Estreiou este domingo (18), no Festival de Cannes, o filme brasileiro O Agente Secreto. Estrelado por Wagner Moura e com direção e roteiro de Kleber Mendonça Filho, o longa foi aplaudido de pé pelos espectadores por 13 minutos após sua exibição no evento.

O cineasta já havia levado seus trabalhos ao renomado festival francês em outras edições, o mais recente sendo Bacurau, ganhador do Prêmio do Júri em 2019. Esse ano, o longa brasileiro compete pela Palma de Ouro com outras 22 produções de renomados diretores como Ari Aster, Richard Linklater e Wes Anderson.

Ainda no tapete vermelho da premiação, o elenco do filme chamou atenção por chegar acompanhado de um grupo de dançarinos de Frevo, ritmo típico do Recife, estado de origem do diretor que é também onde a história se passa. Confira:

Sinopse

O Agente Secreto se passa em 1977 e acompanha Marcelo (Wagner Moura), um professor especialista em tecnologia que se muda de São Paulo para Recife buscando um recomeço para fugir de seu passado violento e misterioso. No entanto, ele logo se vê em um cenário de espionagem e tensão, onde a insegurança toma conta de sua vida.

Elenco de O Agente Secreto

Além de Wagner Moura no papel principal, o longa conta com Gabriel Leone (Senna), Maria Fernanda Cândida (O Traidor), Thomas Aquino (Bacurau), Alice Carvalho (Cangaço Novo) e o ator alemão Udo Kier (Blade, o Caçador de Vampiros), com quem Kleber Mendonça Filho já havia trabalhado anteriormente em Bacurau.

Imagem: Divulgação

Recepção da crítica

De acordo com relatos do público presente, O Agente Secreto foi o filme mais ovacinado do Festival de Cannes até o momento. Além disso, o projeto também despertou comparações com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, e foi descrito como uma “obra-prima imponente” e como “o trabalho mais ambicioso e monumental do diretor em uma carreira sem tropeços até o momento”.

“A saga suave, transportadora e impecavelmente texturizada de Kleber Mendonça Filho sobre morte e memória no Brasil de 1977 é um complemento fascinante para Ainda Estou Aqui, do ano passado (e um filme mais forte no geral, eu acho)”, disse David Ehrlich, do Indie Wire.

“O Agente Secreto >>> Ainda Estou Aqui. Desculpa, mas eu prefiro a abordagem do Kleber Mendonça Filho —com seus desvios pulps e surrealistas — ao cinema clássico, estático do Salles qualquer dia”, publicou o crítico Leonardo Goi, do Senses of Cinema.

“O Agente Secreto exala um profundo amor pelo Brasil, seu povo, sua história, seus costumes, mas também pelo próprio cinema. Kleber Mendonça Filho opera em modo thriller político noir completo, misturando intriga histórica com drama centrado nos personagens através do uso de tomadas com dioptria dividida, telas divididas, wipes de edição, uma sequência fantástica envolvendo o folclore brasileiro e muito mais! Filho está claramente se divertindo, e nós estamos apenas acompanhando o passeio. É definitivamente um filme lento, pois se move em um ritmo sem pressa (só começa a funcionar completamente depois da primeira hora), permitindo que cada quadro e fio narrativo respirem. No centro está Wagner Moura, que comanda a tela com a confiança de um astro de cinema da velha guarda e seu magnetismo natural. Fascinante do início ao fim”.

Expectativa para a temporada de premiações

O Agente Secreto surge em um momento importante para o cinema brasileiro, após a vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional e toda a repercussão da última temporada de premiações envolvendo o trabalho de Walter Salles e Fernanda Torres. Vale lembrar que, ainda esse ano, O Último Azul, filme brasileiro de Gabriel Mascaro estrelado por Rodrigo Santoro, conquistou o segundo lugar no Festival de Berlim.

O crítico David Rooney, do The Hollywood Reporter, também levantou essa possibilidade em sua publicação: “O meu favorito da competição #Cannes2025 até agora é o thriller político dos anos 70, O AGENTE SECRETO, de Kleber Mendonça Filho, estrelado por um Wagner Moura que nunca esteve melhor. Entre este e o deslumbrante O ÚLTIMO AZUL em Berlim, será que o Brasil conseguiria ganhar o Oscar por dois anos consecutivos?”

A verdade é que ainda é cedo para dizer se o sucesso do longa de Kleber Mendonça Filho em Cannes é algum indicativo de que O Agente Secreto será lembrado nas principais premiações do cinema – que devem ocorrer entre o fim deste ano e o início do ano que vem. No entanto, a recepção altamente positiva da crítica internacional já é uma grande vitória para que o cinema brasileiro ganhe ainda mais força no exterior.