Escrito por Dado Pieczarcka, o livro “Hiperconectados” fala de uma sociedade dominada e refém de um sistema maior de tecnologia, que faz uma analogia, de maneira fantasiosa, ao meios virtuais e de como as pessoas se relacionam no mundo real. A narrativa mescla reflexão e ficção de uma maneira profunda e explora elementos que vão para além da hiperconexão.
Sobre a história de Hiperconectados:
Tudo acontece em um lugar quase que caído no esquecimento, em um vilarejo onde as pessoas têm vidas programadas e no “modo automático”. É o protagonista Franz, quem irá conduzir os questionamentos de um sistema que introduz e dita regras para ser questionado.
Em um dia qualquer, o garoto desperta com lembranças que não entende (e que até então não se recordava), e com uma frase que soa um tanto estranha na própria cabeça e que não consegue decifrar de onde vem toda essa lembrança e sensação de pertencer à um outro lugar. Mas não apenas ele, mas a sua cambada de amigos formada por Gordo, Gigante, Incêndio e Torto também percebem ações diferentes e têm seus sonhos invadidos por aquela lembrança dos versos.
A cambada mora em Ausência, um lugar onde o sinal do sistema chega muito fraco, quase falhando, não permitindo que fiquem tão conectados e ligados ou sem tempo e chance para pensar sobre as próprias ideias, como em Alter, local em que as pessoas estão o tempo todo ligadas e registrando tudo, sendo guiados em tempo integral pelos comandos do sistema.
Mas Franz começa a ter ideias próprias e isso é um risco para quem vive à mercê da Voz do Sistema, que ataca aqueles que têm ideias que fogem do padrão. Franz começa a pensar demais sobre a possibilidade de aquela não ser a realidade em que deveriam viver e começa a ir atrás de informações para entender como sair do sistema que padroniza comportamentos, sentimentos, ações, roupas e que aliena uma população construída pela cultura de massa.
Sensações durante a leitura:
A história se desenrola com forte narrativa que envolve a cultura de massa, como as pessoas reagem nos meios e redes virtuais e as formas de cada uma enxergar o que pode acontecer se não estiver de acordo com o algoritmo perfeito. O autor traz um olhar para uma sociedade do espetáculo que “aplaude” e aceita o que vier, porque já existe um padrão predeterminado. Em formato de ficção é bastante perceptível os elementos reais que são utilizados como referência.
A história tem muitos altos e baixos e nos surpreende em cada capítulo, pois sempre traz uma reviravolta e o que mais nos faz questionar é de que maneira tudo aquilo pode terminar.
Hiperconectados nos convida para diversas reflexões e é um fato que, pra quem não tem esse olhar mais crítico, pode se tornar uma leitura um pouco mais extensa e até maçante.
Mas, particularmente, eu sou bastante fã da temática e terminei a leitura com várias questões para se levantar e comparar com o mundo real (ou será que é o virtual que nos guia e nos induz?).
Um convite para sair da Matrix e perceber um Admirável Mundo Novo. Assim, deixemos que os tempos nos guiem e que as narrativas Cyberpunk nos mostrem as possibilidade de um mundo virtual e tecnológico já avistado há muito tempo.
Resenha muito bem feita do livro Hiperconectados, parabéns!