Black Mirror estreou sua 7ª temporada no último dia 10 de abril, entregando episódios com críticas explícitas sobre os streamings, como o entretenimento domina a vida das pessoas. Além de como a tecnologia invade a vida das pessoas, com um grande empurrãozinho do capitalismo. A produção aponta temas como saúde, mercado do entretenimento e o avanço da tecnologia misturado com aspectos comuns da humanidade.
Com 6 episódios no total, a nova temporada entrega histórias intrigantes e interessantes de acompanhar, sem contar que possui um elenco maravilhoso. Alguns nomes conhecidos também na própria Netflix, como Rashida Jones, Tracee Ellis Ross, Issa Rae, Emma Corrin e Awkwafina. Ainda conta com Will Poulter, Peter Capaldi, Paul Giamatti, Cristin Miliot e Jimmi Simpson.
ALERTA: Contém spoiler
Pessoas Comuns

O primeiro episódio de Black Mirror, “Pessoas Comuns” conta a história de um casal comum, Amanda e Mike, que acaba com sua vida impactada após a esposa ser diagnosticada com câncer cerebral e ficar entre a vida e a morte. O marido enquanto vive o baque da realidade descobre um tratamento alternativo que pode salvar a vida dela. Por isso, ele acaba contratando um sistema de alta de tecnologia que promete mantê-la viva e afetar muito pouco de sua vida.
No entanto, conforme o tratamento progride, muitas coisas acontecem, como o que seria no início uma hora de a mais de sono por dia para recarregar o sistema de dados, se prolonga. E também a mulher que trabalha como professora em um colégio começa citar propagandas em meio as conversa com os alunos e até mesmo com o marido.
Assim, seu comportamento começa impactar não só na própria personalidade, mas também na vida de todos ao redor. Além dos efeitos, o tratamento sempre passa por aprimoramentos e acaba ficando cada vez mais caros. Dessa forma, o marido passa a trabalhar cada vez mais e até mesmo recorrer a um site em que pode ganhar dinheiro fazendo coisas degradantes para que outros se divirtam assistindo.
A série faz uma crítica sobre a forma em que os streamings estão cada vez mais caros e forçando os usuários a pagarem mais, para poder se livrar dos anúncios. Algo que era a proposta original do próprio streaming, que diferente da televisão e do YouTube prometiam assistir aos conteúdos sem interrupções.
Apesar da crítica excelente, o primeiro episódio da 7ª temporada de Black Mirror pareceu longo demais, o que torna um pouco cansativo. Por outro lado, a história emociona e também impacta devido à proximidade com a realidade.
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Bête Noire

No segundo episódio, “Bête Noire” Maria é uma executiva bem sucedida em uma companhia de chocolate, quando uma ex-colega de classe ressurge em sua vida. Assim, quando Verity entra para a empresa, Maria começa ter comportamentos paranoicos alarmantes, culpando a novata por modificar coisas, até mesmo na internet. Durante a época da escola, Verity era uma jovem retraída que vivia na sala de computadores, considerada estranha e alvo fácil de bullying. Agora, já adulta parecia alguém que se destacava facilmente com seu jeito gentil e divertido.
Portanto, Maria não comprou nenhum pouco, principalmente ao descobrir que outra colega de classe, cometeu suicídio recentemente. Então, ela decide que vai descobrir o que está por trás do retorno de Verity, fazendo uma descoberta, grandiosa, que com um controle tecnológico ela pode transformar realidade e fatos.
O episódio traz uma dose de suspense, e acaba deixando até quem assisti confuso, confesso que voltei uma cena para conferir uma informação. A trama traz o questionamento sobre as informações que temos em mãos nessa era de inteligência artificial, o que é verdade ou não. Ressaltando a importância do cuidado ao repassar informações antes de checar se realmente é uma fonte confiável ou apenas um produto criado.
Além disso, outro tópico importante e o principal é como o bullying pode ser destrutivo, o que um pode ver como uma simples piada, pode causar danos irreparáveis para outros. E como poder também pode fazer você quebrar códigos de conduta, apenas para ter mais dele.
Hotel Reverie

“Hotel Reviere“, o terceiro episódio da 7ª temporada, conta história de um estúdio decadente que não consegue mais produzir filmes, por não ter como pagar por eles. A trama mostra quando uma empresa high-tech propõe a refilmagem de um clássico do estúdio com novos nomes do cinema de uma maneira imersiva.
Ao saber do projeto, Brandy uma atriz em ascensão, mostra interesse em participar do projeto, o problema é que ela acaba não vendo o pendrive que explica como o projeto funciona. Animada para participar de uma nova versão do filme, ela embarca na produção e se depara com uma nova forma de filmagem.
Porém, durante a gravação, a atriz fica presa na realidade, o que se não tirada a tempo, pode resultar na morte do seu corpo físico. O episódio é um dos meus favoritos, uni romance e suspense, chamando a atenção de quem assiste, além de contar com Issa Rae e Awkwafina elevando uma boa dose de diversão.
“Hotel Reverie” dá uma alfinetada na indústria cinematográfica, principalmente com o uso de imagens criadas por inteligência para manter a memória de personagens vivos.
Brinquedo

O quarto episódio da 7ª temporada de Black Mirror “Brinquedo” acompanha Cameron, um jornalista especializado em jogos de videogame. Assim que ele é convidado para testar um novo jogo, de um criador conhecido, que estava afastado dos holofotes, após uma crise de saúde mental. Assim, o jornalista acaba sendo apresentado a um novo tipo de ‘jogo’ que o criador diz ser mais uma experiência interativa.
O jogo inicia com um personagem que deve ser cuidado e alimentado, então ele vai se replicando, com o tempo os pequenos seres se multiplicam em milhares. Aparentemente, eles tentam se comunicar com quem joga, e o objetivo é aprimorar a capacidade humana de quem interage com eles. No entanto, aquilo é viciante, e Cameron se vê refém deles, sendo capaz até mesmo de cometer um crime para protegê-los.
O episódio é divido entre passado e presente, onde Cameron, já adulto, conta para a polícia, tudo que aconteceu até o dia do crime. A história consegue manter seu atrativo, conforme os fatos vão acontecendo, e a reviravolta é empolgante, levando há um final reflexivo. Principalmente sobre o futuro da humanidade, onda de violências e o que se pode fazer para mudar de alguma maneira.
Eulogy

“Eulogy”, o quinto episódio, traz Paul Giamatti em uma interpretação emocionante, em um quase monólogo por boa parte do episódio. Giamatti é Phillip, um homem solitário que recebe uma ligação em que questionam se ele conhece Carol. A quem, depois de alguns segundos, descobre se tratar de uma ex-namorada com quem teve um término difícil.
Ao receber a notícia de sua morte, Phillip descobre uma tecnologia que ajuda a recordar memórias, através de fotografias, um dispositivo que permite que você entre em uma foto e recupere as sensações e lembranças de quando foi tirada. Dessa forma, ele revive um relacionamento intenso que acabou terminando e deixando marcas.
Giamatti dá peso emocional para o personagem, fazendo com que assista se envolva em suas dores e questionamentos, o que no decorrer do episódio nos faz repensar, sobre todos os lados de uma história.
USS Callister: Infinity

O sexto e último episódio, “USS Callister: Infinity” retorna uma história apresentada no primeiro episódio 4ª temporada. Agora, Nanette Cole e a tripulação da USS Callister ficam presos em um universo virtual infinito, lutando pela sobrevivência contra 30 milhões de jogadores.
O universo Infinity se passa, após a morte de seu criador Robert Daly, Nanette e outros funcionários aparecem presos na USS Callister lutando para sobreviver enquanto roubam pontos de outros jogadores. No entanto, aos poucos fica esclarecido que aqueles são apenas cópias virtuais, mas bem realistas de Nanette e dos outros. Assim, a morte deles naquele universo, acabaria com a morte deles também na vida real.
Por isso, a verdadeira Nanette ao descobrir os clones decidem entrar no jogo para entender o que está acontecendo, porque estão roubando os jogadores. Com isso, quando divide a informação com James Walton dono da empresa e antigo parceiro de Daly. O homem ambicioso quer entrar no jogo e matar os tripulantes, para continuar ganhando dinheiro com os jogadores.
Para defender a tripulação e salvar o jogo, a versão virtual de Nanette vai atrás de Daly antes que tudo isso aconteça. E assim, tentar convencê-lo a excluir os dados do jogo e salvá-lo de Walton.
Acredito que “USS Callister: Infinity” é um episódio que agrada mais a jogadores de games, e realidade virtual. Mas, também é interessante, olhar o ponto de vista, em que muitas empresas criam jogos para que as pessoas fiquem horas imersas nesse mundo, esquecendo a própria realidade.
A 7ª temporada de Black Mirror é uma ótima temporada, mantendo o nível de qualidade das temáticas, que estão cada vez mais alinhadas com a realidade.
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