Durante o SAG Awards 2024, que aconteceu na última noite de sábado (25), Barbra Streisand ganhou o Prêmio Honorário do Screen Actors Guild. Dessa maneira, Barbra é a 59ª personalidade a receber o “Life Achievement Award” em homenagem aos seus mais de 60 anos de contribuição para a indústria cinematográfica, com papéis nos clássicos Funny Girl (1968), Nasce uma Estrela (1976) e Yentl (1983). Ainda, a atriz um dos poucos artistas a terem o título de EGOT – status de quem recebe pelo menos um Emmy, Grammy, Oscar e Tony.

Entretanto, quem é Barbra Streisand e por que ela merece um Prêmio Honorário?

Vivência corajosa e de improvisos

Barbra Streisand é uma cantora, atriz e cineasta estadunidense que sempre conquistou sucesso em diversos campos do entretenimento. No entanto, o início mesmo de sua carreira foi explorando a arte da música quando, com cerca de 20 anos de idade, cantava em casas noturnas e em teatros da Broadway. Porém, nem sempre foi assim. A artista, então apenas uma garota, saiu de casa aos 16 anos para tentar a vida no show business – estilo de vida este que fez com que ela não tivesse nenhuma estabilidade financeira e precisasse dormir na casa de amigos.

Barbra Streisand em I Can Get It for You Wholesale. Imagem Barbra Archives
Barbra Streisand em I Can Get It for You Wholesale. Imagem Barbra Archives

No entanto, em um dos “bicos” como recepcionista em um hotel, Barbra ficou sabendo de uma audição que incluiria mais cantores na peça The Sound of Music. Assim, essa situação foi a primeira vez que ela cantou para procurar um emprego. Apesar de não conseguir o papel, o diretor do espetáculo a encorajou a tentar outros papéis como cantora – o que a levou ao seu primeiro contrato profissional como cantora de uma boate. Depois dessa experiência e diversas tentativas frustradas de cantar nos palcos, ela foi contratada para ser a secretária do ator principal na peça I Can Get It for You Wholesale, de 1962. A peça foi um sucesso da crítica, o que impulsionou a carreira de Streisand cada vez mais.

Início de carreira nos anos 60

Conquistando notoriedade e participando de diversos programas de televisão, com o primeiro sendo o The Tonight Show com Jack Paar, Barbra assinou o primeiro contrato musical de sua vida com a gravadora Columbia Records. Nesse momento, já se pôde perceber uma característica bem forte da artista: a empresa só conseguiu contratá-la após ceder todos os direitos de uso à cantora.

Felizmente, essa decisão foi extremamente benéfica para a construção de sua carreira. Seis décadas depois, em 2021, a artista contou à BBC News que o que realmente importava a ela era a possibilidade de escolha do próprio material. “A coisa mais importante sobre aquele primeiro contrato – na verdade, aquilo que esperávamos – foi uma cláusula única que me dava o direito de escolher meu próprio material. Era a única coisa com que realmente me importava. Eu ainda recebi muita pressão da gravadora para incluir alguns sucessos pop em meu primeiro álbum, mas eu mantive as músicas que realmente significavam algo para mim”, destaca.

Capa do Álbum The Barbra Streisand Album, com Bárbara cantando ao centro com fundo escuro e letras em branco
Álbum The Barbra Streisand Album. | Imagem: Columbia Records

Barbra decidindo os passos da carreira musical

Assim, um exemplo da escolha de Barbra em relação às escolhas da gravadora é o nome do primeiro álbum. Isso porque a empresa queria que o álbum se chamasse Sweet And Saucy Streisand, mas a artista não se deixou vencer e escolheu o nome que mais se adequasse ao seu público.

Então, em 1963, Streisand lançou o seu primeiro álbum de estúdio, o The Barbra Streisand Album. Desde o primeiro momento, o disco foi um sucesso. Na época, alcançou a oitava posição na Billboard 200, além de ter sido certificado como àlbum de Ouro após 500 mil cópias vendidas em apenas um ano. Só que o sucesso não para por aí: o álbum lhe rendeu três prêmios Grammy nas categorias de Melhor Performance Pop Vocal Feminina, Álbum do ano e Melhor Capa de Álbum.

Exploração de uma segunda arte

Enquanto encontrava sucesso na área musical, Barbra resolveu se aventurar no cinema. E por que não? No final da década de 1960, ela estrelou o filme Funny Girl (1968) interpretando a comediante e cantora Fanny Brice. Na trama, sua personagem estava no caminho de se tornar uma das mais amadas cantoras da Broadway – enredo esse que se assemelha muito com sua vida pessoal. O seu talento foi tanto que, no primeiro papel no audiovisual, Barbra Streisand ganhou o Oscar de Melhor Atriz.

Desde então, a artista continuou trabalhando nas telonas mais e mais. Nestes primeiros anos da carreira, vale ressaltar sua atuação no musical Hello, Dolly! (1969), na comédia What’s Up, Doc? (1972), e no drama romântico The Way We Were (1973). Já em 1976, Barbra se tornou a primeira mulher a ganhar um prêmio como compositora. Isso porque ela ganhou o Oscar de Melhor Música Tema por escrever “Evergreen” para o filme Nasce Uma Estrela (A Star Is Born).

Barbra Streisand em Fynny Girl.
Barbra Streisand em Fynny Girl. Reprodução Columbia Pictures

Então, em 1983, a artista se tornou a primeira mulher a escrever, produzir, dirigir e estrelar um filme para um grande estúdio com a produção de Yentl. E, felizmente, foi muito bem reconhecida pelo trabalho. Isso porque o filme recebeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora, além dos prêmios no Globo de Ouro de Melhor Filme Musical e Melhor Diretor. Dessa maneira, Barbra se tornou a mulher pioneira nesta categoria, que se manteve tendo apenas ela como vencedora por 37 anos.

Carreira de sucesso

Vale ressaltar que, ao longo da carreira, Streisand gravou dezenas de álbuns de estúdio. Dessa maneira, nem sempre ela manteve o mesmo estilo. Isso porque, no início, ela apostava nos seus jingles já conhecidos pela televisão. No entanto, posteriormente, a artista optou por se ajustar às tendências do momento, como apostar em ritmos mais próximos ao rock quando The Beatles e The Rolling Stones estavam no auge do sucesso.

Pode-se dizer que a fórmula de Barbra foi um sucesso. Ao final da década de 1970, ela foi considerada a cantora feminina com maior sucesso nos Estados Unidos: os únicos artistas com discos mais vendidos que ela eram Elvis Presley e The Beatles. Já em 1980, ela lançou o álbum Guilty, que lhe rendeu a venda de mais de 15 milhões de cópias e precedeu seu retorno ao estilo musical da Broadway – que lhe tinha o coração.

Desde então, Barbra gravou cerca de 50 álbuns de estúdio, além de estrelar em 20 filmes/musicais para a televisão e 14 especiais para a televisão. Além disso, realizou três temporadas de perfrmances teatrais: duas com Funny Girl e uma com I Can Get It for You Wholesale. Ainda nos anos 70, ela ecebeu um Tony Award na categoria especial de “Estrela da Década”. Duas décadas depois, em 1994, ela recebeu o prêmio Emmy pelo álbum de gravação ao vivo “The Concert“, o que lhe rendeu o título de EGOT.

Barbra Streisand cantando hoje em dia, com cabelos loiros e roupas brilhantes, em apresentação.
Barbra Streisand em apresentação. Crédito da imagem: MARK DAVIS/WIREIMAGE

Valeu a pena o Prêmio Honorário?

Em resumo, a artista fez o que sentiu que deveria sobre a arte que gostaria de fazer, esgotando ingressos e lotando casas. E isso lhe rendeu um reconhecimento e um status cultural jamais visto antes por uma mulher.

De fato, Barbra Streisand conquistou prêmios e públicos, merecendo, com toda a certeza, o Prêmio Honorário do SAG Awards.