A obra “História da Terceira Guerra Mundial”, do autor brasileiro Justino Pereira, foi lançada este ano de forma independente. Assim, o livro acontece em dez partes, com pequenos capítulos independentes, que se cruzam e formam um panorama global da Terceira Guerra Mundial. Além disso, cada parte acompanha um núcleo de personagens em um local do planeta.
A história gira em torno de três jovens, A Hacker, Chico e Elon Mars, além de outros personagens que compõem a trama. A Hacker é neozelandesa e se envolve com a resistência e nas comunicações alternativas durante o conflito global. Já Chico é brasileiro, guia turístico e vê sua vida destruída pela guerra e pela prisão injusta dos pais ativistas. O terceiro protagonista é Elon Mars, herdeiro nascido no Quênia, que lidera projetos de exploração espacial e turismo em Marte. Entretanto, sua atuação também está ligada à manipulação geopolítica na Terra.
História da Terceira Guerra Mundial
Em “História da Terceira Guerra Mundial”, o enredo se passa em um futuro não muito distante. Com isso, o mundo é governado pela “Corporação”, uma aliança global de empresas mais poderosa do que a maioria dos países. Além disso, a tecnologia tornou-se instrumento de dominação e vigilância.
Assim, tudo começa com ataques nucleares entre Coreia do Norte, Coreia do Sul, Ucrânia e China, seguidos por uma série de retaliações em cadeia. A humanidade mergulha em um caos global que mistura destruição, manipulação midiática e desumanização.
A história tem como narrador Heródoto, uma inteligência artificial que atua como “historiador” do conflito. Desse modo, o enredo se desenvolve entre grandes acontecimentos políticos e dramas pessoais dos personagens. A Hacker precisa fugir, pois forças militares automatizadas a perseguem, além de ter que lidar com a morte do pai e da prima, que viviam na Inglaterra. Já Chico vive uma luta silenciosa após perder seu emprego como guia turístico na Amazônia e ver sua família ruir em meio à repressão. Além disso, conhecemos Herzom, pai de Elon Mars. O homem é o magnata criador de um império empresarial que lucra com a guerra e com a reconstrução do planeta.
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Ambientação
O livro se passa em 2045, após décadas de crise ambiental, desigualdade e avanço tecnológico descontrolado. Assim, a narrativa acontece em diversos países como Brasil, Tailândia, Nova Zelândia, Rússia, além de Marte.
Com isso, a obra mistura ficção científica, sátira política e crítica social. O autor retrata de forma brutal um mundo em que o lucro vale mais do que a vida e a propaganda substitui a verdade, ao construir uma distopia.
Entre drones, clones e colônias em Marte, “História da Terceira Guerra Mundial” questiona até que ponto o ser humano ainda é humano. Além disso, busca refletir se haverá futuro quando a próxima guerra acontecer, não entre nações, mas entre homens e suas próprias criações.
A narrativa combina trechos jornalísticos, discursos, sonhos, memórias e transmissões televisivas. Esses elementos criam um mosaico que mostra a ascensão da Corporação, que acaba dominando a economia e a política mundial. Em meio à escalada de tensões entre blocos militares e alianças religiosas, o planeta é submetido a Terceira Guerra Mundial.
Impressões sobre o livro
Embora o autor divida o livro em capítulos pequenos e apresente em cada um um fragmento diferente da história, a narrativa se torna extremamente cansativa conforme o leitor avança. A obra começa com uma cena de perseguição, mas o clima morre em seguida e só vai se arrastando no decorrer do livro. Como quando o autor passa cerca de cinco páginas descrevendo o sonho que Elon Mars tinha de forma recorrente na infância.
Os personagens principais têm uma premissa interessante, mas tudo se torna confuso pela inserção constante de outros personagens e cenários. Assim, cada parte se passa em um lugar diferente para retratar a escala global do conflito. Entretanto, o excesso de informações pode confundir o leitor. Além disso, a história possui poucos diálogos, o que torna difícil para o leitor conseguir se conectar com os personagens.
O livro traz a sensação de que não tem um início, meio e fim, mesmo que ambíguo pela continuação que ainda virá. Isso porque cada capítulo aborda uma narrativa diferente que te leva a entender melhor todo o conflito. Porém todo o enredo tem muitas camadas, que parecem não se conectar entre si. Assim, me parece que o autor tinha muitas ideias e decidiu juntar tudo em apenas uma história, principalmente porque fragmenta muitas coisas juntas.
A história traz uma crítica interessante sobre a feroz fusão entre poder econômico, tecnologia e ausência de ética. Com isso, o autor provoca uma reflexão sobre a autodestruição humana. Ele também mostra que o progresso sem consciência transforma a civilização em algo mecanizado, onde a guerra é só mais um produto no mercado global.
Desse modo, a obra convida o leitor a refletir sobre o presente que realmente vivemos, com desinformação, culto aos bilionários e indiferença social. Justino busca mostrar como o futuro distópico descrito pode já estar em curso, porém não é um livro para todos.
Sobre o autor

Justino Pereira é jornalista, consultor político e escritor. Em “História da Terceira Guerra Mundial”, seu primeiro romance, o autor prova que a literatura tem o poder de antever o futuro. Assim, apresenta situações fictícias que tantas vezes se tornam realidade.
Imagem capa: Adaptação | Amazon
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