Canções, revelações e um episódio interessante
O episódio “O Festival Interestelar da Canção” marca um dos momentos mais marcantes e emocionantes da atual temporada de Doctor Who. Dirigido por Ben A. Williams e escrito por Juno Dawson, o capítulo surpreende ao transformar uma aparente homenagem divertida ao Eurovision em uma trama intensa sobre diplomacia cultural, vingança política e terrorismo musical. A narrativa se desdobra de forma engenhosa e revela um dos grandes mistérios da temporada, ao mesmo tempo que planta novas pistas para os desfechos que se aproximam.
A premissa inicial é leve e simpática, o Doutor e Belinda chegam a um festival musical intergaláctico, parte de uma triangulação para retornarem ao dia 24 de maio de 2025. Contudo, rapidamente o episódio assume tons mais sombrios. Ao revelar que a competição é financiada por uma corporação genocida, e que duas vítimas de suas ações tramam uma vingança brutal. A direção se destaca ao alternar entre o espetáculo musical e os bastidores tensos, focando nos momentos mais dramáticos com precisão narrativa.

Ncuti Gatwa entrega uma de suas performances mais intensas como o 15º Doutor. Em um dos momentos mais marcantes, vemos o personagem mergulhar na raiva ao acreditar que Belinda está morta. Chegando ao ponto de torturar o antagonista envolvido no plano de vingança corporativa. A atuação transmite uma profundidade emocional que levanta questionamentos sobre a verdadeira natureza desta nova encarnação do Doutor.
Outro ponto alto do episódio é a revelação de que a Sra. Flood é, na verdade, uma nova encarnação da vilã Rani, desta vez interpretada por Archie Panjabi, em contraste com a versão anterior de Anita Dobson. A revelação não apenas resgata uma figura clássica da mitologia da série. Como também reforça a ideia de que esta realidade apresenta variações desconcertantes, como a troca da palavra “gravidade” por “mavidade” e o conceito de bi-regeneração entre os Time Lords.
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O roteiro de Russell T Davies acerta ao expandir esse conceito, ao mostrar que a bi-regeneração não é exclusiva do Doutor. Abre-se espaço para refletir sobre os limites dessa realidade fragmentada, marcada por quebras de quarta parede e batalhas cósmicas contra entidades divinas. Além disso, o comportamento da nova Rani, subserviente à sua contraparte mais cruel, sugere uma complexidade maior no funcionamento das regenerações alternativas.
A participação especial de Susan, neta do Doutor, adiciona uma dimensão canônica importante. Sua aparição reforça o elo entre o passado e o presente da série, contribuindo para a construção de uma continuidade narrativa, mesmo em meio à nova estética e abordagem criativa da atual fase. Assim como a Doutora Fugitiva, Susan surge como uma peça-chave para os mistérios que ainda cercam o 15º Doutor e seu papel dentro deste universo instável.

À medida que Belinda encara a iminente destruição da Terra, o episódio reflete o melhor que Doctor Who tem a oferecer, transformar conceitos fantásticos em metáforas profundas e relevantes. Mesmo com um desfecho relativamente simples para o conflito principal, o texto mantém a força emocional e temática. Instigando o público com novas perguntas e preparando o terreno para um clímax eletrizante.
O “Festival Interestelar da Canção” é, sem dúvida, um dos episódios mais ambiciosos da temporada, equilibrando espetáculo, crítica social e desenvolvimento de personagens com uma habilidade exemplar. A ansiedade pelo que vem a seguir é inevitável.
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