Escrito por Teofilo Tostes Daniel, o livro “O Poeta Toma a Pólis” reúne poesias para nos despertar para um outro olhar. O autor utiliza dos recursos poéticos para falar daquilo que traz inquietações para si, em assuntos bastante atuais. A obra, lançada em 2023, deixa evidente desde a primeira poesia que não se trata de algo objetivo. A subjetividade das palavras toma conta, mas ao mesmo tempo, conseguimos detectar sobre o que Teofilo quer passar.
Sinopse:
“O poeta toma a pólis” exalta todas as formas de amor, em alinhamento à comunidade LGBTQIA+ e sua permanente luta
Diante e dentro do andar da carruagem do mundo, o poeta tem de saltar fora e ser ele mesmo o assalto que quebra a roda da carruagem com a lira e a palavra vibrando no ouvido dos passageiros: “uma horda derradeira segue/ a monetizar o inaceitável”.
Eis Teofilo Tostes sendo o nosso poeta tomando a polis, tomando tudo com a palavra, sua língua tomada de uma brasa jamais apagável, pois fala para o comum e contra a ordem, fala para quase todos e não para os alguns, e só para isso lança.
Haverão de se apavorar (e de se esconder como sempre) as vistas autoritárias ao ver o poeta alcançando a todos. E o povo, este verá no poeta-corpo-do-poema, não a salvação, mas a confluência, e se empunharão, se saltando, se espalhando como “seu verbo se alastra/ como fogo nas planícies”: até que seja todo povo o poeta que toma a pólis.
Sensações durante a leitura:
Antes de tudo, a poesia é uma maneira de protesto e isso os bons apreciadores dessa arte sabem muito bem. A expressão de Teofilo deixa evidente o grito que ele tem dentro de si. As poesia soam exatamente fora do padrão do que muitos chamam de “poesia contemporâneo” e dão ao autor a personalidade que está desde a capa até o último poema.
Enquanto lemos, imaginamos os cenários que estão compostos e pensamos sobre as possibilidades que existem em cada uma das metáforas que estão presentes. A proposta da leitura é de acolher a quem se sente representado pelas palavras e falar de críticas sociais necessárias, levando beleza e leveza nas palavras, mas sem perder a potência que há em cada manifesto.
O autor consegue levar o leitor a entender, quando lido com atenção, cada palavra que transforma.
Porém, assim como toda poesia é, as percepções serão diferentes diante das metáforas ou linguagens diretas e explicitas. É exatamente aqui que tudo faz ainda mais sentido.
Em “O Poeta Toma a Pólis”, o autor fala sobre religião e as tantas formas e possibilidades do ato de amar, lidando com as temáticas exatamente levando em conta sobre o quanto são presentes e necessárias.
Assim, o que fica de forte, em uma das reflexões, é que o ato de fala está marcado passagem em todas as formas de escritas, entre seus gêneros textuais e, para além, suas formas de pensar.
Sobre o autor:
Teofilo Tostes Daniel, nascido em 1979, é autor de “O poeta toma a pólis” (Patuá, 2023), “Trítonos – intervalos do delírio” (Patuá, 2015) e “Poemas para serem encenados” (Casa do Novo Autor, 2008). Tem ainda contos, poemas e artigos publicados em coletâneas, revistas literárias e culturais. É formado em Produção Editorial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e vive em São Paulo desde 2006, onde trabalha como analista de comunicação social do Ministério Público Federal. Faz ensaios abertos com palavras em http://teofilotostes.wordpress.com/.
