Quando um gamer quer experimentar um novo jogo, muitas ideias surgem na cabeça. E por que não se imaginar como um gato? É aí que entra Copycat, desenvolvido pela Spoonful of Wonder e publicado na América Latina pela Nuuvem. Nesse jogo singleplayer, você se torna Dawn, uma gata muito especial que embarca em aventuras em uma nova casa, com uma nova dona, enfrentando vários desafios ao longo do caminho.

Copycat
Reprodução: Spoonful of Wonde

Um jogo bonito, mas problemático

A jogabilidade de Copycat apresenta uma proposta acessível, com interface e legendas localizadas para o português do Brasil, o que facilita a imersão para o público local. No entanto, essa acessibilidade não compensa as falhas estruturais do gameplay. Como um jogo singleplayer, Copycat depende de uma narrativa linear e fechada, onde o jogador raramente sente que suas escolhas têm impacto real. Embora o game ofereça opções de decisão, na maior parte das vezes, o desfecho é o mesmo, tornando o ato de escolher pouco relevante e diminuindo o engajamento. Isso transforma a experiência em algo repetitivo e previsível, enfraquecendo a sensação de progresso ou de controle sobre a história.

Não valoriza a curiosidade dos gatos

Outro ponto problemático é a rigidez do jogo. Não há liberdade para explorar os cenários ou tomar iniciativas fora do roteiro estabelecido. O jogador é constantemente guiado por missões predeterminadas, sem espaço para desvios ou descobertas espontâneas, o que torna a experiência mecânica e pouco interativa. Ora, é um jogo sobre gatos, e gatos são exploradores, são curiosos, eles gostam de aventura, e aqui não tem espaço para aventura. Para um jogo que poderia explorar a curiosidade e independência típica de um gato, a falta de exploração é uma limitação significativa. A impressão que fica é que os criadores do game nunca tiveram um gato na vida.

Além disso, Copycat sofre com um ritmo lento, que prejudica a fluidez do gameplay. A narrativa avança de forma arrastada, com longos períodos de espera entre os textos e as poucas decisões que o jogador pode tomar. Essa lentidão não apenas quebra a imersão, mas também pode levar à frustração, já que em vários momentos você se vê apenas aguardando o término de diálogos para realizar uma ação. Embora compreensível dentro do gênero proposto, essa estrutura acaba tornando o jogo cansativo, especialmente para aqueles que esperam uma experiência mais dinâmica e interativa.

Copycat
Reprodução: Spoonful of Wonde

Muito mais que um jogo, uma história… que não convence nem estimula

Logo no primeiro play, você se depara com um visual encantador. O jogo utiliza uma mistura de técnicas e cores que realmente impressionam. No entanto, não vou focar nas técnicas visuais, pois isso é o que menos importa nessa experiência.

Para quem não sabe, Copycat é uma gíria em inglês para “imitador”, e o jogo explora exatamente isso. Dawn, a gata adotada por uma senhora chamada Olive, logo descobre que, na verdade, está sendo usada como substituta do ex-gato da dona. Até aí, tudo bem. Parece um drama típico, mas rapidamente você percebe que a história não é tão comum assim.

Olive é uma senhora idosa que vive sozinha e está doente, à beira da morte. Antes de começar a jogar, li algumas análises na Steam, onde a maioria das pessoas descrevia o jogo como “um soco no estômago” ou “emocionante e reflexivo”.

Sinceramente, se há algo que esse jogo não traz, é reflexão. Apesar da desenvolvedora promover o jogo como aconchegante, a realidade é bem diferente. Durante toda a gameplay — que, diga-se de passagem, é curta — você sente mais frustração e raiva do que qualquer sensação de acolhimento. Se a proposta fosse ser um jogo de terror ou suspense, eu até entenderia. Mas esse não é o caso.

Por que choras jogador?

No final, senti apenas vontade de desinstalar e nunca mais jogar algo parecido. Sei que não existe uma regra dizendo que todo jogo deve ser divertido ou ter um final feliz, mas o problema aqui é o contraste entre o que o jogo promete e o que ele realmente entrega. A narrativa se vende como um conto sobre resgate de animais, a conexão entre humanos e pets, e temas como morte e resiliência. No entanto, o que acaba sendo entregue é uma história perturbadora. Não me senti tocado ou inspirado após jogar.

A filha de Olive, por exemplo, é retratada como uma vilã em diversos momentos (e, se pararmos para pensar, de fato ela é), mesmo enquanto lida com os problemas relacionados à iminente morte de sua mãe. Ela maltrata os animais como se não fossem seres vivos, e o jogo não oferece nenhuma redenção para isso.

Conclusão

Não quero me alongar mais. Resumindo, eu não recomendo este jogo para ninguém que ame animais ou que queira jogar para se divertir e ter um bom momento. Copycat falha em sua premissa e, ao invés de proporcionar uma experiência reflexiva ou emocionante, deixa o jogador com um gosto amargo. Não vou comentar sobre o final de fato do jogo, ele pode agradar algumas pessoas e pode dar uma sensação de que as coisas se resolvem (de um jeito, ou de outro), mas no meu caso, a experiência do todo, não me agradou.