Há vários personagens brasileiros representados nos animes e mangás, mas a grande maioria deles não é muito conhecida pelo público. Inclusive, algumas dessas produções chegam a receber críticas quanto à diversidade representada, sob a suspeita de whitewashing (colocar personagens brancos para representar outras etnias), por exemplo.
Recentemente, no final de janeiro deste ano, o assunto esteve em debate quando o anime Nanare Hananare anunciou uma personagem brasileira na rede social X. Ao passo que Anna Aveiro agradou parte dos internautas, alguns deles não ficaram tão satisfeitos assim, já que Anna é uma garota loira de olhos azuis. Logo, surgiram comentários acerca de um possível whitewashing (ou em português, embranquecimento) da personagem.
Por se tratar de um assunto frequentemente presente no mundo otaku, preparamos uma lista para que você possa conhecer alguns desses personagens e entender um pouco sobre a representatividade brasileira nessas produções. Vem com a gente!
Hand Shakers (2017)
Antes de mais nada, segue a sinopse do anime:
Sinopse: Aqueles que recebem a revelação de Babel devem superar muitas batalhas e provações. Ao agarrar a mão de seu parceiro especial, esses “agitadores de mão” se transportam para o reino de Zigurat, uma dimensão alternativa em que o tempo não existe mais. Cada par de agitadores de mão deve lutar pelo direito de se encontrar com Deus, que os recompensará concedendo a eles um único desejo.
Akutagawa Koyori faz parte da dupla protagonista do anime. Ela é uma estudante transferida do Brasil, e possui personalidade tranquila e gentil. Apesar de ser bastante tímida, Koyori sempre demonstra coragem nas batalhas. O que chama a atenção sobre a personagem é a sua aparência; pálida, com cabelo branco e olhos azuis, ela não possui nenhuma característica comumente usada para representar personagens brasileiros.
Hand Shakers é um anime original e não tem uma fonte anterior como mangá ou light novel.
Blue Lock (2022)
Blue Lock é uma adaptação do mangá homônimo escrito por Muneyuki Kaneshiro e ilustrado por Yusuke Nomura. Do gênero shounen, a narrativa é centrada no mundo do futebol. Nesse sentido, Dadá Silva, conhecido como “O Tanque Pesado”, é um craque de nível mundial e membro da Seleção Brasileira de Futebol. Em Blue Lock, o personagem representa o Brasil nos jogos, e muita gente acredita que ele pode ser uma referência a Dadá Maravilha, o 4º maior artilheiro brasileiro.
Dadá é afrodescendente e possui olhos escuros e cabelo repleto de dreadlocks. Com grande força física e alto poder de salto, o personagem é dono de uma personalidade forte e destemida. Ainda mais, o anime tem diversas outras referências ao Brasil, caracterizando-se como uma das produções que mais possuem personagens brasileiros em animes e mangás. Portanto, confira abaixo a premissa:
Sinopse: Após sofrer um vexame na Copa do Mundo de 2018, a seleção japonesa sofre para se recompor. Falta ao time um artilheiro, uma estrela capaz de guiá-los à vitória. Com o intuito de criar um atacante com fome de bola e sede de vitória, capaz de virar jogos tidos como impossíveis, a Confederação Japonesa de Futebol reune 300 dos melhores jogadores de base do país em um só lugar. Centenas de jovens vão se enfrentar numa batalha de músculos e de egos para provar que são os melhores.
Os Cavaleiros do Zodíaco (1986 – 2019)
Agora, vamos falar de um anime clássico que trouxe representação brasileira nos anos 80. Em Os Cavaleiros do Zodíaco, anime do gênero shounen, Aldebaran de Touro é um Cavaleiro de Ouro, responsável pela proteção da Casa de Touro no Santuário.
Aldebaran é um homem negro de olhos castanhos e cabelo roxo. Dotado de personalidade franca e confiante, é um dos oponentes mais fortes em combate. Além disso, possui resistência física fora do comum e uma técnica chamada “Grande Chifre”, de grande poder destrutivo. Dessa forma, a produção traz representatividade brasileira em um dos personagens mais poderosos da história. De antemão, conheça a sinopse do animê:
A cada 200 anos, Atena, a deusa da guerra e da sabedoria, vem à Terra, com a sagrada missão de impedir outros deuses de dominar a Terra e os seres humanos. Para cumprir sua missão, Atena conta com a ajuda de jovens guerreiros protegidos com armaduras sagradas intitulados cavaleiros. Juntos, lutam contra as forças do mal, num ambiente cheio de mitologias.
A série é uma adaptação do mangá de mesmo nome, do mangaká Masami Kurumada.
Michiko e Hatchin (2008)
A personagem principal, Michiko Malandro, é afro-brasileira e possui longos cabelos castanhos e olhos negros e profundos. Tal qual, com traços latinos, a protagonista do animê é uma mulher forte, independente e dona de si, e sua personalidade intrigante chama a atenção e cativa o público.
Apesar do universo ser fictício, a produção de Michiko e Hatchin visitou o Brasil em 2007 em busca de inspiração, além da trilha sonora ser do carioca Kassin. Desse modo, o cenário, mais precisamente inspirado em uma favela do Rio de Janeiro nos primeiros episódios, merece crédito pela representação fiel da ambientação brasileira. Saiba mais sobre a animação japonesa:
Sinopse: Situado em um país fictício, com grande semelhança com os países da América Latina, principalmente o Brasil. Michiko é uma mulher de sangue quente “sexy”, que escapa da prisão e resgata Hana (Hatchin) de seus pais adotivos. Perseguidas pela polícia, as duas partem para encontrar um homem chamado Hiroshi e uma maneira de serem livres.
A história é original do estúdio Manglobe, não sendo baseada em nenhuma obra literária.
Tokyo Revengers (2021)
A série de animação Tokyo Revengers é baseada no mangá homônimo, do mangaká Ken Wakui. À princípio, o anime não menciona que Terano South é brasileiro, pois ainda não é apresentado muito sobre ele. Contudo, já nos últimos capítulos da narrativa, é confirmado que Terano é de origem brasileira. Com olhos amarelos e cabelos loiros, ele é extremamente alto e corpulento, sendo então considerado um dos personagens mais fortes do anime.
Além disso, Terano possui uma personalidade obstinada e é altamente confiante, ousado e se dá muito bem em negociações e confrontos. Veja abaixo a premissa de Tokyo Revengers:
Takemichi Hanagaki é um desempregado que sobrevive de bicos e está na fossa. Ele descobriu que Hinata Tachibana, sua primeira e última namorada, com quem namorou no fundamental, foi morta pela impiedosa Gangue Manji de Tóquio. No dia seguinte à notícia, ele está na beira da plataforma do trem e é empurrado pela multidão. Ele fecha os olhos se preparando para morrer, mas ao abrir, ele voltou no tempo para quando tinha 12 anos de idade. Agora que ele está na melhor época de sua vida, Takemichi decide se vingar de sua vida, salvando sua namorada e parando de fugir de si mesmo.
One Piece (1999)
É claro que vamos encerrar essa lista com uma menção honrosa a Luffy, o capitão dos Piratas do Chapéu de Palha. O protagonista de One Piece, um dos animes shonen mais famosos de todos os tempos, teve sua nacionalidade brasileira confirmada há anos pelo próprio criador do mangá que inspirou a obra, Eiichiro Oda. Mas, afinal, como pode um mundo fictício representar nacionalidades que sequer existem nele?
A gente te explica: Eiichiro Oda recebeu a seguinte pergunta de uma fã, “Se o cenário de One Piece fosse o mundo real, quais seriam as nacionalidades dos nove integrantes dos Piratas do Chapéu de Palha? Ass: Irmão do Michael Jackson“. Foi então que, a partir disso, o criador de One Piece respondeu que o Brasil combina com a personalidade de Luffy. Sendo assim, se trata de uma informação canon (oficial) do universo. Confira abaixo a sinopse:
Houve um homem que conquistou tudo aquilo que o mundo tinha a oferecer, o lendário Rei dos Piratas, Gold Roger. Capturado e condenado à execução pelo Governo Mundial, suas últimas palavras lançaram legiões aos mares. “Meu tesouro? Se quiserem, podem pegá-lo. Procurem-no! Ele contém tudo que este mundo pode oferecer!”. Foi a revelação do maior tesouro, o One Piece, cobiçado por homens de todo o mundo, sonhando com fama e riqueza imensuráveis… Assim começou a Grande Era dos Piratas!
A representação brasileira no universo otaku
A partir da apresentação de alguns exemplos, conclui-se que existem personagens brasileiros em animes e mangás. Porém, a grande discussão que circula entre o público-alvo dessas produções, é se tal representatividade acontece da forma ideal.
Representar o Brasil através de um personagem que não ilustra a miscigenação tão característica dessa terra pode ser considerado, por muitos, como embranquecimento em representações. Ao mesmo tempo, sabemos que o povo brasileiro é uma mistura de inúmeras raças ao redor do mundo. Como resultado, há brasileiros de todas as cores, raças e etnias, o que é sempre lembrado como motivo de orgulho para nós, brasileiros.
Mas e você, o que acha do assunto? Vem pra discussão da temática e deixa um comentário pra gente conversar!