Nas mãos de Kevin Smith e da Powerhouse Animation Studios, também responsável pelo sucesso de Castlevania, a animação chegou à Netflix no dia 23 de julho dividindo os fãs.

Um grupo, mais nostálgico, acha que a série foge e muito da proposta original, outro grupo entende que o formato da série é datado e precisava se adaptar a um novo modelo estrutural. Nós concordamos com o segundo grupo e justificamos!

Nos anos 70 e 80 era muito comum que séries tivessem episódios isolados, de maneira que o espectador sentasse em frente à tv e assistisse sem se preocupar com o que aconteceria depois. Em raros casos havia episódios geminados em que eventos começavam em um episódio e terminavam em outro, uma prova disso é a série clássica de Star Trek.

Com animações em série a coisa não era diferente, para tentar inovar um pouco eram inseridos novos personagens como em Thundercats (Pumyra, Ben-Gali e Lynx foram inseridos tardiamente, assim como os Lunataks) na tentativa de trazer algo novo para um público um tanto cansado da rotina. Com He-man não foi diferente!

A animação já apresentava uma mecânica nos episódios: Premissa, cena com o príncipe Adam, ele se transformava no He-Man, enfrentava o esqueleto, vencia e no final apresentava alguma lição de moral que envolvia algum evento do episódio. Isso não é necessariamente ruim, deu certo durante muitos anos e abriu portas para spin-off, filmes e linhas de brinquedos, mas a grande questão é: Isso daria certo hoje?

Quando assisti ao primeiro episódio tive a sensação de que não havia mudança nessa estrutura e de maneira proposital, para manter a nostalgia e atingir o mesmo público de 30 anos atrás, porém quebrei a cara logo no final do episódio (não darei spoilers, não muito).

Na era dos serviços de streaming é essencial que uma obra prenda a atenção do público, pois diferente da era da tv aberta agora o espectador pode escolher quando assistir a um programa, logo as produtoras e distribuidoras não podem apostar apenas nos canais de tv e no que eles vão fazer com o programa, e He-man acertou em cheio nisso ao aproveitar brechas deixadas pela série original sem perder o viés de série moderna e atual.

Sem querer falar demais, mas….

O foco dessa nova série não é mais o herói, e sim Teela e a nova personagem Andra. Numa Eternia sem magia Teela dedica sua vida a caçar artefatos mágicos já sem muito valor e a ajudar quem precisa. Apesar da vida sem tantas emoções quanto antigamente, a guerreira descobre que precisa restaurar a magia e Eternia ou tudo que ela conhece pode ser destruído, para isso ela volta sua atenção para seus antigos aliados e antagonistas.

Claro que essa sucessão de fatos não poderia se desenvolver em apenas um episódio, a primeira temporada conta com cinco episódios, Kevin Smith já anunciou via twitter que a segunda temporada já está sendo produzida.

Através desse resumo podemos ver que o protagonismo feminino é trazido para o palco nessa primeira temporada. O He-man que dá nome à série fica em segundo plano, mostrando que a série se adaptou muito bem aos novos tempos, apesar disso.

Convenhamos: Se He-man Mestres do Universo: Salvando Eternia trouxesse apenas novos episódios, com a mesma estética e estrutura narrativa, Ele atingiria o público de hoje? Como seriam as lições de moral hoje?

Eu defendo que não, prova disso pode ser vista com o índice de aprovação no Rotten Tomatoes (96%). Outro ponto alto da série é seu elenco de dublagem que conta com Mark Hamil ( O lendário Luke Skywalker), Sarah Michelle Gellar (a inesquecível Buffy), Alicia Silverstone, entre outros nomes também nostálgicos para a geração que cresceu vendo He-man na tv aberta, enfim entretenimento de qualidade que esperamos que fique ainda melhor na segunda temporada.

Fonte: museudememes.com.br