A série “Com Carinho, Kitty” é o spin-off da popular franquia “Para Todos os Garotos que Já Amei”, que conquistou o público, principalmente os adolescentes. Lançada recentemente pela Netflix, a série segue a jornada da adorável Kitty Song Covey, irmã de Lara Jean, que agora ganha destaque e sua própria aventura para viver.
A história
No desfecho da trilogia cinematográfica, Kitty se apaixona por Dae, um intercambista sul-coreano, e decide se mudar para Seul para encontrá-lo e também explorar a história de sua mãe. Ao ingressar na KISS, a escola de Dae e onde sua mãe estudou na adolescência, a vida de Kitty vira de cabeça para baixo ao descobrir que seu suposto namorado está, na verdade, namorando uma colega chamada Yuri.
A série é uma colaboração entre a escritora Jenny Han e Sascha Rothchild, contando com a direção compartilhada por Jennifer Arnold, Jeff Chan, Pamela Romanowsky e Katina Medina. O grande acerto de Jenny e Sascha foi criar uma mescla harmoniosa entre os dramas coreanos (K-Dramas) e as séries americanas de romance adolescente. Essa mistura é repleta de acertos, que podem ser vistos em cada detalhe, desde as cenas com efeito slowmotion até os brilhos na tela.
No elenco temos Anna Cathcart como Kitty, Choi Min-young (Your Honor), Anthony Keyvan (Q), Gia Kim (Yuri), Sang Heon Lee (Min Ho), Peter Thurnwald (Alex), Regan Aliya (Juliana) e Yunjin Kim (Diretora Jina Lim). Inclusive, uma curiosidade é que Sang Heon Lee e Gia Kim (Min-Ho e Yuri) são irmãos na vida real.
Em questão de atuação, todos os personagens conseguem entregar seu máximo, principalmente Kitty e Yuri, que estão impecáveis. Inclusive, a atuação de Anna justifica porque a Netflix comprou a ideia de fazer uma série só dela. Q também é um achado dentro dessa série, Anthony Keyvan entrega um personagem carismático e muito importante na busca de Kitty pela verdade, tanto a dela quanto a de sua mãe.
Estilo americano, coração dorameiro!
Ao longo de 10 episódios, somos imersos nas escolhas de Kitty de se mudar para a Coreia, acompanhando todos os altos e baixos dessa jornada. Além disso, a apresentação dos personagens ocorre de forma natural, permitindo que conheçamos, pelo menos, a história central de cada um deles. Esse feito é notável, considerando a quantidade de personagens no núcleo central da série. Embora alguns detalhes tenham ficado de fora, como a família de Dae, que poderia ter recebido mais atenção, talvez tenhamos a oportunidade de conhecê-los melhor em uma possível segunda temporada.
A trama envolve diversos núcleos familiares, incluindo Yuri, filha da diretora da escola e amiga “secreta” da mãe de Kitty, que namora Dae, filho do motorista do pai de Yuri. Além disso, há o núcleo dos estudantes, com personagens como Q, Min-Ho, Madison e Florian, além de Juliana, namorada de Yuri e que desencadeia todo o enredo do namoro fake. Há também o núcleo dos professores, com Alex e o Professor Lee compartilhando um segredo e uma história complexa em comum.
A série possui traços clássicos dos filmes originais que são inevitáveis de se notar, como os momentos narrados, mas ao mesmo tempo, abraça completamente a influência dos doramas e uma identidade própria. A Netflix soube aproveitar perfeitamente a tendência do momento, em que todos têm uma certa curiosidade por séries e filmes coreanos. Um aspecto muito interessante é a forma como a comunicação entre os personagens é retratada. O diálogo oscila entre o inglês e o coreano, criando uma mistura cultural muito divertida. Esse detalhe é importante porque a escola, KISS, é uma instituição que recebe tanto estudantes coreanos quanto estrangeiros, proporcionando uma dinâmica cativante.
Assuntos abraçam o drama familiar e a diversidade
Abraçando temas que envolvem o drama familiar, como no caso da família de Yuri, podemos nos identificar com os dilemas de cada personagem. A série também explora as dinâmicas familiares complexas e as relações entre os personagens, oferecendo uma visão íntima dos desafios e conflitos vivenciados por eles. Além disso, a diversidade é celebrada ao apresentar personagens de diferentes origens étnicas e culturais, enriquecendo a narrativa com perspectivas variadas. Ao tratar desses assuntos, a série cria uma conexão emocional com o público, levando-o a refletir sobre suas próprias experiências e identidades.
Ao mergulhar de maneira profunda em temas como o primeiro amor, a descoberta pessoal e a representação LGBTQIA+, a história nos apresenta de forma simples e única os dramas e dilemas que esses adolescentes enfrentam. A série explora as emoções intensas e os desafios enfrentados pelos personagens enquanto eles navegam pelos altos e baixos do amor adolescente. Além disso, a narrativa dedica atenção significativa à jornada de autodescoberta dos personagens, abordando questões de identidade de gênero, orientação sexual e aceitação pessoal. Ao destacar esses temas, a série oferece uma representação autêntica e sensível, permitindo que o público se identifique e se conecte com as experiências vividas pelos personagens, independentemente de sua própria orientação ou identidade.
Fotografia impressiona e trilha sonora é uma ode aos fãs de K-Pop
Claro que não poderiamos deixar de falar do aspecto audio-visual dessa série. Assim como os doramas, a trilha sonora é repleta de músicas populares de K-Pop, trazendo desde BLACKPINK, BTS, TWICE e Park Hye Jin. A grande homenagem, entretanto fica com um clássico dos anos 80, Tears For Fears cantando Everybody Wants To Rule The World.
A fotografia também impressiona, não somente pela qualidade técnica das imagens, mas também por explorar muito bem as locações da série. Grande parte da série foi filmada na Coreia do Sul, principalmente em Seul e nas cidades próximas.
“Com Carinho, Kitty” é uma série encantadora, que cativa o público ao combinar elementos dos K-Dramas com o romance adolescente das séries americanas. É uma história envolvente que nos faz torcer pelos personagens e ansiar por mais episódios. Com uma trama bem construída e personagens cativantes, a série conquistou seu espaço e certamente encontrará seu público, proporcionando momentos emocionantes e divertidos ao longo de cada episódio. A boa notícia é que o final da série deixa espaço para mais duas temporadas (ou mais)!