioso da obra acompanharia a escritora em muitos outros livros, incluindo O fundador, de 1969, que rendeu a ela o prêmio literário Walmap. Assim, em 1989, veio o maior reconhecimento em terras brasileiras, a autora entrou para a Academia Brasileira de Letras (ABL) para ocupar a cadeira de número 30, deixada por Aurélio Buarque de Holanda.
“Não aceito o conceito de que utopia é manejada pelos poderosos, grandes sonhadores, intelectuais. Acredito que cada qual tem o direito ao sonho modesto, pobre, que é uma utopia pessoal. Sempre achei que a imigração é um movimento utópico”.
Sua última obra foi lançada ano passado, um romance em que ela queria fazer os leitores entenderem a gênese narrativa das Américas. Assim, foi passar uma temporada em Portugal para ver de perto a história. O romance, Um dia chegarei a Sagres, foi finalmente lançado após um intervalo de 14 anos de sua última publicação.
Além disso, sobre sua temporada em Portugal, a autora contou: “Visitei as aldeias e tudo que enriquecia minha imaginação. O imaginário é uma composição de todos os saberes. Isso foi extraordinário, eu tinha a impressão que estava convivendo com o infante, que ele me ditava regras do seus poderes, da expansão do império”.
Por fim, Nélida deixa um legado único para a literatura brasileira, sua voz será imortal e está eternizada em seus livros.