Em Relógios Partidos, Luiza Conde reúne uma coletânea de contos fantásticos que explora a fluidez e a subjetividade do tempo. O livro, dividido em três partes — “Tempos que foram”, “Tempos que são” e “Tempos que podem ser” —, traz doze histórias que rompem as barreiras entre o real e o imaginário, levando o leitor a refletir sobre as complexidades do presente, as sombras do passado e as incertezas do futuro.

Antes de tudo, na primeira parte, intitulado de “Tempos que foram”, Luiza guia o leitor por rituais antigos, segredos esquecidos e maldições que continuam a assombrar o presente. Com sua escrita envolvente, ela transforma o passado em algo vivo e pulsante, mostrando como nossas histórias guardadas impactam diretamente o presente.

Em “Tempos que são”, a autora mergulha no cotidiano e destaca elementos do fantástico escondidos em situações aparentemente normais. Os contos dessa seção surpreendem ao transformar o comum em algo extraordinário, apresentando amigos monstruosos e eventos que desafiam a lógica.

Por fim, “Tempos que podem ser” explora cenários futuros cheios de possibilidades intrigantes. A autora provoca reflexões sobre como nossas decisões no presente moldam o futuro e sobre os desdobramentos de um mundo em que o fantástico se torna parte do que ainda está por acontecer.

Impressões do livro “Relógios Partidos”

Luiza Conde demonstra sua habilidade ao criar imagens vívidas e atmosferas densas, capturando o leitor desde as primeiras linhas. Mesmo com temáticas variadas, os contos mantêm uma coesão narrativa e estilística que reforça a força criativa da autora em seu livro de estreia.

Alguns contos impressionam pela ambiguidade. Diante disso, durante a leitura, me peguei relendo certas histórias mais de duas vezes, refletindo sobre a inteligência e a sutileza com que ela construiu essas narrativas tão engenhosas.

Escolher meus contos favoritos foi uma tarefa difícil. Após um processo criterioso, onde anotei praticamente todos os que me encantaram e me vi obrigada a procurar defeitos onde quase não havia, cheguei à conclusão de que “Campanário”, “Lençol Molhado” e “Chá com Biscoitos” foram os que mais me marcaram.

Não vou dar spoilers ou revelar sobre o que tratam esses contos porque quero que você os leia e tire suas próprias impressões. Cada história é única, e algumas tiveram o poder de me transportar ao passado, fazendo-me sorrir nostalgicamente enquanto lia suas palavras.

Em conclusão, Relógios Partidos vai além de uma simples coletânea de contos. A obra desafia nossas percepções sobre o tempo e o fantástico. Com personagens cativantes e cenários imersivos, Luiza Conde encanta, provoca e prova que, mesmo quebrados, os relógios do tempo ainda podem surpreender.