Prepare-se para mais uma viagem no tempo com o Retroanime! O destaque da vez é Neon Genesis Evangelion, uma obra que revolucionou a animação japonesa e conquistou gerações. Pegue seu plug suit, sincronize com seu EVA e venha explorar os mistérios desse clássico dos anos 90!
Entre anjos e máquinas gigantes
No ano de 2015 (sim, o futuro imaginado nos anos 90), a humanidade enfrenta uma ameaça misteriosa: os Anjos, seres enigmáticos de poder colossal. Para combatê-los, a organização secreta NERV desenvolve os Eva, robôs gigantes
que podem ser pilotados apenas por adolescentes escolhidos.
Shinji Ikari, o protagonista, é recrutado às pressas para pilotar o EVA-01, enfrentando não apenas os perigos externos, mas também seus traumas pessoais. Ao lado de Rei Ayanami e Asuka Langley, Shinji descobre que a luta contra os Anjos é apenas a ponta do iceberg de uma conspiração que coloca o destino da humanidade em jogo.
Ao longo da série, descobrimos segredos sombrios sobre a NERV, os Evangelion e até mesmo sobre a verdadeira natureza dos Anjos. Enquanto, os personagens enfrentam dilemas morais e psicológicos que tornam “Neon Genesis Evangelion” uma obra complexa e multifacetada.
A trama evolui de uma simples guerra contra seres alienígenas para uma exploração filosófica do sofrimento humano, da identidade e do propósito da existência.
A profundidade e complexidade dos personagens
Shinji Ikari, à primeira vista, parece um adolescente comum: recluso e, talvez, um pouco mimado. No entanto, conforme a trama de Evangelion se desenrola, sua complexidade emocional fica evidente. Aos 14 anos, Shinji carrega uma bagagem pesada. Ele perdeu a mãe, negligenciado pelo pai, que também é o diretor da NERV, e, como resultado, desenvolveu uma personalidade insegura, reclusa e insatisfeita consigo mesmo. Além disso, Shinji simboliza a pressão enfrentada por jovens na transição para a vida adulta, especialmente quando precisam lidar com responsabilidades que ultrapassam sua maturidade emocional.
A ausência paterna e os traumas do passado levam Shinji a se sentir deslocado e solitário. Ele tem dificuldade em se abrir para aqueles ao seu redor, como Misato, Asuka e Rei, e enfrenta constantes conflitos internos ao pilotar o Eva. Preso em um ciclo de autodepreciação, suas ações muitas vezes refletem uma busca desesperada por aceitação e reconhecimento.
Assim como Shinji, Asuka também carrega um passado marcado por traumas familiares. Contudo, sua resposta é completamente diferente. Após vivenciar um evento traumático na infância, Asuka escolheu ignorar suas dores e focar exclusivamente em se tornar uma piloto perfeita do EVA-02. Essa obsessão pelo sucesso a transforma em uma figura perfeccionista e emocionalmente desconectada de si mesma. Ela se recusa a admitir falhas ou aceitar sua humanidade. Quando algo não sai conforme o planejado, Asuka entra em colapso, mergulhando em um estado de depressão profunda.
Embora ambos os personagens enfrentem desafios similares, traumas familiares e dificuldades de autoaceitação, cada um lida com isso de forma distinta. Enquanto Shinji evita qualquer tipo de vínculo mais profundo, Asuka adota uma postura arrogante para mascarar suas vulnerabilidades.
Rei Ayanami, por sua vez, apresenta uma abordagem mais sutil às angústias humanas. Representando o sentimento de vazio existencial, Rei é quase como uma carcaça em busca de compreender sua verdadeira razão de existir. Com uma história carregada de simbolismos, reforçando a complexidade emocional que permeia o universo de Evangelion.
A narrativa de Evangelion é repleta de estranhezas, mas também traz uma sensação de familiaridade. Os personagens, embora fictícios, espelham vivências reais. Seus traumas, angústias e dilemas existenciais são retratos das lutas internas enfrentadas por muitos jovens. Seja Shinji com sua busca por aceitação, Asuka com sua negação das vulnerabilidades ou Rei com sua luta para encontrar propósito, todos eles representam facetas da experiência humana.
Mais do que um anime, Evangelion é uma análise profunda das emoções humanas. Ele nos lembra que, apesar de nossas inseguranças e medos, esses sentimentos fazem parte do que nos torna humanos. E tudo bem sermos assim.
Os momentos mais marcantes e emblemáticos de Evangelion
Episódio 1: A alma no EVA-01
No primeiro episódio, descobrimos que a unidade EVA-01 contém um tipo de alma que, de certa forma, é a mãe de Shinji. Esse vínculo emocional é evidenciado quando a unidade salva Shinji de forma inesperada, em um dos momentos mais marcantes da série. Então, com este episódio inicial define o tom emocional e profundo da narrativa de Evangelion.
Episódio 2: Shinji e Misato
Shinji começa a conviver com Misato, sua tutora, em um cenário que mistura humor e realidade. Assim, as interações entre uma adulta desorganizada e uma criança emocionalmente frágil destacam a originalidade do anime, criando um contraste único entre drama e comédia.
Episódio 8: A estreia de Asuka
Asuka, uma das personagens principais, faz sua entrada triunfal comandando a unidade EVA-02. Sua estreia ocorre em uma batalha épica no mar, repleta de ação e tensão, envolvendo navios e ataques coordenados. Esse episódio não apenas exibe sua habilidade, mas também marca um ponto de virada para o desenvolvimento dos demais personagens.
Episódio 9: Sincronia em combate
Este episódio apresenta uma das batalhas mais memoráveis de animes, com as unidades EVA-01 e EVA-02 sincronizadas ao som de música clássica para derrotar dois Anjos. A execução impecável e a criatividade fazem desse confronto um destaque na série.
Episódio 15: O beijo de Shinji e Asuka
Shinji e Asuka se beijam em uma cena que, à primeira vista, parece cômica, mas carrega implicações profundas. O momento revela nuances da personalidade complexa de Asuka, explorando suas inseguranças e o impacto desse evento em sua trajetória.
Episódio 19: O modo Berserk
Shinji enfrenta um momento de desespero quando a unidade EVA-01 não responde aos seus comandos. Porém, a alma dentro da máquina entra em modo Berserk, derrotando um Anjo de forma brutal. Esse episódio redefine a compreensão sobre os EVAs e introduz uma nova camada à narrativa.
Rei Ayanami: evolução ao longo da série
Rei Ayanami, frequentemente vista como apática, esconde uma história complexa que ainda hoje gera debates. Então, sua evolução emocional é marcada por sorrisos sutis ao longo dos episódios, cada um carregado de significados profundos, que vão da tristeza à delicadeza.
Episódio final: Um desfecho simbólico
O último episódio de Evangelion é conhecido por sua natureza confusa e simbólica. A cena em que todos os personagens parabenizam Shinji se tornou um meme, mas também representa um dos momentos mais reflexivos do anime. Nesse instante, Shinji começa a compreender os eventos ao seu redor, mesmo que isso não traga uma resolução definitiva.
O final agridoce e questionável de Neon Genesis Evangelion
A narrativa de Neon Genesis Evangelion segue uma trajetória relativamente linear até os dois episódios finais, quando ocorre uma mudança estilística significativa. A abordagem convencional é substituída por uma exploração abstrata e enigmática, marcando uma das conclusões mais debatidas do anime.
No penúltimo episódio, é ativado o misterioso Projeto de Instrumentalidade Humana. Embora mencionado ao longo da série, ele nunca havia sido plenamente explicado. O objetivo do projeto é eliminar os “Campos AT”, barreiras que circundam a alma humana e nos mantêm separados uns dos outros.
Esses mesmos campos utilizados pelas unidades EVA como defesa contra os Anjos, reforçando a conexão biológica entre os EVAs e a humanidade. Com a ativação da Instrumentalidade, todas as mentes e almas humanas se fundem em uma única consciência coletiva.
Assim, as cenas dos episódios 25 e 26 ocorrem em uma dimensão mental, afastando-se completamente da realidade física. Esse ambiente surreal reflete as reflexões internas dos personagens, como Shinji e Rei, sobre isolamento, sofrimento e a essência da existência individual.
No clímax, Shinji esta em uma realidade alternativa onde os Evangelion não existem. Nesse cenário utópico, ele leva uma vida serena, cercado de amigos e em um lar harmonioso. No entanto, Shinji percebe que essa visão é apenas uma ilusão, incapaz de aceitá-la como sua realidade.
Essa experiência serve como um catalisador para que Shinji compreenda que sua existência não precisa ser definida pela dor e pelo isolamento. Ele percebe que existem possibilidades de vida além de seu papel como piloto de EVA. Essa epifania inspira Shinji a aceitar sua identidade e a valorizar o mundo ao seu redor.
O anime culmina em uma cena simbólica, onde os outros personagens formam um círculo em volta de Shinji, aplaudindo-o. Esse momento representa reconhecimento, apoio e a aceitação de sua jornada pessoal.
Os episódios finais de Evangelion desafiam convenções narrativas ao explorar temas existenciais de forma abstrata. Combinando simbolismo e introspecção, o desfecho oferece uma perspectiva única sobre identidade, isolamento e aceitação, encerrando a série de maneira marcante e reflexiva.
Trilha sonora: o impacto emocional do som
Se existe algo tão marcante quanto a trama de Evangelion, é sua trilha sonora. Quem não se lembra de “A Cruel Angel’s Thesis“, a icônica abertura que se tornou um hino entre os fãs? A música captura perfeitamente o tom épico e melancólico da série.
A trilha sonora de Neon Genesis Evangelion não é apenas um complemento da narrativa; mas, é uma experiência sensorial que amplifica cada momento, conectando-se profundamente com o espectador. Shiro Sagisu, o gênio por trás da composição, criou uma obra que atravessa diferentes estilos, desde o grandioso e orquestral até o intimista e melancólico.
As trilhas instrumentais que permeiam os episódios também têm um papel crucial. Entretanto, músicas como “Decisive Battle” e “Angel Attack” aumentam a tensão nas batalhas contra os Anjos, combinando ritmos militares com tons caóticos que fazem o espectador sentir a urgência do combate.
Por outro lado, faixas como “Rei I” ou “Hedgehog’s Dilemma” trazem melodias suaves e introspectivas que refletem a fragilidade emocional dos personagens, especialmente nas cenas em que Shinji enfrenta seus conflitos internos ou quando o mistério de Rei é explorado.
E não podemos esquecer a escolha curiosa e brilhante de “Fly Me to the Moon” como música de encerramento. Dependendo do episódio, a canção aparece em versões diferentes, do jazz clássico ao estilo bossa nova, criando um contraste intrigante com os eventos muitas vezes devastadores que acabamos de assistir.
Essa música, leve e romântica, deixa o espectador em um estado emocional ambíguo, como se questionasse: “O que eu acabei de vivenciar?“. Para os fãs, revisitar as músicas de Evangelion é como reencontrar velhos amigos: um misto de saudade, emoção e admiração por algo que marcou profundamente suas vidas.
Sucesso do anime no mundo
Desde sua estreia em 1995, Neon Genesis Evangelion se consolidou como um fenômeno cultural. Além disso, o anime foi pioneiro ao abordar temas psicológicos e filosóficos em meio à ação explosiva e à ficção científica, deixando uma marca profunda na indústria e nos fãs.
A franquia se expandiu para filmes, mangás e produtos licenciados, gerando debates calorosos sobre seu final original (e sua reconstrução nos filmes Rebuild of Evangelion). O impacto foi tão grande que Evangelion ajudou a popularizar o anime no ocidente, moldando a maneira como o gênero é consumido até hoje.
Então, se você ainda não conferiu essa obra-prima ou deseja revisitar suas camadas complexas, aproveite o Retroanime e embarque nessa jornada emocional e eletrizante. Afinal, como diria Gendo Ikari: “É hora de avançar”.
Texto escrito em conjuto pelos redatores Marcus Vinicius e Geovana Santos.
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