Nesta quarta-feira (21), a Netflix lançou a minissérie baseada no caso do serial killer Jeffrey Dahmer, também conhecido como “O Canibal de Milwaukee”.

Em 10 episódios, a série coloca Evan Peters no papel do próprio de protagonista e serial killer.

Criada por Ryan Murphy (American Horror Story), a trama conta sobre os perversos ataques de Jeffrey Dahmer, um serial killer que caçou homens e garotos ao longo de 13 anos. Segundo a própria Netflix, um dos objetivos da produção é exatamente expor e questionar como um homem que fazia tanta crueldade conseguiu ficar impune e solto por tanto tempo.

Ainda, vale lembrar que essa não é a primeira vez que Peters e Murphy se unem: a dupla chegou a trabalhar juntos ao longo de várias temporadas da própria American Horror Story. Agora, a dupla deixa de lado a ficção e resolveu contar um terror real.

Mas afinal, você deve estar se perguntando: quem é esse Dahmer?

Quem foi Jeffrey Dahmer?

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Imagem: Departamento de Polícia de Milwaukee)

Primeiramente, e de forma resumida, Jeffrey Lionel Dahmer ficou conhecido como o “O Canibal de Milwaukee” após ter cometido 17 assassinatos, todos contra homens e garotos, durante os anos 1978 e 1991.

Além disso, Dahmer também ficou famoso por outros crimes, tais como abuso sexual, canibalismo e até mesmo necrofilia. O serial killer chama a atenção de muitos também pela fidelidade ao seu M.O. – Modus Operandi -, ou seja, seu padrão de aproximação e como atacava as vítimas.

Seu método consistia em levar rapazes para sua casa e, ao oferecer uma bebida, os drogava, deixando-os assim desacordados.

Agora que estavam inconscientes, cada caso variava à sua maneira de acordo com o humor de Dahmer.

Contudo, como o próprio autor do crime afirmou em entrevista, ele chegava a realizar algumas fantasias com os corpos desacordados, em épocas começou a tirar fotos polaroides sugestivas, e até mesmo chegou a realizar alguns experimentos.

Assim, Dahmer logo estrangulava as vítimas, para então, depois de realizar seus desejos, começar seu processo final.

Isso se resumia a desmembrar os corpos, para então buscar eliminar as evidências: separando carnes de ossos, ele triturava estes com marretas e ferramentas do tipo, enquanto a carne ele separava, colocando uma parte no ácido para serem dissolvidas e outra freezer, para consumi-las.

Segundo o próprio Dahmer, suas fantasias eram preferenciais com os corpos pois “as pessoas [quando vivas] se mexem demais

Uma breve análise

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Imagem: Reprodução

No entanto, segundo a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, o desejo por dominar é uma característica marcante em psicopatas.

De fato, segundo ela, o psicopata tende a querer o controle, e quando o mesmo perde, atuará de modo a obtê-lo de volta. 

No entanto, é importante ressaltar que psicopata é diferente de psicótico. No segundo caso, o paciente apresenta formas diferentes de alucinações ou delírios, por vezes alterações de humor. Em outras palavras, o indivíduo que possui uma psicopatia tende a não ter controle sobre ela. 

Por outro lado, o psicopata, bem como Dahmer, trata-se de um indivíduo cujo sua personalidade é moldada de forma para agir como tal justamente por terem um transtorno de personalidade antissocial.

De modo geral, conforme Ana Beatriz Barbosa Silva, o psicopata não é vítima de seu transtorno. Pelo contrário, ele compreende o que é certo e errado para visão da sociedade, porém, isso não o impede de agir de maneira a se satisfazer. Outro detalhe está que este indivíduo irá apresentar sinais logo na infância.

No caso de Jeffrey Dahmer, não foi diferente: desde criança, apesar de relatar ser feliz até o momento que os pais começaram o processo de separação, o garoto tinha curiosidades e certo fascínio em com animais mortos.

Segundo o assassino na entrevista, foi numa dessas ocasiões em que brincava com animais mortos que descobriu formas de dissolver os seus corpos com alvejante e ácido, métodos que viriam aparecer em seu M.O. mais tarde.

Sobre suas vítimas

Primeiramente, é importante ressaltar que Dahmer descobriu sua homossexualidade logo na adolescência. Porém, segundo ele, esse seu lado foi reprimido e mantido em segredo de seus pais

Inclusive, alguns psicólogos e psiquiatras defendem refere-se a escolha de suas vítimas: para eles, Dahmer buscava matar homens por quem sentia atração não somente por dominância, mas também por estar buscando matar aquilo que ele reprimia em si só, ou seja, sua própria homossexualidade.

Tendo isso em mente, pode-se entender o porquê de suas vítimas serem rapazes.

Dessa forma, também se entende como os encontrava: no começo, Dahmer entrou em contato com a maioria de suas vítimas em boates ou baladas voltadas ao público homossexual da época. Às vezes, nem precisava entrar na festa em si, ele apenas abordava o rapaz na entrada e então ambos iam para sua casa beber.

Uma característica marcante de Jeffrey era o alcoolismo e como ele começou a beber durante a juventude para tentar controlar seus desejos e fantasias perversas. 

Mas continuando e agora em sua casa, Dahmer criou seu M.O. após tentativas e tentativas, mas no final resultava-se em colocar sonífero ou alguma droga do gênero na bebida da vítima, deixando-a inconsciente e então matá-la por estrangulamento. 

dahmer vitimas
Imagem: Reprodução

Alguns relatos, inclusive do próprio assassino, afirmam que antes de matar suas vítimas, ele fazia experimentos em seus corpos, como lobotomia ou injeção de ácido no crânio. Segundo eles, todo o experimento era uma forma de “zumbificar” e tornar a vítima mais dominável possível. Assim, ao falhar, ele as matava de vez. 

Depois de mortas, Dahmer praticava as maiores perversidades que considerava prazerosas.

Por vezes, ele chegou a manter o corpo por dias no porão para então começar seus processos finais, momentos estes em que desmembrava os corpos e fervia o crânio. 

Com o tempo, começou a guardar alguns restos mortais, como crânios de rapazes que considerava bonitos, deixando-o submerso em acetona, por exemplo. 

Dahmer através dos anos

Segundo o próprio serial killer, ele matou cerca de 17 homens ao longo de 13 anos (1978-1991).

Ao longo desses todos, Dahmer não passou despercebido pela polícia, sendo notado apenas por outros crimes e infrações, como por se expor em frente de mulheres e crianças e abusar de menores. Logo, devido a tais crimes, ele foi fichado como criminoso sexual e chegou a ser sentenciado a cumprir pena, a qual foi convertida mais tarde no regime semiaberto e liberdade condicional.

Durante os anos 90 e 91, ele se mudou para o Edifício Oxford, apartamento 213, em uma região conturbada de Milwaukee, lugar onde cometeu os mais diversos assassinatos de jovens e homens.

Nesta mesma época, Dahmer havia desenvolvido o gosto por tirar fotos de suas vítimas antes e depois de atacá-las, sempre em posições sugestivas. 

Por outro lado, ao se mudar para o apartamento 213, ele começou a chamar cada vez mais e mais a atenção da vizinhança. 

Descuidos ou Confiança?

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Imagem: Reprodução

Isso é, diversos vizinhos e até mesmo o síndico chegaram a procurá-lo devido ao forte odor e o barulho pelo uso de ferramentas durante a madrugada. Contudo, Dahmer sempre foi capaz de encontrar uma desculpa diferente, como problemas no encanamento ou com o freezer, por exemplo.

Em outra vez, durante sua estadia no 213, a polícia chegou bater em sua porta.

Neste dia, dois policiais receberam um chamado que um rapaz estava com machucado e confuso. O rapaz teria sido acolhido por mulheres da vizinhança e falava em laociano. Contudo, Jeffrey teria encontrado o rapaz e escoltado ele para seu apartamento.

O rapaz em questão era Konerak Sinthasomphone, de 14 anos. Ele havia conseguido fugir do apartamento 213, mesmo após ter sido injetado ácido em seu crânio. Quando Jeffrey o levou para casa, as mulheres que o acolheram acharam estranho e chamaram a polícia.

Quando a polícia chegou, Dahmer conseguiu manipulá-los, deixando os entender que ele e Sinthasomphone haviam algum tipo de relação, mostrando até mesmo fotos polaroides dos dois juntos. Dessa forma, o assassino saiu ileso e depois atacou o rapaz, matando-o de vez.

Muitos especialistas afirmam que a polícia não falhou e vários níveis.

Isso é, se eles tivessem ao menos puxado a ficha dele e visto que ele tinha um passado como criminoso sexual, ou então investigado o forte odor ou até mesmo entrado no quarto dele, viriam logo restos mortais no freezer e o barril industrial utilizado para dissolver os restos mortais em ácido.

Enfim, pode-se afirmar que cada vez mais, o próprio assassino começou a ficar mais descuidado e atacar mais e mais vítimas em um curto período de tempo.

Para se ter uma noção, segundo ele mesmo e os registros, de 1978 a 1989, ele chegou a matar cerca de cinco pessoas, enquanto de 90 a 91, foram 12 vítimas, sendo mais da metade delas somente no seu último ano. 

A última presa de Dahmer

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Imagem: Reprodução

Não é claro se o drástico aumento no último período foi pelo excesso de confiança ou por acreditar que sempre sairia imune.

No entanto, sabe-se que Dahmer adquiriu coragem o suficiente para abordar um trio de homens e conseguir com que apenas um dos homens viesse com ele para seu apartamento. Esse homem era a 18° vítima do assassino.

Bem, seria, se Tracy Edwards não tivesse conseguido escapar por sorte.

Neste dia, Dahmer tentou dominar sua vítima algemando-a, porém, as algemas não fecharam nos pulsos. Ainda, segundo o serial killer, ele havia colocado a cabeça no peito de Edwards para ouvir o coração e então teria dito que iria comer o seu coração

Edwards até então soube manipular a situação e, com tom de submissão e confiança, ao mesmo tempo em que usou aceitou usar as algemas corretamente, fez com que o assassino se acalmasse e pediu para ir ao banheiro, sendo levado então por Dahmer.

Lá, ele havia cogitado plano de fuga de pular pela janela, ou sair pela porta correndo. Ao voltar, pediu uma cerveja a Dahmer, e ambos foram à sala beber. Percebendo que o anfitrião estava distraído, Tracy Edwards pediu para ir ao banheiro de novo e Dahmer permitiu, mas dessa vez, sem segurar seus braços.

Ao ver a oportunidade, Edwards atacou Dahmer no rosto e saiu correndo pela porta da frente. 

A captura do Monstro de Milwaukee

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Imagem: Reprodução

Algemado e desesperado, uma dupla de policiais se deparam com Edwards no meio da noite e ficam receosos, por ele ser negro e por estar correndo em um bairro perigoso. Contudo, o rapaz pediu apenas para que tirassem as algemas dele e disse que um “maluco” havia o prendido.

Por não terem a chave, foram com ele ao apartamento de Dahmer, que ainda estava lá e os recebeu. 

O anfitrião confirmou que havia prendido Edwards e ao falar que a chave estava em seu quarto, o policial insistiu em ir buscar por conta própria. Lá, ele encontrou as fotos polaroides das vítimas desmembradas e percebeu que o quarto era o mesmo. Logo, entendeu que aquele homem era muito mais perigoso do que aparentava.

Dessa maneira, o policial emitiu a ordem de prisão e o algemaram enquanto mostrava uma das fotos ao parceiro.

Agora no chão e algemado, Dahmer observava o outro policial vasculhando o local e encontrando os restos mortais, partes de corpos na geladeira, outros dois no freezer entre outras coisas, Dahmer apenas disse: “pelo que fiz, [eu] deveria estar morto”.

Segundo os registros, foram encontrados:

  • Quatro cabeças na cozinha;
  • Sete crânios, alguns pintados outros branqueados, no quarto;
  • Dois corações humanos e uma porção de músculos do braço, guardados em saco plástico e encima de uma gaveta;
  • Um torso humano completo além de um saco cheio de órgãos e carne humanas, no freezer;
  • Dois esqueletos inteiros pelo apartamento;
  • Dois pênis cortados e preservados em acetona;
  • Um escalpo mumificado
  • Três torsos sendo dissolvidos em ácido dentro de um tambor azul de 215 litros;
  • 74 fotos polaroides dos corpos de suas vítimas.

Após 60 horas de interrogatórios, Dahmer confessou que havia matado 16 pessoas entre 1987 e 1991, e mais sua primeira vítima em 1978.

Lembra-se que falamos do aumento absurdo dos último anos? Então, durante o interrogatório, Dahmer se explicou que havia sido levado pela compulsão por matar:

“Era um desejo incessante e interminável de estar com alguém a qualquer custo. Alguém bonito, muito bonito. Apenas enchia meus pensamentos o dia inteiro“.

O fim de Jeffrey Dahmer

julgamento dahmer
Imagem: Reprodução

Em 30 janeiro de 1992, por duas semanas, Dahmer era julgado diante de juiz e juri.

Apesar da confissão, seu julgamento focou na questão: afinal, o quão são e até onde iria a insanidade dele?

A defesa propôs que o assassino de fato sofria de diversos distúrbios psiquiátricos que o impossibilitavam de manter o controle e que matava por compulsão. Quanto a acusação, por outro lado, afirmava que, independente dos transtornos, estes não eram a fonte da perversidade e que ele tinha total controle de suas ações.

Após duas semanas de julgamento, Jeffrey Dahmer foi dado como são e foi condenado a uma prisões perpétuas por cada uma de suas vítimas.

Dessa maneira, sendo transferido ao menos duas vezes entre prisões, foi em novembro de 1994 que morreu.

Segundo os registros, enquanto realizava o serviço de limpeza junto de outros dois encarcerados, Jeffrey Dahmer foi atacado por um deles e morto uma hora mais tarde, no hospital.

Outras adaptações

O caso de Jeffrey Dahmer impactou muitos e chamou a atenção da mídia da época.

Até hoje, as famílias das vítimas sentem pelo ocorrido e alguns até mesmo condenam a adaptação do caso, como ocorrera ainda na semana de estreia da série.

Mesmo assim, caso você tenha ficado curioso com o caso, você pode conferir outras adaptações dele:

  • Conversando com um serial killer: O Canibal de Milwaukee
    • Disponível na Netflix, trata-se de uma nova minissérie contando a história do assassino sob sua perspectiva, durante uma entrevista.
      Estreia prevista para 07 de outubro deste ano.
  • Meu Amigo Dahmer
    • Baseado na história em quadrinho de mesmo nome, lançada recentemente no \brasil, pela Dakside,
      O filme contará om novos olhares a história de Dahmer, retratando e focando sua juventude dos 12 anos até o seu primeiro assassinato.
      Previsão de estreia ainda para este ano.

Você pode assistir a série estrelada por Evan Peters na Netflix. Abaixo, o trailer da minissérie que estreou nesta semana:

Matéria editada em 17/10/2023, às 18h06min

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