O conto “Saturno e sua baixa autoestima” chama a atenção já pelo nome, uma vez que o nome já nos remete ao sexto planeta do sistema solar, ou então, na mitologia romana, o “Deus da agricultura, abundância, prosperidade”. Desse modo, ao completar o título com “sua baixa autoestima”, ficamos curiosos ao saber o que a autora Rayeang criou com essa combinação de palavras. E o desfecho é bastante interessante conforme descobrimos a obra.
Confira a resenha de “Saturno e sua baixa autoestima”
O conto, dividido em atos, começa com um diálogo entre Saturno e sua avó Gaia. Então, é possível entender que Saturno é um menino, e o conflito começa quando ela passa por várias transformações. Primeiro ele fica cego, depois seu corpo é tomado por criaturas avermelhadas, depois se transforma em uma planta marinha. Antes apavorado, o menino passa a entender que tem um dever sagrado.
A partir daí, é interessante pensar que, apesar de Saturno ser uma criatura especial, ou mesmo no conhecimento que temos de mitologia, concluir que o menino da narrativa é o Deus; aquela criança enfrenta os conflitos e desafios de uma criança comum. Ao não se sentir bom o bastante e não saber o que acontece com ele, Saturno tem sua autoestima bastante afetada.
Ao decidir enfrentar as transformações de frente, Saturno se liberta e enfrenta seus medos. A família também o pressiona o tempo todo. Seu avô Urano, sua avó Gaia, assim como Júpiter e Titã, vivem conflitos de uma família comum. Saturno não se sente bom o suficiente.
Ele nunca venceu um campeonato, um concurso de redação, nada de relevante que desse orgulho para sua família. A partir do momento que ele vai viver com sua tia Titã, ela demonstra empatia por ele e promete ajudar Saturno a descobrir no que ele é bom. O menino finalmente encontra o conforto e a paz que sempre procurou.
Impressões sobre o Livro
É impossível não torcer pelo menino Saturno, que faz o possível para agradar sua família e validar-se para si. Mesmo ele sendo um deus da mitologia romana, passa por todas as situações de um menino comum. Essa criação, para mim, foi o principal acerto da autora.
Uma família de deuses, com habilidades extraordinárias, conforme as melhores lendas da mitologia, mas enfrentando os desafios de uma família comum. Acredito que muitas crianças e adolescentes podem se identificar com os dramas de Saturno, assim como adultos que lerem a obra, podem refletir e evitar cometer os erros dos avós Gaia e Urano, e agir mais como a tia Titã, que procura acolher Saturno e ajudá-lo a descobrir seu talento.
Na mitologia romana, Saturno era o deus da agricultura, da prosperidade, da abundância, da paz e da libertação. Um dos mais poderosos, foi construído em Roma um dos maiores e mais famosos templos, localizado na entrada do Fórum, no Capitólio. Tomou o poder de seu pai, Urano, e exerceu a soberania, inaugurando uma Era de Ouro.
Essa descrição do deus poderoso da mitologia romana, em contraponto com o menino inseguro, pode levar a grandes conclusões. Saturno tem o potencial de se tornar tudo isso. Na minha concepção de leitora, quero pensar que Saturno passou por esses desafios ainda tão jovem, e quando adulto, tornou-se tudo que pelo que foi.
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