Bom, Demolidor: Renascido é uma série é ruim… ansioso pela 2ª temporada
O episódio “Direto para o Inferno” de Demolidor: Renascido surge como uma tentativa clara de corrigir o rumo da narrativa. Assim como “Ilha da Alegria”, ele busca dar sentido aos eventos anteriores, ainda que recorra a explicações apressadas e pouco orgânicas inseridas nos minutos finais. A abordagem didática demais continua, tratando o espectador como alguém incapaz de acompanhar uma trama mais elaborada, uma marca que, infelizmente, tem se repetido.
Apesar disso, o episódio se destaca por ser superior à maioria dos seus antecessores. Esse mérito, no entanto, não reside na habilidade dos roteiristas em criar conexões eficazes, mas sim no retorno de Karen Page. Sua presença traz uma âncora emocional que alinha Frank Castle ao fragilizado Matt Murdock, mesmo após este ter sido baleado horas antes e, de maneira pouco crível (ainda que aceitável dentro do gênero), enfrentar um batalhão de policiais corruptos ao lado do Justiceiro.

Curiosamente, “Direto para o Inferno” funciona melhor como um episódio da série do Justiceiro do que como parte de Demolidor: Renascido. A brutalidade, os distúrbios mentais e o peso dramático que o personagem exige estão presentes — elementos que reacendem a esperança no anunciado especial solo do anti-herói. Ainda assim, a volta de Page e Castle soa como um presente bem embrulhado para tentar apagar os erros narrativos acumulados até aqui.
Entre esses erros, destaca-se o forçado flashback que explica a obsessão de Vanessa Fisk em eliminar Foggy Nelson, além da ausência de justificativas plausíveis para Wilson Fisk não ter sido preso após os eventos da terceira temporada da série original. A introdução apressada da Força Tarefa Anti-Vigilantes, que segue sem o devido desenvolvimento, e o restabelecimento de Fisk como Rei do Crime com a prefeitura como fachada, são outros pontos que comprometem a coerência da história.
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Outro recurso questionável do roteiro é o blecaute em Nova York, inserido de forma artificial apenas para justificar a imposição da lei marcial por Fisk. O mais estranho, porém, é que essa ação visa facilitar o assassinato de Murdock, um personagem que Fisk sabe ser cego, mas com habilidades que o tornam ainda mais eficaz em ambientes caóticos. A suposta vantagem para os vilões acaba se voltando contra eles, favorecendo a vítima.
Apesar disso, a sequência do atentado ao apartamento de Murdock é um dos pontos altos do episódio. Ela oferece uma excelente reintrodução ao Justiceiro, além de sinalizar que a Marvel Television talvez esteja disposta a tratar o personagem com a densidade e violência que ele merece. Essa cena também evita que o Demolidor, já ferido, enfrente tudo sozinho, o que ajudaria a preservar um mínimo de verossimilhança dentro da proposta do seriado.

A breve aparição de Karen Page é mais impactante do que todas as participações coadjuvantes reunidas da temporada. Seu retorno evidencia a fragilidade narrativa da série e ressalta como nenhum outro personagem conseguiu atingir sua relevância emocional. Frank Castle, por sua vez, rouba todas as cenas em que aparece, seja ao lado de Murdock ou enfrentando a Força Tarefa em Red Hook com uma fúria quase suicida.
Fica a sensação de que havia uma história mais coesa a ser contada entre o primeiro episódio e esta reta final, mas os roteiros optaram por atalhos e elipses que enfraqueceram o impacto. Um exemplo gritante disso é a revelação forçada sobre o que Foggy havia descoberto sobre a região portuária, algo que ele, inacreditavelmente, não compartilhou com ninguém e que ninguém mais percebeu, mesmo vivendo em uma era hiperconectada.
Um final desequilibrado, mas promissor

O desfecho do episódio deixa sentimentos ambíguos. Por um lado, é decepcionante ver o Demolidor terminar em ruínas, reunindo aliados irrelevantes em um bar destruído para preparar uma nova resistência. Por outro, há promessas de melhorias futuras, especialmente se o produtor Dario Scardapane tiver mais liberdade criativa, orçamento e ousadia na segunda temporada.
Já os Fisk encerram o episódio com uma cena poderosa e simbólica. O brinde diante do quadro branco manchado de sangue, símbolo de seu encontro e da derrota anterior para o Demolidor, representa não apenas a reconstrução de seu império criminoso, mas também seu desejo ardente de vingança.
“Direto para o Inferno” é, sem dúvida, o episódio que mais se aproxima de um acerto dentro da temporada, se ele indica um futuro mais promissor para Demolidor: Renascido, ainda é cedo para afirmar. Diferente de Murdock, que luta porque precisa, o público só acreditará vendo.

Considerações finais
O amante de Vanessa, Adam, já demonstrava pouca inteligência, mas nada se compara à estupidez de Anthony Petruccio na cena pós-créditos que prepara o especial do Justiceiro.
Alguém mais teve a impressão de ver Poindexter cabisbaixo na montagem final? Seria esse um indício de um possível arco de redenção para o Mercenário?
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