Em um mundo onde conquistar corações pode ser tão desafiador quanto enfrentar criaturas assustadoras, Eternights se apresenta como uma combinação intrigante de hack and slash e simulador de relacionamentos.
Desenvolvido pelo Studio Sai e com a sua recente chegada no Nintendo Switch foi a oportunidade perfeita para testá-lo. Entre encontros e combates, a questão que fica é: vale a pena? Vamos explorar essa aventura e descobrir o que Eternights tem a oferecer!
Um filme de terror adolescente com romance e batalhas com espadas
A premissa de Eternights é direta: um jovem, inicialmente focado em sua vida de solteiro e na busca por amor através de um aplicativo de encontros e conta com a ajuda de seu melhor amigo, Chani, ambos com personalidades questionáveis.
Sua rotina muda drasticamente quando as pessoas se transformam em monstros e começam a atacar a cidade. Durante essa luta pela sobrevivência, o protagonista perde o braço direito, mas ganha um novo membro que pode se transformar em uma espada e em outras formas que ele desejar.
Agora, ele não apenas enfrenta criaturas aterrorizantes em dungeons, mas também deve formar laços com seus companheiros — Chani, Yuna, Min, Sia e Yohan — cada um trazendo suas próprias histórias e desafios emocionais. As interações sociais são tão importantes quanto os combates, influenciando as habilidades do protagonista e o desenrolar da narrativa. Além disso, quatro desses companheiros podem se tornar interesses românticos.
O jogo mescla combates e exploração com elementos de romance, incentivando o jogador a investir nas relações com os aliados para desbloquear habilidades e avançar na história, embora o romance não seja uma exigência, ele é uma das formas de se aproveitar o jogo em seu máximo, ainda mais considerando que existem ilustrações para momentos especifícos, muito bonitas por sinal.
A história do jogo não é complicada, mas parece carecer de elementos que a tornariam mais envolvente. Há coisas que pacerem não terem sido completamente exploradas ou reveladas, o que me leva a questionar se haverá uma continuação ou algo que complemente a narrativa. Porém algo que ajuda no entedimento, com certeza, é o fato do jogo está localizado para PT-BR, o que é algo ótimo, apensar de deslizes em alguns momentos e termos, a tradução está boa.
Diálogos e interações com personagens
Os personagens de Eternights são, sem dúvida, o ponto alto da narrativa. A construção deles é um dos aspectos que mais achei interessante e até bem desenvolvidos no jogo. A abordagem de um elenco menor permite que cada figura receba a atenção que merece. Isso resulta em diálogos mais engraçados e interações divertidas, proporcionando uma conexão mais forte com o jogador.
A dublagem, que é muito boa, e possui 3 versões sendo elas em japonês, coreano e em inglês, eleva ainda mais essa experiência, dando vida às personalidades e nuances de cada personagem. As vozes ajudam a transmitir emoções e tornam as situações cômicas ou dramáticas ainda mais impactantes.
Entre os personagens temos Chani, o melhor amigo do protagonista, que traz humor e apoio nas interações sociais. Yuna, uma carismática pop star e curandeira, lida com o drama de tentar ajudar sua amiga Jisoo. Min é uma personagem tímida que luta contra suas inseguranças, enquanto Sia, a cientista do grupo, está sempre em busca de conhecimento.
Por fim, Yohan carrega um peso de culpa do passado, mas revela um lado mais leve e peculiar à medida que seu vínculo com o protagonista se fortalece. É importante ressaltar que é possível desenvolver um romance com Yohan, um personagem do mesmo gênero que o protagonista, o que representa um grande avanço para jogos desse nicho.
No final, você acaba se envolvendo com esses personagens, das quais conhece um pouco mais, e sente vontade de ter mais momentos com eles.
Momentos engraçados ou constrangedores
Além disso, as opções de resposta durante as interações frequentemente adicionam um toque de humor, criando momentos engraçados que aliviam a tensão da narrativa. Essas escolhas não apenas impactam os relacionamentos, mas também geram situações divertidas que enriquecem o enredo. A forma são as conversas realmente te faz lembrar de adolecentes que possuem acesso a internet, o que não acho que seja algo ruim nesse caso.
A duração do jogo permite que os jogadores explorem essas interações sem se sentirem sobrecarregados, aproveitando cada conversa e o desenvolvimento de amizades ou romances. Em um cenário onde muitos jogos do gênero, falham em oferecer profundidade aos personagens, ainda mais em alguns date sims, Eternights se destaca ao proporcionar momentos memoráveis e cativantes que permanecem com o jogador, mesmo com tão pouco tempo para isso, já que é possível terminar o jogo em aproximadamente 12 horas no modo normal.
Por fim, em alguns momentos e situações, é possível perceber claramente as inspirações de animes, especialmente de animes ecchi, com referências de cunho sexual. Embora nada seja alarmante ou excessivamente desconfortável, porém se você não aprecia esse tipo de conteúdo, pode se sentir incomodado em algumas cenas.
Aspectos que precisam de um polimento
Apesar de Eternights apresentar uma proposta interessante, a jogabilidade tem algumas limitações que podem impactar a experiência geral. O sistema de combate, embora divertido, tende a se tornar repetitivo com o tempo. As batalhas contra inimigos humanoides, que se repetem em cenários pouco inspiradores, podem criar uma sensação de monotonia, especialmente pela falta de variedade nos adversários.
Os jogadores frequentemente exploram ambientes que, falta mais diversidade e inspiração. A mecânica de destruir barreiras e lidar com elementos para causar dano adiciona uma camada de estratégia e entretem, mas não impede que as mecânicas de combate se sintam limitadas. Algumas dungeons apresentem puzzles simples e são eles que ajudam a quebrar a repetitividade. O fato de serem dungeon curtas, ajuda a impedir que se tornem ainda mais cansativas. Outro detalhe imporante é que devido a falta de uma mapa, é facíl se perder e rodar em círculos, o que pode ser um pouco frustrante.
Além disso, os gráficos de Eternights não são seu ponto forte. Os personagens são bem modelados e suas animações faciais expressam emoções de forma convincente, mas os cenários carecem de detalhes e podem parecer genéricos em vários momentos. Alguns momentos a performance também, pelo menos no Switch não colaborou muito. As texturas não impressionam e a repetição visual dos ambientes cansa, mas na minha opinião, não é o que realmente importa no jogo.
Alguns locais e momentos, como a sequência de moto (haja paciência) e o início das lutas contra bosses, precisam de um refinamento. As transições entre esses eventos muitas vezes acontecem de forma súbita. Isso faz com que a narrativa perca um pouco de impacto em certas partes. Curiosamente, essa sensação não se reflete nas interações com os personagens, onde o ritmo é mais lento e envolvente, de certa forma.
Reflexões finais sobre Eternights
Confesso que, ao iniciar minha jornada em Eternights, não tinha grandes expectativas, mas acabei surpreendida com o desenrolar do jogo. Particularmente, adoro títulos que incorporam mecânicas de relacionamentos, especialmente entre os membros da party, e nesse aspecto ele faz muito bem. É fácil lembrar de títulos como Persona, por exemplo, que o jogo tem claramente como inspiração, porém ele ainda tem sua própria personalidade.
Por não ser um RPG longo, como muitos no gênero, contribui para uma experiência mais fluida; as falhas que surgem não se prolongam, evitando muitas frustrações e permitindo que o jogador aproveite a narrativa sem se desgastar com problemas que poderiam ser melhorados.
Embora o combate possa se revelar um tanto repetitivo em alguns momentos, ainda assim oferece uma experiência satisfatória e quando você masteriza fica bem dinâmico. Os gráficos não são o seu forte e, no início, podem parecer limitados. No entanto, conforme avancei, fui me acostumando e aceitando melhor as limitações visuais, que se compensam com uma atmosfera legal e personagens bem expressivos.
O verdadeiro charme de Eternights reside na construção dos personagens e nas interações que se desenrolam ao longo da história. Mesmo que muitos dos personagens se encaixem em clichês e tropes típicos de animes, eles conseguem proporcionar momentos divertidos e tocantes que muitos jogos, com mais recursos, não conseguem.
Além disso, a dublagem é um ponto muito alto que contribui para a imersão e a experiência geral. Os diálogos, em sua maioria bem construídos e divertidos, ajudam a solidificar essa conexão e entender as nuances de cada um, até mesmo do próprio protagonista que se mostra, ter uma personalidade própria evidente.
E aí, vale ou não a pena?
No final das contas, Eternights é uma jornada divertida que equilibra ação e romance de maneira satisfatória. É importante lembrar, no entanto, que se trata de um jogo indie e que há bastante espaço para melhorias. Acredito que o jogo precisa de uma “lapidada” em vários aspectos, mas possui um grande potencial.
Eu saí satisfeita dessa curta aventura e estou curiosa para saber se o Studio Sai irá explorar esse universo de alguma forma em seus futuros projetos, pois acredito que há espaço para histórias ainda mais envolventes. Portanto, recomendo a todos que gostam de RPGs e simuladores de romance que dêem uma chance a este jogo, pois é possível se surpreender.
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