O quinto episódio de “Cidade de Deus: A Luta Não Para” apresenta um avanço crucial na narrativa, intensificando a tensão e revelando novos dilemas na comunidade. A série, que até então focava nas rivalidades entre gangues e a manipulação de poder, agora mergulha mais fundo no envolvimento da política e da polícia. Cabeção, antigo personagem do filme, reaparece, mas dessa vez com muito mais poder: ele é o atual secretário de segurança do Rio de Janeiro. E seu filho, vereador ambicioso, aproveita a guerra entre Bradock e Curió para tentar ascender na política, um reflexo direto de como a corrupção e os jogos políticos estão enraizados nessa guerra.
Atenção! Apesar da review de fato ter a intenção de analisar o episódio profundamento, desse ponto em diante serão dados spoillers importantes!
A Cidade de Deus agora enfrenta mais uma guerra
A morte de Barbantinho, o representante comunitário, marca o ponto de virada desse episódio. Seu assassinato, durante um violento confronto entre a facção de Bradock e a Polícia Militar, choca a comunidade e transforma completamente o rumo da série. Barbantinho, personagem conhecido do filme de 1992 vivido pelo ator Edson Oliveira, sonhava em trazer mudanças reais para a Cidade de Deus e estava em campanha para vereador. Sua morte não apenas simboliza o fracasso dos esforços políticos para promover mudanças, mas também dá o tom trágico e profundo que permeia este episódio. Reginaldo, o Cabeção, aproveita a situação para inflamar ainda mais a guerra contra Bradock, jogando a culpa pela morte em suas costas e prometendo uma caçada violenta contra o bandido.
Enquanto isso, Delano (Dhonata Augusto), que é um policial criado na favela e filho de Cinthia, ex-companheira de Mané Galinha, passa a enfrentar seus próprios conflitos. A dúvida sobre sua paternidade – com a sombra de Zé Pequeno pairando sobre sua vida – se reflete em seu comportamento, que oscila entre o dever com a polícia e sua lealdade à comunidade. Essa ambiguidade faz de Delano um dos personagens mais intrigantes do episódio, pois ele se vê lutando em ambos os lados dessa guerra. Sua trajetória até agora levanta questões sobre identidade, pertencimento e justiça.
Cidade de Deus e das mulheres
As mulheres da série, sempre figuras de força, também ganham espaço de destaque nesse episódio. Se no episódio anterior Jerusa (Andreia Horta) dominou as cenas com sua manipulação astuta, agora é a vez de Berenice (Roberta Rodrigues), mostrar que o outro lado também tem força e garra para vencer.
No final do episódio 4 ela se vê forçada a denunciar seu companheiro, o PQD, para a polícia para salvar sua vida. Agora, Berê é uma das que mais sente a indignação da morte de Barbantinho, talvez o ápice da série até o momento. Roberta entrega uma das atuações mais honestas e profundas até aqui, e justifica porque a atriz foi coloca de volta na história. Para quem não se recorda, Berê era namorada do Cabeleira, criminoso do Trio Ternura, cujo irmão do Buscapé fazia parte. Agora, ela é uma mulher empreendedora, dona de um salão, e cria sua filha ao mesmo tempo, em que tenta ajudar a comunidade a superar os desafios impostos pela desigualdade.
Essas características, somadas as suas decisões corajosas de enfrentar o caos da guerra de peito aberto, a coloca sob os holofotes, abrindo caminho para que ela se torne uma possível nova liderança na favela, substituindo Barbantinho. A série, mais uma vez, mostra que as figuras femininas não são apenas suporte para os personagens masculinos, mas sim forças motrizes dentro desse universo.
Ainda há tempo para crescer arcos importantes?
Mas existe um detalhe nesse episódio que incomoda bastante. O arco de Buscapé e Lígia, que investigam a atuação das milícias nas favelas, ainda não atingiu o impacto necessário para justificar sua existência. Embora o tema seja relevante e revisite questões fundamentais sobre corrupção policial, parece que esse enredo está sendo deixado de lado em meio ao caos dos conflitos armados.
Mesmo com a carga emocional trazida pelos flashbacks de Buscapé e Barbantinho, a série parece hesitar em dar a devida atenção à importância dessa investigação. E não somente na investigação, há ainda uma questão familiar que precisa ser explorada e aprofundada, afinal, Buscapé é pai de Leka, a MC que sonha em ter uma carreira no funk. A série até o momento só esboçou explorar essa relação, mas até agora não conseguimos entender muito de como a vida desses dois personagens se afastaram.
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Um episódio para acender a ansiedade pelos próximos
O episódio 5 de “Cidade de Deus: A Luta Não Para” mantém o nível de tensão elevado, entregando cenas impactantes e momentos decisivos que alteram drasticamente os rumos da trama. As perdas dolorosas e as reviravoltas políticas trazem à tona os aspectos mais sombrios da vida nas favelas, e a série não hesita em expor as complexidades da luta pelo poder e pelas mudanças sociais. Com apenas um episódio restante, fica a dúvida sobre como a série vai amarrar todos esses arcos narrativos, especialmente o da investigação de Buscapé e Lígia, que ainda carece de desenvolvimento.
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