Escrito por Sérgio Vaz, “Flores da Batalha” narra as dificuldades da vida por meio de poesia. Com pequenos textos, o autor tece críticas sociais e políticas enquanto fala de amor e pertencimento. A obra é, ao mesmo tempo, um tapa na cara e um carinho na alma.

Confesso que nunca fui fã de poesia. Embora seja uma leitora ávida, esse gênero nunca me atraiu. No entanto, após ler “Flores da Batalha”, de Sérgio Vaz, percebi que minha falta de conexão com a poesia vinha do fato de não me sentir representada. Muitas vezes, não me enxergava nos versos ou não compreendia a mensagem. Mas isso mudou.

O livro é curto, com uma escrita fluida, e rapidamente me envolveu. Apesar de ser uma leitura rápida, “Flores da Batalha” exige que o leitor se entregue ao momento. São textos que provocam, expõem preconceitos e, ao mesmo tempo, acolhem.

Consegui me ver no texto e compreender claramente o que Sérgio Vaz queria transmitir com cada verso. Em muitos momentos, o autor aborda como é desafiador continuar vivendo, mas também ressalta que viver é um privilégio. De certa forma, “Flores da Batalha” pode ser visto como uma carta de amor à vida — essa experiência única, muitas vezes injusta e confusa, que todos nós vivenciamos.

Flores da Batalha” é um livro impactante, com uma crueza impressionante, que certamente fará você refletir profundamente.

Leia um trecho

Ontem

a criança que eu fui, triste e abandonada,

depois de muito tempo andou de mãos dadas comigo,

e entre risos e lágrimas me deu um abraço.

Ali de rosto colado

à mercê de lembranças e saudades

(quem sabe a diferença sabe que a saudade dói

e a lembrança cabe na fotografia),

ela me disse que estava feliz pelo adulto que sou

e que não havia mais motivo

para chorar pela solidão do passado.

Despediu-se soltando meus braços

deito quem acaba de ensinar alguém a nadar.,

ou segurando na mão de alguém para não se afogar.

Falou que ia embora, mas ia ficar para sempre

brincando no parquinho do meu coração. (…)