Na madrugada desta sexta-feira (17), Billie Eilish lançou seu terceiro álbum de estúdio, o HIT ME HARD AND SOFT. O álbum teve seu lançamento depois de dois anos do Happier Than Ever (2021) e promete “reviver a antiga Billie”.

Ouça o álbum completo a seguir:

Billie afirmou que precisou ter acesso ao seu lado mais sombrio para produzir o álbum. A confirmação veio por uma entrevista para a Revista Rolling Stone. “Foi a melhor época da minha vida. Todo esse processo pareceu que eu estava voltando para a garota que eu era. Eu estive de luto por ela. Tenho procurado por ela em tudo e é quase como se ela tivesse sido afogada pelo mundo da mídia.”, ela alega.

Identidade, amor e sexualidade

O álbum realmente retoma esse “eu” da cantora. Como por exemplo, na primeira faixa do disco, ‘SKINNY‘, a letra trata dos padrões e como isso afetou a visão sobre seu corpo. “[…] As pessoas dizem que eu pareço feliz | Só porque eu fiquei magra | Mas o meu eu antigo ainda sou eu […]” A faixa, assim como a letra, é bem sentimental e intensa, enquanto as cordas de uma guitarra soam no fundo com um dedilhado delicado, que combinam com os vocais angelicais de Billie.

LUNCH vem como uma quebra de vibe, bem animada e descontraída. A letra, sobre a relação íntima de Billie com uma garota é divertida e sensual, assim como o som que remete até a um clima tropical, enquanto o baixo (instrumento) é bem marcante. Juntando tudo, o conjunto da obra resulta em um som dançante e contagiante.

O single também veio com um videoclipe no Youtube em que Billie aparece fazendo lip sync da letra da música do início ao final. Confira:

CHIHIRO é mais misteriosa, resultado vindo da voz de Billie mais baixa, como se fosse um sussurro. Além de que o contraste das vozes de fundo com os elementos sonoros dão uma sensação de que se trata de algo desconhecido. Mas, mesmo assim a batida ainda te faz levantar e dançar.

Medo da perda, coração partido e conflitos amorosos

Em contraste, BIRDS OF A FEATHER é mais tocante por conta da letra e da sonoridade. A letra é sobre temer a despedida e partida da pessoa amada, que também soa como uma necessidade da companhia alheia. “Eu quero que você fique | Até que eu esteja no túmulo | […] Eu acho que não poderia te amar mais | Talvez isso não dure muito, mas amor, eu | Eu vou te amar até o dia em que eu morrer. […]” Vale destacar que a faixa tem bastante destaque nos acordes do violão, é meiga e emocionante, mas tem muito potencial para a letra grudar na cabeça de quem está ouvindo.

WILDFLOWER também prossegue nessa pegada mais melancólica, no som e na letra. A música é sobre Billie ser uma terceira integrante em um relacionamento após o término. Do início ao meio, a música é calma e bem sentimental, o violão soa até como ‘i love you‘, do álbum WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO? Mas do meio ao final, ela se transforma em algo intenso e com uma bateria forte, e no fim ela volta a soar como no início.

Assim como as outras canções, THE GREATEST é um acústico, com o diferencial do dedilhado no violão. A voz de Billie também contrasta com isso e transmite o sofrimento que também é retratado na letra. Ao final, a música fica mais forte e chega a arrepiar com a bateria e os vocais da cantora junto com as vozes de fundo.

Mentiras, predestinações e negação

L’AMOUR DE MA VIE soa mais sensual, com o som da guitarra e as batidas que remetem até ao jazz. Na letra, Billie fala sobre contar mentiras em relação ao amor que estava vivendo.

Em THE DINER, Billie fala sobre ter encontros às escondidas e querer ter uma vida ao lado de uma mulher. Soube que estávamos predestinadas “[…] Você está estrelando nos meus sonhos | Em revistas, você está olhando diretamente pra mim | Estou esperando na sua esquina. […]” A sonoridade é envolvente, dançante e bem pop.

BITTERSCUITE é sobre a necessidade de negar um amor e tentar não se apaixonar. Ao início, a música se parece com as duas últimas, por serem contagiantes. Mas em determinado momento, ela fica mais misteriosa e lenta, com a voz de Billie sumindo aos poucos, dando entrada para o som final da música que encerra sendo bem marcante.

Links entre as faixas e semelhanças na carreira de Billie Eilish

Por fim, a última faixa, BLUE segue a pegada de BITTERSCUITE mas um pouco mais melancólica. Os vocais com reverb parecem um abraço na alma e envolvem quem quer que esteja ouvindo. A letra faz um link com BIRDS OF A FEATHER (“metades de uma laranja”), alegando a decepção amorosa enfrentada. “[…] Eu gostaria | De ser sincera quando digo que já esqueci você | Mas isso ainda não é verdade | Eu continuo tão triste, ooh | Eu pensei que nós éramos iguais, metades de uma laranja. […]” Depois de a música transmitir um quase transe, os sons de violinos se fazem presente juntamente dos vocais de Billie. E assim se encerra o HIT ME HARD AND SOFT.

Este é o terceiro álbum de Billie Eilish que foi produzido com seu irmão, Finneas, assim como todas as suas músicas desde o início da carreira. Vale ressaltar também que o álbum se assemelha muito ao primeiro LP de Billie, dont smile at me, tanto nas letras quanto no som de algumas músicas.