No cenário artístico contemporâneo, a preservação enfrenta desafios únicos, especialmente quando se trata de video games, uma forma de arte eminentemente digital e interativa. A remoção de jogos por grandes estúdios e o fechamento de plataformas de distribuição digital são ameaças crescentes a essa parcela do patrimônio cultural.
Recentemente, a Warner Bros. Games exemplificou essa problemática ao retirar vários títulos de suas plataformas de venda. Jogos como “Batman: Arkham Origins” deixaram de estar disponíveis para compra, criando um vácuo na acessibilidade e na continuidade histórica dessas obras. E, como se não bastasse, o encerramento da Nintendo eShop para o Wii U e os sistemas da família 3DS em 2023 sublinhou ainda mais a efemeridade dessas plataformas digitais. Essas ações resultam na perda de acesso a jogos que marcaram gerações.
Comparativamente, enquanto sociedades se esforçam para preservar construções históricas e formas de arte física, através de museus e leis de proteção, a arte digital, como os videogames, não recebe o mesmo tratamento. O fechamento de plataformas como o OnLive, um pioneiro em streaming de jogos que encerrou suas atividades em 2015, ilustra a volatilidade da preservação digital.
A preservação da arte da Nossa Era
A indústria de games é marcada por uma constante evolução tecnológica, mas essa mesma evolução traz consigo o risco da obsolescência programada. Plataformas como a PlayStation Store para PSP, cujo acesso foi encerrado em 2021, mostram que até jogos populares e aclamados estão em risco de desaparecer.
O caso dos jogos da Telltale Games, como “The Walking Dead”, que enfrentaram incertezas após o fechamento inicial da empresa, serve como um alerta. Embora tenham sido parcialmente salvos por outras empresas, muitos títulos menores ainda correm o risco de sumir permanentemente.
Diante dessa realidade, torna-se essencial desenvolver métodos de preservação digital robustos. Assim como salvaguardamos pinturas e esculturas, os videogames exigem estratégias específicas que garantam sua sobrevivência a longo prazo. Iniciativas como a Internet Archive e o projeto de preservação de games do Museum of Modern Art em Nova York são passos iniciais promissores, mas ainda insuficientes.
Assim, enquanto avançamos tecnologicamente, devemos também fortalecer nossas práticas de conservação, garantindo que videogames sejam reconhecidos não apenas como entretenimento, mas como a arte significativa que verdadeiramente são.
Como vejo a preservação da nossa arte digital
Acredito firmemente que a preservação dos videogames é tão crucial quanto a de qualquer outra forma de arte tradicional. Esses jogos não são apenas entretenimento; eles são expressões culturais que refletem, criticam e moldam a sociedade. Conforme avançamos na era digital, torna-se imperativo reconhecer e salvaguardar essas obras para futuras gerações.
Observando o encerramento de plataformas como a Nintendo eShop para o Wii U e 3DS, eu sinto uma perda pessoal imensa. Jogos que marcaram minha infância e ofereceram experiências inovadoras correm o risco de desaparecer no esquecimento. Isso me motiva a advogar por soluções que garantam a longevidade digital destas obras, para que outros possam desfrutar e aprender com elas assim como eu.
Portanto, defendo a criação de arquivos digitais mais abrangentes e o desenvolvimento de tecnologias que assegurem a preservação desses jogos. Afinal, se valorizamos pinturas e esculturas que capturam a essência de épocas passadas, por que não deveríamos proteger igualmente os videogames, que são a arte da nossa era? A cultura do futuro nos agradecerá por essa previdência.