O dicionário define nostalgia como “saudade de alguma coisa, de uma circunstância já passada, de uma condição que deixou de possuir, de um lugar ou de algo que já viveu”. Existem outras definições, mas todas terminam em um único sentimento, a saudade. Palavra essa que só existe em nosso português — e com uma amplo significado na vida de cada um. Para cada idade, o sentimento aparece de uma forma diferente, sendo ele repleto de nostalgia, consumo e contemporaneidade. E como será a nostalgia nerd no futuro?

Pessoas de 1998 – 23 ou 24 anos – pegaram um resquício do que era alugar um filme — eu fui uma delas, mas com privilégios, já que minha mãe trabalhava em uma locadora. Essa parte da minha vida ficou muito marcada, uma vez que não lidava com um algoritmo analisando os filmes que assistia. Nem com as indicações pulando na home do meu streaming

Rebobinando

Assim como a locadora, as lan houses eram famosas durante a minha adolescência. Igualmente,  as sorveterias perto de onde morava recheadas de consoles dos quais eram seus pela bagatela de R$ 1 a hora. Fiz grandes amizades nessa época, e possuo uma nostalgia imensa relacionado a pontos físicos que atualmente consigo acessar na tela do meu celular ou na do computador. 

Divulgação: Lucas Pezeta

Primeiro, façamos um exercício. Antigamente, filmes, livros e séries possuíam uma forma diferente de estar em nosso meio — a física, na maioria dos casos. Seja esse recurso presente ou não em nossas prateleiras. Para ler um livro, precisávamos comprá-lo, assim como DVDs e toda forma de conteúdo cultural — por hora excluindo cinema, teatros e bibliotecas. 

Hoje em dia, com o advento e a possibilidade de termos tudo na palma da nossa mão, tornou-se mais fácil encontrar meios de consumir o que gostamos em qualquer hora ou lugar. Dessa maneira, surge o pensamento: como será que os jovens contemporâneos consumirão sua nostalgia daqui há 20 ou 30 anos? Uma vez que tudo encontra-se revertido em dados, dentro de uma nuvem ou disponibilizado em um segmento de streaming. 

Tecnologias à favor da nostalgia

É possível que daqui há algumas décadas, surja uma nova tecnologia capaz de mudar nossa forma de consumir conteúdo. Uma delas é o próprio Metaverso. Atualmente, o streaming consome 21% do tempo que os brasileiros passam em frente a televisão, como mostra o estudo realizado pela Kantar IBOPE Media. Ou seja, a televisão ainda é um meio presente para assistirmos filmes e séries — ainda mais com a possibilidade que as Smart TVs proporcionam. 

Porém, no futuro, poderemos ter essa mesma experiência no Metaverso? Uma vez que a ideia do projeto é ampliar nossa forma de consumir, jogar ou experimentar novas experiências. Ou ainda estaremos fazendo os mesmo com nossas telas? 

Vale lembrar, que a grande onda de nostalgia impera no mercado audiovisual e editorial. Filmes, séries, livros e quadrinhos embarcam nessa ode aos anos 80, como Stranger Things, por exemplo. A nostalgia parou de ser algo íntimo e se tornou lucrativa em meio a um mercado que usufrui do seu poder imensurável de atingir consumidores — esses do qual faço parte. 

Nostalgia presente no futuro

Até agora falamos sobre o poder que a nostalgia tem diante da atualidade, mercado e em nossas vidas. No entanto, como será que o jovem nerd de hoje irão consumir a sua nostalgia no futuro?

É uma pergunta difícil e que existe uma gama imensa de respostas prováveis. Por exemplo, enquanto novas gerações crescem cada vez mais com a facilidade e o acesso a novas tecnologias, criando um vínculo afetivo com o consumo de desenhos, séries e filmes, entendemos que elas serão nostálgicas por obras como somos hoje em dia.

Divulgação: Lucas Pezeta

Entretanto, com as inúmeras obras que são disponibilizadas pelos streamings, talvez elas foquem mais um determinado segmento. Ou, com o hiperconsumo atual, elas direcionam seus gostos de forma fragmentada. Tornando assim a sua nostalgia futura dentro de grupos e comunidades — o que não é diferente do passado, mas carrega mais poder dentro do âmbito virtual.

De certa forma, é interessante pensar como o consumo é atrelado ao sentimento de nostalgia. Fora que, quanto mais somos apresentados a novas obras, mais espaços elas ganham dentro dos nossos gostos e, consequentemente, mais afeto cria-se em torno de uma nostalgia. Bom, para responder de fato a pergunta deste texto, resta esperar e acompanhar como as futuras gerações se comportarão. Até lá, fiquemos penas com o “provável” sobre a nostalgia nerd no futuro.